Penso que em relação tríade “psicanálise, marxismo e filosofia política” venham a construírem paralelos, para uma interpretação polivalente e interdisciplinar do homem moderno, e que deixam o pensamento zizekiano à margem para novos dígrafos de questionamentos acerca do fator humano, de como o indivíduo se comporta perante a esfera pública.
Vejamos que dentro de concepções psicanalíticas lacanianas a um retorno socrático para um sentido “em como aprender” e também do que aprender e como se aprende.
Isso deixa caminhos para um diâmetro teórico que o “sujeito” é construído de acordo com seus traços adquiridos em seu habitat sociopolítico, se relacionando com seus semelhantes e com “a natureza em geral”.
Essa denominação da natureza “em geral”, “ouso citar um princípio vygotskiano” “em que a mente se constrói com atrativos para um batistério intelectual em tentar controlar as vontades (prazer) e nisso elevar a condição humana para uma violência intelectual em se aceitar dependente, dentro os desígnios das leis naturais”.
Seria como um alfamar e se preconizar, um fator mental, “não sendo” comandante do homo-sapiens das ações a serem aspergidas como um diferencial ente a subjetividade e animalidade intelectual.
A psicanálise se entrevem, para buscar respostas para o que há além do princípio do prazer, e se esse prazer pode vim a ser construído como uma condução em demarcar as ações humanas, e a determinar sua história, sendo movida a um controle de seus desejos mas terríveis e implacáveis.
Ou bem seja:
A arte e aquilo que chamamos de vazio, na verdade se configura como um significante em condenar obras aos quais, nossa inteligência não consegue se distanciar do senso-comum.
Ninguém vai admirar um quadro de Mona Lisa igual em seu coeficiente de inteligência, todavia dentro de seu espaço mental atemporal, sem subverter o “belo” como uma dialética de informações, contendo o abrupto sentido em se enxergar as mesmas bases de dados sempre, sem ter um diferencial acerca de um prazer que possa se torna algo teleológico.
Dentro dessa comparação, o “sexo” não está somente a conter celeumas de está agastado unicamente a satisfação das vontades individuais, bem como a reprodução.
Ele (o sexo) é no próprio sentido, a origem de toda a raça humana, e também promove um “amor” que não possua os percalços, de vim a cair no ostracismo de uma massificação e que não se desconstrua, gerando o vazio, de estar incrementado em esteios morais que vão divagando além do tempo histórico presente, como uma forma a controlar a geração de novos cunhos de criatividades lúdicas.
De certa forma esse tipo de pensamento Zizekiano, me lembra, muito as projeções de Hannah Arendt quando penso, “em buscar teorias que expliquem o homem contemporâneo e que não fique somente “ele” projetado ao fardo da sua existência sem um objetivo para seus comportamentos frente a política de viver em sociedade”.
Freud procurou projetar uma sociedade que estivesse aquém do prazer, e também a não idolatria funesta de falsos heróis que pudessem levar a um distanciamento da subjetividade, como papel para a formação lúdica do “ser”.
Esse “ser” cada vez mais se assemelha a uma colcha de retalhos de identidade pessoal e intelectual, pois dentro dos meios estatais burocráticos, vemos que as condutas humanas são fabricadas em série como um conjunto a atenuantes comportamentais, de um imitar o outro.
Ou seja, um prazer mórbido de se enxergar um inconsciente coletivo, ao quais as pessoas não sabem ao certo o que são, e também para onde vão.
Zizek deixa uma bela amostra disso “elucidando, características, marxistas, psicanalíticas e da filosofia política”, em torno de pilares de uma psicologia dialética, que venha embasar, como a sociedade e o indivíduo se entrelaçam ao redor de concepções arbitrárias em se diferenciar um indivíduo do outro, mas que mesmo dentro dessas diferenças, “o querer ser diferente” deixa máculas para uma destruição em empreender novos cumes idealísticos que possam unir um mesmo escopo de alternativas para uma “ludicidade”, que digamos seja atemporal, e organize estereótipos filosóficos que não fiquem unicamente na teoria, e sim promova ações “práxis”, na alteração de compromissos éticos em busca de uma ontologia do bem.
Vejo também que em torno do marxismo zizekiano, a questão em se falar da superestrutura encabeçando aparelhos ideológicos idiotizantes, também tem um sentido althusseriano de formação da repressão de um propedêutico individualista, que não esteja alinhado (alienado) com algum de macropoder.
Trazendo esse ponto para nossa realidade, vejo que dentro da atual conjectura política e social brasileira, um apelo exasperado para o corpo e suas variantes, a uma sujeição pornográfica da formação sexual e da sexualidade, que leva a efeitos freudianos de uma cultura de massa organizados, a supressão de planteis, de uma nova forma de melindrar atitudes questionadoras a ordem vigente.
Vejamos que boa parcela do novo “establishment” do poderio ideológico da juventude, não presume e tão pouco adere a uma valorização do ensino escolar de qualidade, como forma para a lapidação intelectual para sublevar misérias que existam dentro os mais amplos graus de multiculturalismo.
O “nó borromeano” esgarçado na não participação política das pessoas e um afastamento constante do Estado, no tangente a realidade da maioria das pessoas, ou seja, a “política pão e circo” revigorada através da coisificação que boa parcela da cultura de massa, faz, na maioria das pessoas.
O vazio existencial, levado a cabo como um andrajo, de distorção de um coeficiente de inteligência, ceifado por atrocidades de lógicas científicas, que limitam a hegemonia a um fluxo constante de ideias, havendo um louvor de “krisis” às avessas.
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A bestialização humana através do sexo, se afirmando diante o “homo ludens”, para um complexo firmamento destruidor da criticidade, que segundo as palavras de Sergio Paulo Rouanet conduz ao maravilhoso diacronismo maléfico dos princípios iluministas.
Penso que Zizek seja um pensador que alerta, para a carência em se contrapor as raízes de máculas do totalitarismo na modernidade, e que venha a se distanciar dos adventos Iluministas, sobrepujando um lado metafísico que combata escatologias de um ambiente sociobiológico hostil, para a promulgação de mentalidades cíclicas.
Em suma “o nó borromeano”, penso está mais presente do que nunca em torno de nossas vidas, seja sendo como um anunciador crítico de suas mazelas ou sendo escravo de suas artimanhas de destruição de humanismos empíricos que pautem a aceitação do homem pelo próprio homem.
Por CLAYTON ZOCARATO