Pai…
Saudade
Tem o seu cheiro
Um cheiro de mato
Que me lembra a vida no campo
E do meu tempo de criança
Saudade tem a sua voz
Que dizia “filha cuidado”
Deus te abençoe e eu saía em paz
Saudade tem o barulho do seu caminhar
Do arrastar do chinelo
E minha mãe dizia Oscar, levanta os pés!
E lá ia ele arrastando os pés de propósito,
mais e mais, numa brincadeira que faz falta
Saudade tem a verdade dos seus sermões
Que me lembrava muito sabiamente
“Dizes-me com quem tu andas que direis quem tu és.”
Cresci ouvindo isso, ele era vigilante, e eu precisei ser também
Saudade, tem barulho de futebol nas tardes de domingo
Que ao seu lado ouvia todos os jogos através do rádio
e eu ficava ali quieta ouvindo tudo, apenas para ficar perto
Saudade, tem o aconchego do abraço
que me envolvia sempre que precisei
um abraço que não esqueço
E que ainda posso sentir
Saudade, tem a sua face
Saudade tem seu olhar
Saudade tem seu cheiro
Saudade tem seu jeito
Saudade tem seu coração
Que ainda bate em mim
Ainda e sempre, pai…
Por EDNA LESSA
Tauá – Ceará, Brasil