Sempre que olho para o céu,
Bayuma, penso naquela noite,
no quintal da tua casa,
no topo da colina.
Fizemos amor, como se
estivéssemos em outro mundo,
na frente de todos e de ninguém,
sob um céu de cristal,
protegidos apenas por telas de palha
e pelo sono da família.
A lua cheia dos trópicos
inundou a noite estrelada,
em uma cidade devastada
por confrontos fratricidas.
As explosões inundavam a cidade,
como fogos de artifício duma festa.
Seu peso no meu corpo, um desejo de paixão,
deusa negra de um amor
vivido no meio de uma noite.
Sinto falta da sua presença, sinto falta dos dias
da minha vida passada na África.
A mesma lua, as mesmas estrelas
me observam esta noite, do meu céu
e sugerem que elas estão
olhando para você também,
do mesmo céu.
Uma esperança secreta me diz que ali,
além do trópico, você ainda me espera
atrás de uma persiana de sândalo,
no aroma intenso do incenso.
Você vai me cumprimentar
como se eu tivesse acabado
de ir ao mercado,
poucos minutos antes.
Como um membro da família,
cujo ritmo você conhece,
o cheiro, a forma dos ombros quando vai
e o som do passo em seu retorno.
Por ALBERTO ARECCHI
Pavia – Lombardia, Brasil