Minha vó dizia que o amigo é o nosso bem mais precioso, e no dia em que ela faleceu, eu conheci o Diego. Não me lembro muito bem como foi, mas não consigo mais imaginar a minha vida sem ele. Somos a dupla perfeita: bonitos, ricos e populares, os caras mais desejados do bairro e da escola. Para a felicidade das outras pessoas, vivemos muito no nosso mundo.
Entretanto, meu amigo está estranho ultimamente, anda meio avoado. Ele costumava ser o melhor aluno, mas hoje em dia só tira notas péssimas. Sua família o levou ao médico, e o diagnóstico foi esquizofrenia. No meu quarto, nos encaramos; seu olhar é distante e perdido. Ele está comendo mal, pois fiz ele comer duas pizzas inteiras comigo.
__Você sabe que para fazer efeito, você tem que tomar isso. – me refiro ao remédio passado pelo psiquiatra, em sua mão.
__Eu não vou tomar isso, vai fazer mais mal do que bem. – ele responde.
__Para de ser fresco, me dá essa porcaria. – no impulso, eu retiro o comprimido de sua mão e o engulo em seco. Nos encaramos, achei que nada aconteceria, mas minha cabeça gira e, por instinto, fecho os olhos, tropeçando para trás. Meio zonzo, abro meus olhos, e meu amigo não está mais ali; minha barriga começa a roncar.
Por JAQUELYNE SILVA MUCUTA