Um dia, vi a beleza de um país rodeado por montanhas, parecia que nada imperfeito existia. Só esperanças com o verde deslumbrante das árvores, que brilhavam ao longe, feito, diamantes.
Durante a viagem, agradecia aos deuses e as deusas, por tanto encanto. Uma visão de cura, dos males de nossa existência, um pranto de amor e emoção, chovendo lágrimas, pelo meu rosto, que no silêncio sentia que tudo poderia não ser mais o meu momento.
Sonhei tanto… por esse recorte de um dia, eternizei aquela declaração de amor, o som do rádio no carro tocando, a nossa música preferida e cheia de anotações, a viagem prosseguia, mas o gosto da poesia se afastava, e a magia das montanhas era uma mistura de fantasia e realidade, que meus olhos passavam a guardar.
Estávamos um ao lado do outro, nos pertencendo naquele momento; livres escutando o som do vento, que sem cerimônia entrava no carro e nos enfeitiçava, soprando segredos a serem revelados, nos nossos ouvidos.
Tantas belas provocações, eu só agradecia, ao lado de uma companhia amante, serena, mas com vontade de dizer suas verdades. Armada, eu buscava o colo das minhas conformidades, um aperto no peito, gritos que somente eu os escutava, sentia as profundezas do amor se afastando, e tudo começaria a ser uma tênue marca de um tempo.
– E lá estavam elas: as montanhas tão profundamente espetaculares.
De olhos fechados, escutava a melodia de nossas almas, um frio chegando, e tudo revirando com a forte revelação de que eu não mais seria o amor escolhido, e ali paralisada no banco do carona, no carro, algemava meus sentimentos.
– Ah, quanta dor e desilusão, medo e solidão, tudo ficou caótico, dor, medo e desilusão, o amor ia ficando nas montanhas que soltavam sons arrepiadores.
Ele não mais me queria, e eu perguntava…
– Onde está o amor que me levou ao infinito? Que me manteve confortavelmente abraçada.
Agora estou nua de poesia, naufragando, fiquei à deriva, horas cruas, não tinha mais aqueles olhos verdes, como a natureza forte e bela, fascinantes das montanhas. Fui tão significados de amores, meu corpo foi sussurros e felicidades.
O coração e o corpo, me controlavam e as montanhas de mim se distanciavam. Ficaram as lembranças agonizantes e o infinito sem limites.
A traição confessada do amante; levou o meu amor, para o vento brando das montanhas. Só me restava para o hotel regressar e lá tomar um chá, para acalmar, o vazio do céu de meu coração, que afastaram os voos dos pássaros de sol.
Eu fui… ao coração das montanhas e lá deixei minhas partidas.
Por STELLA GASPAR