CRÔNICAS – Af-rui-ka por Katito Kamwenho

CRÔNICAS – Af-rui-ka por Katito Kamwenho

Af-rui-ka é o berço da humanidade, antes mas depois dominada pelo neoimperialismo. Na real, o cego pisca, só que finge não ver; o surdo escuta, mas finge não ouvir ela, que, na estranheza, é uma pobreza invejada pela riqueza. Por outro lado, subentende-se, porém, que, a etiqueta incutida parece não fazer efeito, mas não adianta explicar o concreto, porquanto a poesia é sentida e nua nesta injustiça inexplicável.

África, que é o terceiro continente mais extenso, é o dobro energético-climático-trópico da negritude beleza-certeza-boniteza; é o paraíso do útero que espelha rumores do nascimento da espécie humana, onde foram encontrados os primeiros fósseis, disseminados pela caverna; é o território terrestre que possui o ponto mais alto de Kilimanjaro. Não obstante, desenhada de grande diversidade étnica, cultural, social e política.

Áfrika fala um vasto número de línguas distintas, pratica diferentes religiões, coabita em um milheiro de tipos de habitações e, apesar das makas de uma expectativa de vida anã, subnutrição e analfabetismo, há uma gigantesca inteligência como a de um golfinho, que se relaciona em um amplo leque de actividade económica e brilha volumosa com sua cultura: a arte, a música, a dança, a culinária e a vestimenta.

Agora, vejamos, se Af-rui-ka é um dos continentes mais miseráveis do cosmos, por que pelo qual os países mais desenvolvidos doutras esquinas, de vida razoável e ou de qualidade, buscam suas riquezas nela, uma vez que também é subentendida como mero bolso de subdesenvolvimento? A brincadeira de mal gosto é o retrato do egoísmo. Pecaminoso é preconceber e bisbilhotar a carteira do outro sem o seu consentimento.

O nativo africano ontem lutava contra o colonialismo, e hoje ainda encara o racismo. Onde o europeu, de rótulo mandioca, que até casca castanha expulsa, sob a rejeição do coitado carvão. Mas, uma zebra sensitiva e de sã consciência como Af-rui-ka, jamais revoltar-se-á com o tom da pele humana, ela apenas unifica as raças, as semelhanças e diferenças culturais. Quer dizer, o momento oportuno é o paradoxo da ignorância, exploram bastante o neuro afrikano e, de seguida, somem do mapa com a luxúria alheia. Já chega. Af-rui-ka não é marioneta. Áfrika é terra solidária, e não capitalista com milionários a encenarem gimolas.

Por KATITO KAMWENHO

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