HISTÓRIA DAS ARTES – Origem do Natal

HISTÓRIA DAS ARTES – Origem do Natal

“O Natal começou no coração de Deus. Só está completo quando alcançar o coração do home.”

(Autor Desconhecido)

 

Que alegria estar com vocês em mais uma edição! E no Natal, uma época que vai muito além da compra de presentes para amigos e familiares. Momento em que refletimos muito mais sobre valores e sentimentos como solidariedade e empatia. Demonstramos ainda mais: união, solidariedade e amor ao próximo. Pois o Natal é mais que uma festa; é um convite à gratidão. É um tempo para expressarmos nosso apreço pela companhia daqueles que amamos e pela jornada que compartilhamos ao longo do ano. Agradecemos pela saúde, pela amizade e pelo amor que nos envolvem.

No Ano Litúrgico da igreja católica, temos o Advento, tempo de preparação para o Natal. As quatro semanas que antecedem o nascimento de Jesus são oportunidades para aprofundar reflexões, renovar esperanças e abrir o coração para acolher o Salvador; precisamos viver esse tempo, e que ele permaneça em nós.

“O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lucas 2.10–11)

Imagem de ErikaWittlieb por Pixabay

 

Origem do Natal

Conforme a maioria dos historiadores, a festa era originalmente destinada a celebrar o nascimento anual do deus Sol no solstício de inverno (natalis invicti Solis). A festividade foi ressignificada pela Igreja Católica no século III para estimular a conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano, passando, então, a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré.

Outros povos da antiguidade também celebravam a data, seja pela chegada do inverno ou pela passagem do tempo. É o caso dos mesopotâmicos, que celebravam o “Zagmuk”, uma festa pagã em que um homem era escolhido para ser sacrificado. Isso porque eles acreditavam que no final do ano, alguns monstros se despertavam. A partir do século IV, e com a consolidação do Cristianismo, a festividade foi oficializada como Natale Domini (Natal do Senhor). Como não se sabe ao certo o dia em que Jesus nasceu, essa foi uma forma de cristianizar as festas pagãs romanas, dando-lhes uma nova simbologia.

Alguns escritores cristãos primitivos relacionaram o renascimento do sol ao nascimento de Jesus. “Ó, quão maravilhosamente agiu Providência que naquele dia em que o sol nasceu… Cristo deveria nascer”, Cipriano de Cartago escreveu. João Crisóstomo também comentou sobre a conexão: “Eles chamam isso de ‘aniversário do invicto’. Quem de fato é tão invencível como Nosso Senhor…?”

O estudioso moderno Steven Hijmans, no entanto, argumenta não haver evidência que essa celebração anteceda a do Natal: “Enquanto o solstício de inverno em torno de 25 de dezembro foi bem estabelecido no calendário imperial romano, não há nenhuma evidência de que uma celebração religiosa do Sol naquele dia antecedia a celebração de Natal e nenhuma que indica que Aureliano teve parte na sua instituição”.

Os primeiros indícios da comemoração de uma festa cristã litúrgica do nascimento de Jesus em 25 de dezembro ocorreram a partir do Cronógrafo de 354. Essa comemoração começou em Roma, e no cristianismo oriental o nascimento de Jesus já era celebrado com a Epifania, em 6 de janeiro. A comemoração em 25 de dezembro foi importada para o oriente mais tarde: em Antioquia por João Crisóstomo, no final do século IV, provavelmente, em 388, e em Alexandria somente no século seguinte. Mesmo no ocidente, a celebração da natividade de Jesus em 6 de janeiro parece ter continuado até depois de 380. No ano 350, o Papa Júlio I levou a efeito uma investigação pormenorizada e proclamou o dia 25 de dezembro como data oficial e o Imperador Justiniano, em 529, declarou-o feriado nacional.

O termo Natal tem origem na palavra do latim “natalis” que, no que lhe concerne, é derivada do verbo nascer (nāscor). A escolha da data foi determinada pelo Papa Julius I (337–352) e, mais tarde, foi declarada feriado nacional pelo Imperador Justiniano, em 529. Deste modo, sem estar associada à sua origem, o Natal passou a ser comemorado em muitos países.

 

Símbolos do Natal

Com o Natal surgem vários sinais representativos dessa comemoração, cada qual com um significado distinto e com origem pagã ou religiosa. Quando falamos no nascimento de Jesus, a representação mais presente é o presépio, afinal, ele retrata o cenário onde o Menino nasceu. Então, de forma conjunta ou isolada, conhecemos os elementos que nele figuram: a sagrada família, composta por Jesus, José e Maria, os três reis magos, o anjo e a estrela.

 

Presépio

“E voltaram os pastores glorificando e louvando a Deus por tudo o que haviam ouvido e visto, como lhes havia sido.” (Lucas 2:20)

O primeiro presépio foi montado por São Francisco de Assis no século XIII, na Itália, com o propósito de recriar a cena do nascimento de Jesus para explicar para o povo como teria acontecido.

Imagem de Myriams-Fotos por Pixabay

 

Com o passar do tempo, a montagem do presépio tornou-se uma tradição forte e passou a ser montado nas casas, nas igrejas e em diversos locais durante o ciclo do Natal. O presépio simboliza a união do divino com o terreno, ao reunir pessoas, animais e a figura de Deus. Ainda no campo religioso, os bonitos anjos usados na decoração do Natal remetem a São Gabriel, o anjo que terá anunciado à Maria que ela seria mãe de Jesus.

Os três reis magos são os magos que foram à procura de Jesus para adorá-lo e levar-lhe presentes. O que figura mais um fator religioso ao lado do costume de dar presentes no Natal, e faz aumentar o furor do comércio nessa altura do ano. As estrelas nos topos das árvores de Natal são justamente o sinal seguido pelos reis magos para encontrar o lugar onde Jesus havia nascido.

 

Árvore de Natal

“Quando Jesus entrou em Jerusalém, o povo decorou as ruas com folhas para celebrar sua vinda” (Mateus 21:8-9)

Imagem de Pixabay

 

A árvore de Natal é um dos símbolos mais emblemáticos da festa. Muito mais que o presépio. A tradição de montá-la, numa proposta religiosa, é mais recente. Foi Martinho Lutero, a principal figura da Reforma Protestante, quem montou a primeira árvore em casa. Antes de Lutero, as pessoas já usavam árvores enfeitadas para comemorar a chegada do inverno. É justamente por isso que não se trata de uma árvore qualquer, mas um pinheiro, por ser símbolo de resistência nos invernos rigorosos. Logo, símbolo de esperança e paz, como Jesus para os cristãos.

 

Papai Noel

Se a árvore é o símbolo mais emblemático, o Papai Noel é a personagem mais importante da festa. A figura do Papai Noel é inspirada em um bispo turco chamado São Nicolau. Ele costumava deixar moedas próximas às chaminés das pessoas mais necessitadas. É por isso que ele representa a generosidade que acaba invadindo os corações na época natalina. Com o tempo, mediante campanhas publicitárias, São Nicolau se tornou popular e deu lugar ao popular Papai Noel que, em vez de moedas, deixa presentes às crianças que se portam bem ao longo do ano.

 

Ceia de Natal

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.”  (João 6:51)

Imagem de Drazen Zigic por iStock

 

De origem Europeia, onde as pessoas costumavam deixar a porta de suas casas abertas para receber viajantes. Simboliza a união e a confraternização das famílias. Assim, na véspera de Natal, os familiares se reúnem à mesa para a tradicional ceia de Natal. Na cultura brasileira é comum ter o peru de Natal, as frutas secas e o panetone.

Cada cultura tem suas crenças, peculiaridades, calendários diferentes, a sua própria religião em relação às festividades natalinas. Ficamos, de certo modo, curiosos em conhecer essas realidades e como isso é vivenciado em seus tempos e culturas. Falaremos de alguns povos e religião e de como viviam as celebrações do natal, a título de contribuição com essa revista. Vamos, então?

 

Islamismo

Em relação à celebração do Natal, países islâmicos como Indonésia, Paquistão, Bangladesh, Turquia, Egito, Nigéria, Líbia e Irã mantêm uma relação de respeito, apesar de a data não ser considerada sagrada para o seu credo.

 

Budismo

Os países que adotam o budismo como religião, caso de vários países da Ásia como China, Coreia do Sul e Japão, não se envolvem com a característica particular do nascimento de Jesus. Eles admiram e respeitam a tradição, mas Jesus Cristo para eles, é considerado um “Bodhisattva”, ou seja, um ser de sabedoria elevada, que segue uma prática espiritual que visa remover obstáculos e beneficiar os demais seres.

Eles celebram a data pendurando decorações natalinas nos seus templos, enviando cartas para as pessoas que amam, mantendo vigílias até de madrugada e, ocasionalmente, ouvem músicas natalinas. A filosofia budista, diferentemente da cristã, não se baseia em qualquer tipo de idolatria ou em monumentos de culto e sim, nos conceitos de autoconhecimento e na lei de causa e efeito. Assim, os budistas ocidentais não comemoram o dia 25 de dezembro com o “cunho” cristão, mas em pensamento espiritual.

A data mais importante para os budistas é chamada Visakha Bucha, quando os adeptos celebram o nascimento, a iluminação e a morte de Buda, seu fundador. Normalmente, comemora-se em maio, num dia de lua cheia conforme o 6º mês lunar.

 

Judaísmo

Os judeus não comemoram o Natal nem o Ano Novo nos “moldes” cristãos — apesar de reconhecerem que Jesus existiu, não há uma relação de divindade com ele.

Para essa cultura, principalmente em Israel, a comemoração de fim de ano é o Hanukah, que significa festa das luzes em hebraico e lembram as vitórias contra a opressão, a discriminação e a perseguição religiosa. A festa consagra a vitória dos judeus contra uma província grega que tentava impor o politeísmo. Em todas as noites do festival, as famílias se reúnem ao redor de um candelabro especial com oito velas chamado menorá. Em cada uma das noites, uma delas é acesa em adição da anterior, até completarem a oitava noite com todas elas acesas. Presentes são trocados nessas noites.

Imagem de Ninel Roshchina por iStock

 

Hinduísmo

O hinduísmo, cultura tradicionalmente presente na Índia, tem como suas principais celebrações Durga Puja, o Dasara, o Ganesh Puja, o Rama Navami, o Krishna Janmashtami, o Diwali, o Holi e o Baishakhi. São festas relacionadas a energias, danças e cantos, que têm apenas um significado: adorar a “energia divina”.

O Diwali é o “festival das luzes” onde se colocam em cada casa e em cada templo, milhares de luzes acesas por toda a noite. O festival de cinco dias comemorado em família é em homenagem à batalha que deu vitória a Krishna sobre o demônio Narakasura, em que a esperança toma conta das cidades e as expectativas de um próximo ano melhor e repleto de felicidade. No Diwali, as pessoas costumam se vestir elegantemente e passar esse dia de descanso com a família. Geralmente, há uma ceia e um momento especial de orações.

Imagem de EyeEm por Freepik

 

Taoísmo

A cultura taoista é predominantemente encontrada na China e faz qualquer celebração no Natal. A religião tem inúmeras datas onde se comemora o nascimento de grandes mestres ou a ascensão deles — também há rituais de exorcismo, alquimia e magia.

O Ano Novo chinês, comemorado segundo o calendário lunar, é um dos períodos mais importantes para a sociedade chinesa, que faz uma pausa no trabalho para festejar com a família. Oficialmente, o feriado possui 3 dias, mas costuma se estender por 7, e as festividades acabam durando até 15 dias.

Durante a celebração do Ano Novo, os chineses praticam muitas tradições que fazem parte da cultura do país. Tudo envolve superstições e pensamentos de positividade para o novo ciclo que se inicia, assim como acontece com as comemorações nas outras partes do mundo. Os chineses também acreditam que, o que é feito nas primeiras horas da virada do ano afeta o restante dele. (Fonte: G1 e DarkSide)

Imagem de Prensalatina por Google

 

Ao final deste artigo, não se aspira esclarecer o tema, por ser amplo e desperta em nós sentimentos diversos, trazendo-nos resquícios de histórias alegres, tristes, lembranças de natais passados que estão guardados nos nossos corações. Não há quem não se lembre de algo (música, mensagem, cena) quando alguém se refere ao natal, festa celebrada em diversos países. Então, deixarei aqui minha mensagem sobre esse momento que, para muitos, é de alegria; outras, tristezas, retornos, encontros e desencontros. Saibamos enxergar o natal não somente como época de troca de presentes, mesas fartas, etc., mas, sobretudo, da presença de Jesus em nós, no meio de nós, reconciliando-nos com Deus e com os irmãos, de forma mais evidente. Mas, para que esse nascimento seja diário, aprendamos a vivenciar diariamente o significado de Jesus nascido e ressuscitado.

Que Jesus nasça no coração de todos nós para sermos sinais de sua presença misericordiosa no mundo, por amor e solidariedade, sobretudo com os mais necessitados. FELIZ NATAL! Que cada um de nós possa ser portador do advento, das boas-novas, da paz, da fé, da esperança e do amor. É advento, Cristo chegará. Ele renascerá! Até breve!

Por BETÂNIA PEREIRA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo