MITOLOGIAS E CRÔNICAS – A Mitologia do Natal

MITOLOGIAS E CRÔNICAS – A Mitologia do Natal

Olá, querido leitor, nesta edição irei falar de uma das datas mais comemoradas e amada por todo o Globo: o NATAL.

Quem nunca, se preparou o ano inteiro só para festejar nessa data. Para alguns é época de reconciliação, perdão e benevolência, para outros o que importa é o tamanho da arvore, os mais belos enfeites e muitos presentes embaixo dela, significando a prosperidade que teve o ano todo.

Porém, como aqui eu gosto de quebrar alguns paradigmas, dessa vez não será diferente e irei trazer um pouco sobre a mitologia por trás do Natal e alguns deuses que ao redor do mundo já foram comemorados na data de 25 de dezembro e porque essa ela foi escolhida para a comemoração desses deuses e outras curiosidades.

Então vamos lá, se aprochegue, pegue sua bebida favorita e boa leitura…

 

A Origem do Natal

A verdadeira história do Natal começa mais ou menos a sete mil anos, antes do cristianismo, era conhecido como festival do “Natalis Solis Invicti” Que significa o Nascimento do Sol Invencível. Essa festa marcava o dia mais curto e a noite mais longa do ano. Em várias religiões o Sol é visto como um deus, já que sem ele não teríamos vida na terra, mesmo não tendo os conhecimentos científicos que temos hoje, as comunidades já entendiam que o sol é um elemento importante para a vida sendo assim, eles o endeusavam.

No dia 25 de dezembro, além do Natal Cristão que celebra o nascimento de Jesus Cristo, existiram comemorações de várias divindades e figuras mitológicas em diferentes culturas e épocas. Este dia, próximo ao solstício de inverno no hemisfério norte, era simbolicamente importante em muitas civilizações, especialmente por representar o renascimento da luz após o dia mais curto do ano.

Pensando nisso, separei alguns deuses que são comemorados nessa data, ou tem alguma relação com o dia 25 de dezembro.

 

Dies Natalis Solis Invicti (O Dia do Nascimento do Sol Invencível)

O Dies Natalis Solis Invicti, era uma celebração romana dedicada ao deus Sol, em sua forma conhecida como Solis Invictos. Essa festa foi instituída pelo imperador Aureliano em 274d.c., quando ele oficializou o culto ao Sol Invencível como religião oficial de Roma.

O festival era comemorado no dia 25 de dezembro, coincidindo com o solstício de inverno. Isso simbolizava o “renascimento do sol”, que, após o período mais escuro do ano, retornava triunfante e começava a trazer dias mais longos e calorosos. O culto ao sol era importante no Império Romano, especialmente porque várias divindades pagãs estava associadas ao sol.

O sol Invencível representava a força indestrutível e eterna do sol, uma metáfora do poder da luz sobre a escuridão. No contexto romano, o sol era considerado o sustentador da vida e um símbolo de renovação.

Imagem de Google por Ensinar História

 

Saturnália

A Saturnália era um dos festivais mais importantes e populares da Roma Antiga, celebrando em homenagem a Saturno, o deus da agricultura, das colheitas e da abundância. Ela ocorria no fim de dezembro e era marcada por festas exuberantes e inversões temporárias das normais sociais.

A festividade era originalmente celebrada no dia 17 de dezembro, mas com o tempo foi estendida até o dia 23 de dezembro, durante o solstício de inverno. Durante as comemorações, os romanos suspendiam o trabalho, e as escolas e tribunais eram fechados. Todos eram convidados a participar das celebrações, inclusive os escravos, que durante o festival eram temporariamente “liberados” de suas funções e, em alguns casos, eram servidos por seus senhores. Isso simbolizava um período de igualdade e inversão das hierarquias sociais.

Imagem representando a Saturnália – Wikimedia Commons por Aventuras na História

 

As ruas eram decoradas, as casas enfeitadas com grinaldas verdes, e havia grandes banquetes públicos e privados.  O espírito do festival era de alegria e licenciosidade. Um costume típico era a troca de presentes, especialmente pequenas figuras de cera ou barro chamadas Sigillaria. Este costume de presentear durante a Saturnália influenciou a tradição cristã de dar presentes no Natal.

Tanto na Saturnália quanto o Dies Natalis Solis Invicti ocorriam perto do Solstício de inverno, que seja era uma época sagrada em muitas culturas pagãs, marcando a tradição do período mais escuro para o retorno da luz. Essas celebrações focavam em temas de renovação, luz e esperança, que se conectam com a narrativa cristã de Jesus como a “luz do mundo” o “salvador” que traria a nova era.

A fusão das tradições religiosas, entre festas pagãs e o cristianismo ajudou a consolidar o Natal como uma celebração mais ampla, atraindo tanto cristãos quanto pagãos convertidos.  

 

Mitra – Mitraísmo

Mitra, uma divindade de origem persa, desempenhou um papel significativo no mundo religioso do Império Romano e tem uma relação interessante com o dia 25 de dezembro através do culto conhecido como mitraísmo. Embora o mitraísmo e o cristianismo tenham existido em paralelo por um tempo, suas tradições e símbolos acabaram se entrelaçando, especialmente, em relação ao nascimento de Mitra e à associação dessa divindade com o Sol Invictus.

Esse deus persa, era um deus da luz, do juramento e da guerra, que surgiu no atual Irã e depois foi adotado pelo Império Romano. Na tradição persa, Mitra estava associado ao zoroastrismo e era venerado como o guardião dos pactos e da verdade, sendo um intermediário entre os deuses e os homens.

A ligação de Mitra e ada de 25 de dezembro tem a ver com a associação e Mitra ao sol, particularmente no contexto de festival romano de Dies Natalis Solis Invicti. Inicialmente, o Sol invencível, era uma divindade distinta, tornou-se um título comum para várias divindades solares, incluindo Mitra. O Imperador Aureliano, em 274 d.C., formalizou o culto do Sol invictus e estabeleceu o dia 25 de dezembro como o festival oficial do “Nascimento do Sol”.

 

Tammuz (Mitologia Suméria e Babilônica)

Tammuz, era uma divindade da mitologia suméria, também pode ser incluído no contexto das celebrações de deuses associados ao ciclo de morte e renascimento, que, simbolicamente, se relacionam com o tema do solstício de inverno e o renascimento da luz, celebrando por muitas culturas em torno de 25 de dezembro. Embora Tammuz não tenha uma associação direta com essa data específica, sua história e os mitos relacionados à sua morte e ressurgimento refletem temas comuns de renovação e fertilidade, que são centrais ao solstício.

Dumuzi, seu nome original sumério, era um deus da fertilidade, da vegetação e dos ciclos sazonais, adorado nas antigas civilizações da Mesopotâmia, especialmente na Suméria, na Babilônia e na Assíria. Sua principal atribuição estava ligada ao ciclo de crescimento e morte da vegetação, representando o impacto das estações do ano na vida terrestre.

Embora Tammuz não seja diretamente ligado ao 25 dezembro, o mito de sua morte e renascimento ecoa ao simbolismo de outros deles solares e agrícolas celebrados nessa época, como Mitra, Osíris (no Egito), e Dionísio (na Grécia). Esses deuses eram figuras que simbolizavam, a vida que morre e renasce, frequentemente associados com a Luz solar e a renovação da natureza. A morte de durante os meses escuros do ano e seu eventual renascimento podem ser interpretados como uma metáfora para o ciclo solar, que atinge o seu ponto mais baixo durante o solstício de inverno, apenas para voltar a acender e trazer o retorno da luz e da vida. Assim, o mito de Tammuz reflete um tema central da maioria das celebrações que ocorrem em tono do 25 de dezembro: O renascimento da luz e da esperança após o período da escuridão.

 

Baal – Mitologia Cananeia e Fenícia

Na mitologia cananeia, Baal era um deus das tempestades, da fertilidade e dos trovões, e era amplamente venerado como o responsável por trazer chuvas que fertilizam a terra. Ele era também uma figura que simboliza a força da natureza e seu poder cíclico. O nome Baal significa “senhor” ou “mestre”, e essa divindade assumiu diferentes formas e significados em várias culturas de Oriente próximo, incluindo os fenícios, que o adoravam como Baal Hammon, o deus das colheitas.

Imagem representando Baal por Worldhistory 

 

O solstício de inverno, que ocorre alguns dias antes de 25 de dezembro, marca o dia mais curto do ano e o momento em que os dias começam a se alongar novamente. Este fenômeno natural está ligado a muitos mitos de renovação, ressurreição e vitória sobre as trevas. Embora não haja evidências de que Baal fosse especificamente celebrado no dia 25 de dezembro seu papel como um deus cíclico, que morre e renasce, ressoa com o simbolismo do solstício de inverno. Apesar de ter uma associação histórica com o Natal, ele compartilha temas mitológicos semelhantes a outras divindades ligadas ao sol e à luz, como Mitra, Solis Invictus e Jesus Cristo. Em todos os casos, o foco está na vitória da vida sobre a morte, da luz sobre a escuridão.  

 

Jesus Cristo – Cristianismo

A celebração do nascimento de Jesus Cristo em 25 de dezembro é uma tradição profundamente enraizada no cristianismo, embora a escolha dessa data não tenha base na Bíblia e a seja resultado de uma confluência de fatores históricos, teológicos e culturais.  Para os cristãos, Jesus Cristo é o filho de deus, o Messias prometido nas escrituras hebraicas. Jesus é visto como o “Salvador” e “Luz do Mundo”, enviado ao mundo para estabelecer um novo pacto entre Deus e o homem.

A bíblia não menciona a data exata do nascimento de Jesus, e os primeiros cristãos não tinham uma tradição clara sobre quando ele teria nascido. O 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial do Natal no Sec. IV d.C., por Jesus também ser um deus solar, e ter ligação com o solstício de inverno no hemisfério norte e uma tentativa de substituir as festividades pagãs, que ocorriam na mesma época, entre os dias 21 e 22 de dezembro, era celebrado por muitas culturas antigas como o retorno da luz e o renascimento do sol após o período mais escuro do ano.

Imagem Doralin Tunas por Pexels

 

A escolha do 25 de dezembro para celebrar o nascimento de Jesus também reflete o desejo da Igreja de cristianizar práticas e festividades já existentes. Muitas tradições de Natal, como a troca de presentes, decoração de arvores e celebrações festivas, têm raízes em costumes pagãos associados ao solstício de inverno e à celebração do ano novo em culturas romanas e germânicas. Ao estabelecer o dia 25 de dezembro como data oficial do Natal, a igreja conseguiu integrar elementos dessas tradições e descontextualizá-los dentro de uma narrativa cristã, fortalecendo a presença do cristianismo em um mundo onde as religiões pagãs ainda eram muito influentes.

 

Tradições natalinas

Assim, como o próprio dia 25 de dezembro, outras tradições pagãs foram incorporadas ao cristianismo, a fim de converter cada vez mais pessoas as práticas cristãs, que foram evoluindo até chegar aos dias de hoje.  Mas leia a seguir as suas verdadeiras origens.

Arvore de Natal: A prática de decorar uma arvore como parte da celebração de inverno tem raízes nas antigas tradições pagãs. Acreditava-se que as árvores sempre-verdes, como pinheiros e abertos, que mantinham suas folhas verdes durante o inverno, tinham propriedades magicas e espirituais. Elas simbolizavam a vida eterna e a resistência ao frio e à morte, servindo como um lembrete de que a primavera e a renovação logo chegariam.

Uma das lendas cristãs mais populares sobre a origem da árvore de Natal envolve São Bonifácio, um missionário cristão; e o deus Thor da mitologia nórdica.  Em missão no norte germânico, Bonifácio encontra um grupo prestes a fazer um sacrifício humano para pedir proteção a Thor, o deus do trovão, como aquela pratica era contra as praticas cristãs e sua missão ali era levar o cristianismo aquele povo, ele interrompe a cerimonia e derruba o carvalho sagrado ( para o povo nórdico e celta, o carvalho era uma arvora sagrada, pois estava conectada com a vida eterna e a aos deuses e como eles não se utilizavam de templos a sombra do carvalho era seus refúgios de devoção aos deuses.) Reza a lenda que em seu lugar nasceu um pinheiro, que é conhecido por resistir ao inverno rigoroso. Bonifácio usou o pinheiro como símbolo da eternidade de Cristo, e a árvore passou a ser vista como um símbolo cristão.

Troca de presentes: A tradição de trocar presentes durante o Natal tem origens complexas e diversas, que remota antes mesmo da chegada do cristianismo, as trocas de presentes faziam parte das celebrações em diversas culturas antigas, especialmente durante o solstício de inverno. A troca de presentes simbolizava boa sorte, prosperidade, e o desejo de dias melhores como a chegada da primavera.

Imagem de Gpointstudio por Freepik

 

Na Escandinávia e nas outras culturas germânicas, o festival de Yule, realizado durante o solstício de inverno, incluía uma troca de presentes como parte dos rituais que celebravam o renascimento do sol e a chegada de dias mais longos. Os presentes trocados durante o Yule eram frequentemente simples e simbólicos, como alimentos e itens artesanais que representavam sorte e borboletas no ano vindouro.

A prática moderna de trocar presentes durante o Natal começou a se formar no século XIX, especialmente na Inglaterra e nos Estados Unidos. Durante a era vitoriana, o Natal passou por uma transformação, tornando-se uma celebração mais centrada na família e nas crianças.

Guirlandas: A tradição de pendurar guirlandas nas portas das casas durante o Natal é uma prática que evoluiu ao longo dos séculos e tem raízes em diversas culturas antigas. Os povos antigos usavam guirlandas como símbolos importantes em seus rituais religiosos e culturais. Esses objetos eram feitos de galhos de pinheiros, azevinhos e louro, por terem mais resistência ao inverno e por acreditarem que tinham poderes místicos. 

Os povos celtas e germânicos penduravam guirlandas para celebrar a persistência da vida em meio ao frio e à escuridão. Os galhos verdes simbolizavam a vitória da vida sobre a morte e a esperança da chegada da primavera. Eles também acreditavam que esses elementos naturais protegiam as casas contra espíritos malignos e más energias durante os dias escuros de inverno.

Imagem de Okfoto por Freepik

Por LADYLENE APARECIDA

 

 

 

 

 

 

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