Em meu corpo-palavra, a escrita é lugar de resistência, uma completa revolução das mulheres que carrego em mim. No meu escrever eu reencontro minha mãe, aquela que vivenciou a labuta da classe baixa juntamente com as dores da violência doméstica. Minha querida mãe que trabalhou sob sol e chuva nos três expedientes para que pudéssemos ter o pão de cada dia. Seu cheiro e cuidado são partes de mim. Sou afetada pela história daquela que me criou e por meio disso estou fazendo e (re) fazendo minha história.
A minha escrita carrega a historicidade da minha carne. Nós mulheres escrevemos pelo viés de luta, pelo direito de existir. É pela escrita que encontro minhas formas de ser no mundo. Deste modo, me pergunto: onde eu me localizo? À margem de que eu escrevo?
Eu falo em nome do Nordeste, da favela, das mulheres. Carrego as gírias, o morro, o arroz com feijão. Minha linguagem carrega tantas outras histórias. Raramente a periferia chega na academia e quando chegamos temos uma dívida: representar aquelas/aqueles que não chegam. Quando uma mulher favelada chega na universidade, a favela ganha voz. Somos aquelas que estamos à margem e quando chegamos no centro, nossa escrita é viés de resistência. Meu apelo é de uma escrita dos becos e das vielas. Por uma escrita popular e insurgente.
Por STEPHANNY SANTOS