Veja só o paradoxo
e me explique a contradição:
o homem é um ser racional
mas escolhe ser vilão,
enquanto na natureza
vemos predominar a pureza
na mais pura perfeição.
O homem acumula riqueza
vivendo em prol da matéria,
pouco importa se um irmão
morrer em plena miséria,
enquanto a natureza
cada mundo é realeza
bicho, planta ou bactéria.
O homem mata e rouba
pra ter o que não merece,
corrompe a própria alma
e ainda se envaidece,
enquanto na natureza
a cada dia temos a certeza
que o equilíbrio prevalece.
Enquanto fazemos guerras
por um palmo de terra a mais,
veja só a diversidade
entre plantas e animais.
É que a tal da natureza
traz enraizada a certeza
que divino é viver em paz.
O bicho abaixa a cabeça
pra gente passar a mão.
Veja só a docilidade
de um gatinho ou de um cão.
É sempre a natureza
mostrando sua grandeza
com toques de afeição.
Vejam só a sinfonia
que fazem os passarinhos,
e o homem derruba as árvores
destruindo seus santos ninhos.
Corrompem a natureza
com maestria e destreza
enjaulando os pequeninos.
Os rios, também os riachos,
são milagres em profusão,
mas o homem inclemente
perpetua a poluição.
Coitada da natureza,
que vai perdendo a pureza
e ganhando a extinção.
Talvez seja apenas um sonho
que o homem, dito ser racional,
tivesse a mansuetude
assim como tem o animal,
e entendesse que na natureza
todos têm sua grandeza
e que todo ser é igual.
Às vezes fico lembrando
do pobrezinho de Assis.
Francisco deu-nos exemplo
de um coração pobre e feliz.
Demonstrou que a natureza
espelha sublime leveza
e que o homem é aprendiz.
Um dia o bicho-homem
de uma vez vai entender
que, olhando os animais,
ele muito vai aprender.
Vai ver que a natureza,
embora tenha rudeza,
é mestra em conviver.
Muita paz!
Por MARCELO PAPARELI