Medo

Medo

Aqui, no escuro em que me faço verso,
eu grito, grito meu poema ao vento,
um quê de vil torpor experimento
e encolho-me no susto e medo imerso.

Doem meus ossos plenos de lamento
e dói-me a carne em rito controverso:
meus brados, no silêncio assaz perverso,
perdem-se na mudez em que me ausento.

Eu quedo em negritude que me assombra,
o céu insiste azul mas vejo sombra,
pela cortina aberta enxergo sangue.

Assisto, num eclipse à luz do dia,
permuta de valores que angustia
e temo que meu verso seja exangue!

Por GEISA ALVES

Resende/RJ

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