POETAS E POETISAS – O amigo da praça por Fernando Aquino

POETAS E POETISAS – O amigo da praça por Fernando Aquino

E lá vem o Seu José
Homem simples, da roça
Mas que desde novo trabalhou na cidade

Naquela quase vila em que morava
Conhecia do prefeito ao padeiro
Conhecia do dono da van que buscava as
crianças na escola
Ao engraxate que trabalhava na rodoviária
Defronte ao seu pequeno escritório
Onde passava as manhãs em meio a papelada
Amontoada em sua mesa

E todo fim de tarde
Lá vinha Seu José
Caminhando em passos calmos
Em caminho à praça central da cidade

E, seguindo seu ritual
Quase que diário,
Desfrutava daquele entardecer.

Ao chegar,
Sentava-se no banco,
E não tardava muito,
Meia multidão se aproximava
Para contar lorota
Com aquele homem
De voz mansa,
Vestido de esporte fino,
Relaxadamente sentado em meio à praça

De pernas cruzadas
E braços estendidos
Em um quase abraço
A todos que dele se aproximavam.

E, naquele momento,
De pleno louvor,
O mundo parava.
[ou quase isso].

Aqueles momentos na praça,
Apesar de curtos no relógio,
Eram, diariamente, eternizados
Em meio a uma conversa boba
No banco da praça.

Não importava quem fosse,
Seja o dono do bar
Seja o servente,
A conversa era sempre leve.

E Seu José,
Ainda que um homem de poucas palavras
Com marcas cravadas da infância no campo,
A todos encantava.

E José já não mais se chamava,
Bastando apenas
Ser aquele velho amigo
Espreguiçado no banco da praça.

Por FERNANDO AQUINO
Recife – PE, Brasil

Pular para o conteúdo