Um barco sem leme num porto inseguro
que teima singrar pelos mares do mal,
castelos de areia e as estátuas de sal
moldadas por mãos de um destino tão duro,
tornando o meu céu um painel mais escuro
de nuvens cinzentas num ódio infernal
e as tumbas tingidas da mais negra cal:
retratam o tempo da grade e do muro.
Adeus caetanos e chicos buarques
e os tantos domingos tão belos nos parques,
resquícios saudosos da nossa cultura,
josés e clarices nos lembram a cara
do preso a clamar no brutal pau de arara:
retrato da mais infernal ditadura.
Por ADILSON COSTA
São Lourenço da Mata – PE