ARTIGOS – Quai Branly, joia escondida em Paris! por Claudionor Ritondale

ARTIGOS – Quai Branly, joia escondida em Paris! por Claudionor Ritondale

Situado às margens do Rio Sena, a poucos metros da Torre Eiffel, o Museu Quai Branly – Jacques Chirac é um dos tesouros culturais mais intrigantes e menos conhecidos de Paris. Fundado em 2006, o museu foi idealizado para abrigar um vasto e diversificado acervo de arte e objetos etnográficos vindos da África, Ásia, Oceania e Américas. Seu foco é promover a compreensão das culturas fora do escopo da tradicional arte ocidental, oferecendo uma imersão nas tradições e na riqueza cultural de povos frequentemente pouco representados em museus europeus.

Localização

O Quai Branly está no endereço 37 Quai Branly, 75007, e é uma parada ideal para quem deseja explorar uma faceta menos conhecida de Paris. No entanto, mesmo estando em uma área central e turística, o Quai Branly é muitas vezes ofuscado pela proximidade de outros pontos turísticos mais conhecidos.

Surpresa logo ao ver o exterior

Ao chegar, já surpreende a impressionante arquitetura do edifício projetado pelo renomado arquiteto Jean Nouvel, ganhador, em 2008, do Prêmio Pritzker, o “Nobel da Arquitetura”. O museu em si é cercado por um jardim exuberante, desenhado pelo paisagista Gilles Clément, com mais de 18 mil plantas de 150 espécies diferentes. O edifício parece “flutuar” sobre a vegetação, com estruturas elevadas por pilotis, criando uma sensação de integração com o ambiente natural. A fachada do museu é adornada com um “muro vegetal” — uma parede verde composta por mais de 15 mil plantas, obra do botânico Patrick Blanc, que dá ao espaço uma atmosfera única e impressionante.

Além do jardim e da fachada, um destaque do design externo são os monumentais paredões de vidro que cercam o museu, não apenas complementando a arquitetura arrojada, mas também desempenhando o importante papel funcional de isolar o som da Quai Branly, uma via muito movimentada, proporcionando uma experiência tranquila para os visitantes. Nos paredões, são exibidas inscrições e avisos sobre exposições temporárias.

O monumento na entrada

Logo na entrada, o museu dá as boas-vindas aos visitantes com o mastro heráldico, de cerca de 12 metros de altura, do chefe Kwarhsu, chamado de Mastro do Urso ou Mastro de Kwarhauh, do povo Nisga’a, de Tsimshiam, Colúmbia Britânica, aldeia de Angidan, noroeste do Canadá, feito em madeira de cedro policromada por volta de 1880. Ele é uma introdução poderosa ao que se verá no interior do museu: um mergulho profundo em culturas que utilizam a arte e os objetos cotidianos para expressar valores, crenças e narrativas que transcendem o tempo.

O Acervo: Arte e Etnografia

O Quai Branly abriga cerca de 370 mil objetos, um dos maiores acervos de arte não ocidental do mundo, dos quais, cerca de 3.500 estão em exposição permanente, enquanto os demais são rotativamente exibidos em exposições temporárias. O acervo inclui esculturas, instrumentos musicais, máscaras, tecidos, joias, armas e objetos rituais de diversas épocas e locais, incluindo o Extremo Oriente, Sudeste Asiático, o Sahel africano e as culturas indígenas das Américas e da Oceania.

A exposição permanente está dividida em quatro grandes áreas temáticas, que representam os continentes de origem das peças: África, Ásia, Oceania e Américas. A iluminação e a ambientação interna são absolutamente impressionantes.  

Espaços e Divisões do Museu

Além das exposições permanentes e temporárias, o Quai Branly oferece uma série de espaços e experiências interativas que enriquecem a visita. Destacam-se:

  1. Galeria Jardinée: espaço encantador que conecta o jardim ao interior do museu, permitindo uma transição suave e orgânica entre o exterior e o mundo das exposições.
  2. Biblioteca: voltada para estudantes, pesquisadores e o público em geral, a biblioteca oferece uma vasta coleção de livros e documentos sobre antropologia, etnologia e arte, com um foco especial em culturas não ocidentais.
  3. Teatro Claude Lévi-Strauss: recebe eventos culturais, como apresentações musicais, debates, conferências e exibições de filmes, frequentemente alinhados com as temáticas exploradas nas exposições.
  4. Espaço Educativo: o museu também se dedica a educar o público, especialmente as crianças e adolescentes, com oficinas e atividades interativas. O objetivo é sensibilizar as novas gerações sobre a importância da diversidade cultural e a riqueza das tradições de diferentes povos.

Exposições Temporárias e Programação Cultural

O Quai Branly também é conhecido por suas exposições temporárias, que exploram temas específicos ou culturas menos conhecidas. Esses eventos são cuidadosamente elaborados, reunindo peças emprestadas de outros museus ou adquiridas temporariamente para criar uma experiência educativa e imersiva. Além disso, o museu promove atividades culturais, como apresentações de música e dança tradicionais, palestras com especialistas e workshops, que permitem ao público interagir de maneira mais próxima com as culturas representadas.

Importância do Quai Branly

A criação do Museu Quai Branly desempenha um papel essencial no reconhecimento e na valorização de povos que, historicamente, foram desconsiderados ou mal representados em instituições culturais ocidentais. Em uma época em que o diálogo intercultural se torna cada vez mais relevante, o Quai Branly é um espaço onde diferentes perspectivas e histórias podem ser vistas e compreendidas em toda sua complexidade e beleza.

A importância do museu também reside no fato de que ele não se limita a expor objetos, mas busca contextualizá-los e contar as histórias e significados por trás de cada um deles. O museu, hoje, é uma referência para antropólogos, etnólogos e artistas, bem como para todos aqueles que buscam uma compreensão mais profunda do mundo em que vivemos, cumprindo um papel essencial ao mostrar que cada peça, por menor que seja, é um reflexo da identidade de um povo e de uma civilização.

Para aqueles que buscam um lado de Paris além dos clichês turísticos, o Quai Branly é uma visita imprescindível.

Website

Em https://www.quaibranly.fr/, você encontrará informações detalhadas sobre as coleções, exposições temporárias, horários de funcionamento e serviços oferecidos pelo museu.

Na loja do Museu, é possível adquirir o monumental livro “Musée du Quai Branly”, editado pelas Éditions de la Martinière em coedição com o próprio Museu, com um resumo das principais obras, um dos catálogos mais lindos de um museu, com suas 450 páginas, uma obra-prima à altura de um museu que também é uma obra-prima.

Por CLAUDIONOR RITONDALE

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