AUTOPOIESE E NARRATIVAS – A Linguagem das Cores no nosso Mundo interior e exterior

AUTOPOIESE E NARRATIVAS – A Linguagem das Cores no nosso Mundo interior e exterior

Esse conteúdo visa trazer a “A Linguagem das Cores no nosso Mundo interior e exterior”. Desejo que vocês adorem essa narrativa escrita por mim, na 24ª Edição da Revista Internacional The Bard. Observamos que as cores trazem sensações especiais como as de um rio com águas cintilantes, o lilás das flores, o cor-de-rosa, o amarelo, e o branco. Destacamos inicialmente o branco com a sua brancura, necessária, pois dele algo se modifica, emitindo sons em nós, ritmados de aquarelas. Sempre o branco é bem-vindo, com suas amplas possibilidades de transformações.

Essa e outras cores, nos leva, a transformações pessoais, na jornada do nosso ser em autoconhecimentos e construções de histórias de vida. Podemos dizer, que as cores são fenômenos, momentos e aspectos surpreendentes do nosso cotidiano. Elas estão sempre nos influenciando consciente ou inconscientemente. Nos vestimos com determinadas cores, mediante nossas sensações emocionais, as comidas nos atraem também pela cor, nossas inspirações poéticas são imaginadas em cenários coloridos em pensamentos, recordações de lugares e momentos.

Você imagina tudo isso, sem cor? Sem as cores como seriam as borboletas? As frutas e a natureza?  As cores nos chegam pelos olhos, pensamentos e emoções e formas de nos expressarmos, seja oralmente ou com escritas, gestos…

Buscamos nesse contexto narrativo e autopoiético, desenvolver o pensar e o sentir, e como colorindo o nosso dia a dia, estaremos próximos a um bem-estar, proveitoso. É muito importante a pesquisa de leituras sobre a psicologia das cores e como é satisfatório percebermos como elas podem estar no âmago de nosso DNA. Esse universo de cores é um processo maravilhosamente mágico.

Ah, penso nos chocolates atraentes com seus recheios coloridos!

Imagem de Hans por Pixabay

 

A Linguagem das Cores no nosso Mundo interior e exterior

 

E o branco?

Ele é como a alegria que vem de dentro da gente, como também representa outros sentimentos, nas nossas diferentes linguagens afetivas. Somos um livro branco com momentos em branco, e suavidades em viagens sentimentais. Você pode fazer de seu dia a dia, um mundo branco, escrito ou imaginado, tudo pode ser melhor interpretado em cada estação do ano.

O branco é perfeição. Ele é puro e imaculado, e dá uma sensação de paz e sossego, de simplicidade e clareza. O branco pode esvaziar uma mente congestionada e proporcionar segurança emocional. (Karen Haller. In O pequeno livro das cores. Como aplicar a psicologia das cores em sua vida. 2022)

O branco deixa de ser branco, inspirador como o invisível, criando formas em nossos caminhos que desenhados por nossos olhos, vamos aprofundando as imagens a partir do branco nascido no nosso pensar e sentir. Pintar o nosso mundo imaginário e real, a cada pincelada uma cor vai surgindo e o branco vai deixando de ser somente uma cor.

As misturas das cores, vão dando uma expressão de preenchimentos e movimentos, que rápida ou lentamente, vão se espalhando como centenas de pássaros com penas coloridas voando, sem planejar pousos, apenas sentindo a vontade de encontrar aconchegantes ninhos.

Imagem de Zohaib khanpor Pexels

 

Entendo o branco como um espaço importante em nossas memórias afetivas, em nossos corpos em movimentos inseparáveis das realidades encontradas, no exterior de nós ou no interior. Podemos perceber que possuímos cores inseparáveis de nossas histórias de vida, seja no inverno ou no verão, sempre existirá um branco como recordação, entre os limites de nossas verdades e criações.

Experimente! Invente! Ouse!

Busque sentimentos de alegrias, vida vibrante e belezas, como o brilho dos diamantes, da prata e do ouro.

Branco, branco

tudo está tranquilo e calmo,

como um verso em branco amoroso e silencioso.

Nascemos e vivemos

Com sentimentos de desapontamentos

Ou com encantamentos.

Colorir o branco

Com cores do mundo

É poder atravessar por momentos

Que podem definir felicidades.

Encontrando a flor

“Bolas de neve perfumadas”.

Stella Gaspar

 

Imagem de Maike und Björn Bröskamp por Pixabay

 

Cada vez que observamos o mar, principalmente no inverno, vem o fluxo da água e as ondas atingindo com suas alturas o ápice. Em sua quebra, ela se torna branca. Uma beleza de instantes, que nos faz lembrar trechos da música ressaltando a metáfora da vida.

 

Como uma onda no mar.

(Compositores: Lulu Santos / Nelson Motta)

Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo

Não adianta fugir
Nem mentir
Para si agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar…

Nada do que foi será
(De novo do jeito que já foi um dia)
(Tudo passa, tudo sempre passará)

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo

Não adianta fugir
Nem mentir
Para si agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar…

Fonte: LyricFind

 

 

Dimitris Vetsikas por Pixabay

 

Cada vez que as ondas quebram, ficam espetaculares e brancas. “Dezenas e milhares de brilhos estavam ali. Dezenas de milhares de giros e voltas, mas nada é eterno”. (Kang Han. In O Livro Branco. São Paulo-SP, 2023).

Tudo se transforma na grande arte de viver, a realidade é mutável, renova-se sempre. É interessante constatar os nossos olhares sensíveis se espalhando entre as cores que o universo nos proporciona, todos os dias, com novas impressões sem anestesiadas rotinas.

 

A cor nos leva a criar e criatividade é liberdade, coragem e inovação.

Existem cortinas dentro de nossas almas, brancas e puras como as flores e seus formatos perfeitos, também temos momentos em que nossos lençóis brancos, parecem falar, sobre nossas peles. Nossos sonhos seguem sentindo, os movimentos suaves do lençol de purezas como gaivotas brancas.  “Se um pinguinho de tinta, cai num pedacinho azul do papel… Num instante imagino, uma linda gaivota a voar no céu…” (Vinicius e Toquinho).

 

As cores nos fazem sentir…

Alívios de nossas tensões, gerando novos sentimentos e consequentemente, o nosso sentir. Elas flexibilizam nossos pensamentos guiando-nos ao encontro de opções e alternativas, retirando as vendas que cobrem nossos olhares, liberando assim, nossas energias entre o nosso consciente e inconsciente. Tais como: o pensamento, a linguagem, a memória, a atenção e a motivação.

Viva, o azul motivador, que encanta os olhos, se presenteie com roupas coloridas e tudo será uma mistura de ares com tonalidades diferentes, deixando-se envolver pela magia de olhar o mundo mais dinâmico, saudável e feliz.

Imagem de StockSnap por Pixabay

 

As cores, além de produzir sensações de movimentos, oferecem oportunidades de observação nos seus efeitos, com a complementação de outras cores. Na Psicologia, distinguem-se as cores quentes e as cores frias. As primeiras favorecem os processos de otimismo (vermelho, amarelo e alaranjado), têm o poder estimulante e excitante. As segundas favorecem o processo de oposição (azul, índigo e violeta), têm o poder sedativo e relaxante.

Pesquisas sobre as teorias das cores e a psicologia apontam as influências e os efeitos que envolvem os aspectos: emocional, mental e físico. Cada cor pode desencadear sentimentos diferentes, afetando as nossas formas de pensar e o modo como nos sentimos e comportamos. As cores, quando bem utilizadas, podem permitir a harmonização afetiva e emocional. À proporção que o homem vai dominando e se aproximando do seu interior, do centro de seus sentimentos, ele passa a adquirir uma melhor compreensão da “Vida”, tendo uma visão mais clara de tudo que o cerca. Nesse percurso pelo seu interior, prossegue avançando na direção da felicidade, do amor, da luz, conquistando cores brilhantes em suas caminhadas. “É hora de colorir sua vida e sua paleta é o mundo.” (Haller Karen, 2022)

 

As cores também tem histórias

 

 

Imagem de Rethinktwice por Pixabay

 

 

         Encontramos no processo evolutivo das cores outras percepções. As cores deixam de ser elementos decorativos. Meramente estético para fazer parte do nosso bem-estar. Podemos observar esse processo de mudança conforme o nosso processo evolutivo, e as interações com as cores. As ruas das cidades mais coloridas com carros de cores diferentes, nosso cabelo pode ser pintado com cores menos formais, e tudo que nos cerca tem um colorido especial, com objetos multicores.

Abre-se um novo paradigma, fascinante. Cada um de nós temos um olhar diferente para cada cor, um sentimento, um significado e uma recordação.

Na época dos antigos egípcios, tínhamos seis cores básicas – preto, branco, vermelho, verde, azul e amarelo. As cores eram a base de tudo o que era fundamental no Egito antigo, como a vida, a morte, a fertilidade, a colheita e a vitória. Na verdade, a palavra deles para cor era usada indistintamente. A cor estava incorporada à sua visão de mundo. (HALLER,2022, p. 53).

As cores vivem em nós, na nossa cultura e tradições. Com elas conhecemos uma região, um país, lugares típicos, mercados, frutas, flores, tecidos e utensílios domésticos e tantas outras referências.

 

Imagem de guillermo gavilla por Pixabay

 

Breves pesquisas                                                                                                                                                         

 

  • Empédocles (cerca de 490-430 a.C.)

O filósofo Empédocles, gostava de comparar a criação da vida com a pintura. Para ele, a vida surge a partir dos quatro elementos da natureza: Fogo, Terra, Ar e Água. Dizia que um pintor pode criar um mundo inteiro com apenas algumas cores.

 

  • Hipócrates (460 – 370 a.C.)

Ele acreditava que todos nós nascemos com uma mistura dos elementos, citados por Empédocles: Fogo, Terra, Ar e Água. A sua teoria é conhecida como “humores”, do termo latino hümor, que significa “fluido corporal”.

 

  • Aristóteles (384-322 a.C.)

A primeira teoria conhecida sobre as cores foi desenvolvida por Aristóteles, que acreditava que elas eram enviadas do céu por Deus. Também fazia associação aos quatro elementos: Fogo, Terra, Ar, Água.

Aristóteles desenvolveu um sistema de cores linear que ia do branco, ao meio-dia, até o preto, à meia-noite. As cores para ele assim se organizavam, até a chegada de Newton a 2 mil anos depois.

 

  • Galeno (130 −210 d.C.)

O médico grego, segue a mesma linha   do filósofo grego “Hipócrates”, acreditando que a cura orgânica está no “fluido corporal”.

 

  • Isaac Newton (1642 – 1727)

Grande parte do nosso entendimento de cor e luz, vem de Newton, que em 1666 resolveu o enigma do arco-íris. Ele também nos deu o primeiro diagrama circular das cores, unindo a extremidade violeta do espectro à vermelha. Esse arranjo coloca as cores primárias-vermelho, amarelo e azul- em oposição às suas cores complementares e mostra que cada uma pode realçar o efeito da outra por meio do contraste óptico. A cor oposta ao azul, por exemplo, é o laranja. Colocar essas cores uma ao lado da outra faz com que o azul pareça mais azul e o laranja pareça ainda mais laranja. O círculo cromático, como ficou conhecido, foi um instrumento extremamente útil para os artistas, e seu impacto na forma de entender e interpretar as cores até hoje.

 

  • Johann Wolfgang von Goethe (1749 – 1832)

Enquanto Newton havia entendido as cores como um fenômeno físico, Goethe as via como uma experiência emocional que cada um de nós percebe de forma diferente. Ele era fascinado pelo modo como nosso cérebro processa as informações visuais e pelos efeitos fisiológicos que as cores podem ter sobre nós.

 

  • Carl Jung (1875 – 1961)

O psiquiatra suíço Carl Jung, dividiu a personalidade com base nos temperamentos associados a cores.

  • Azul frio: sem preconceito
  • Verde terra: quieto, calmo, relaxante, tranquilizador
  • Amarelo Sol: alegre, animador, vibrante, entusiasmado
  • Vermelho Ardente: otimista, determinado, ousado, assertivo

Jung, viu aspectos positivos e negativos em cada um dos quatro temperamentos. Essas cores variam em temperamentos de uma pessoa para outra, nos conectando à energia de uma cor em particular.

 

  • Bauhaus (1919 – 1933)

Escola de arte da Alemanha fundada pelo arquiteto Walter Gropius e, 1919. Seus dois mais inspiradores alunos foram Fácil Kandinsky e Joannes Item. A teoria das cores de Kandinsky, publicada em 1911, pretendia explicar como um pintor escolhe uma determinada paleta, seja pelo que ela tem sobre aos olhos, seja pelo seu efeito psicológico – como o pintor se conecta emocionalmente com as cores.  

 

  • Angela Wright (n. 1939)

Desenvolveu, nos anos 1970, uma teoria unificada sobre a psicologia das cores e a harmonia cromática para explorar o modo como as cores influenciam nossos sentimentos, pensamentos e comportamentos.

Destacamos os sete princípios básicos

  • Cada matriz afeta estados psicológicos distintos.
  • Os efeitos psicológicos das cores são universais.
  • Cada tom, nuance ou tonalidade pode ser classificado em um dos quatro grupos de cores.
  • Toda cor se harmoniza com as demais.
  • A humanidade inteira pode ser classificada em um dos tipos característicos de cor, acima mencionadas.
  • Possuímos afinidades naturais com grupos de cores.
  • Reagimos diferentes em relação às cores, devido nossa personalidade.

O pequeno livro das cores. Como aplicar a psicologia das cores em sua vida – Karem Haller (S.P), 2022.

 

 

Agradecimentos

 

As cores tendem a nos afetar física ou psicologicamente. Elas têm energias que nos afetam em comportamentos. “Toda cor é internamente bela na pintura, porque toda cor provoca uma vibração espiritual e toda vibração enriquece a alma”. (KANDINSKY, 1911).  

Uma vida colorida nos deixa felizes. Como você leu nessa narrativa, as cores nos conectam com o nosso mundo interior e exterior, com as nossas lembranças e experiências, nossa cultura, esperanças e desejos.

Foi uma maravilha escrever palavras, frases… colorindo o meu conhecimento. Obrigada a todos os meus leitores e em especial às suas sensibilidades e criações autorais, que esperamos terem sido despertadas pela autopoiese desse texto.

Agradeço aos leitores desta coluna, a leitura e a inspiração de tornar apaixonante a narrativa que escrevi, cheia de desejos que lhes agrade.

Colunista Stella Gaspar

 

Vista-se com cores da alegria!

Fique de bem com você e a vida!

        

Imagem de Sheila Santillan por Pixabay

Por STELLA GASPAR

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