A Oficina do Saber é coordenada pela Setur-DF, que faz a gestão do artesanato, desde 2019, sob as diretrizes do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) do Ministério da Economia. Vinculado à Coordenação do Artesanato, o programa visa à promoção da cadeia produtiva por meio da qualificação do artesão local e de mecanismos que permitam a facilitação e a diversificação da comercialização dos produtos.
A mestre artesã Roze Mendes e a artesã Verônica Brilhante executam o programa nas regiões administrativas e rurais do DF. Até o momento, 140 artesãos foram qualificados na Oficina do Saber, considerando assentamentos e acampamentos rurais, grupos e artesãos individuais nas RAs.As profissionais têm a atribuição de avaliar, qualificar e inscrever o beneficiário no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), que oferece a emissão da Carteira Nacional do Artesão (CNA). O Sicab registra até o início de outubro mais de 12 mil artesãos inscritos, somente no Distrito Federal.
Até a emissão da CNA, os candidatos a artesão precisam passar por um processo de avaliação das técnicas e do material utilizados na produção do artesanato, qualificação e profissionalização. Essa fase acontece nas oficinas itinerantes, que percorrem todo o DF, ou no ateliê na secretaria. Roze e Verônica ministram as oficinas, não só ensinando as técnicas e como usar a matéria prima extraída do cerrado, mas abrindo os horizontes com informações sobre mercado e empreendedorismo.
Segundo Roze Mendes, um dos objetivos do projeto é qualificar o candidato a artesão profissional para o mercado de trabalho. “Nós sabemos que tão importante quanto aperfeiçoar a técnica profissional é ensinar o conceito de mercado. Por isso, ensinamos que o trabalho tem que ser competitivo e tem que caracterizar a referência e a identidade cultural de cada um”, explicou.
A Oficina do Saber chegou ao Assentamento Marielle Franco, em São Sebastião, por meio do Programa Ação da Mulher no Campo, da Secretaria da Mulher do DF. No local, estão sendo atendidos pelo artesanato em torno de 25 pessoas, dentre homens e mulheres. As aulas são ministradas em um espaço montado especialmente para a capacitação. A líder comunitária do assentamento, Janaína Romualdo Elisiário, informa que as 38 famílias do assentamento estão em situação de vulnerabilidade e como o grupo ainda não tem espaço definido para a produção agrícola, a qualificação no artesanato será uma forma de desenvolver economicamente as famílias.
A Oficina do Saber veio na hora exata porque, no princípio, foi uma ideia mais para poder distrair as pessoas. Só que as tutoras Roze e Verônica estão vindo com tanto empenho e elas não estão vendo mais só como uma forma de se distrair e de unificar o grupo, elas estão enxergando uma oportunidade de melhorar as finanças domésticas. Toda vez que a Secretaria de Turismo vem aqui no Assentamento, ela está trazendo também um pouco mais de empolgação para esses artesãos. Quando elas vêm aqui e dão essas palestras, quando voltam encontram eles com a autoestima lá em cima, cheios de ideias novas. Tenho certeza que a gente vai abrir uma porta grande lá para poder escoar esses produtos que estão sendo feitos aqui e dar uma dignidade melhor aqui para as nossas famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social”, afirmou Janaína.
A moradora Natália da Silva Almeida (28) trabalha como diarista há alguns anos. Aprendeu a fazer peças de artesanato usando material sintético. Com os ensinamentos da Oficina do Saber,ela aprendeu a usar produtos do Cerrado, disponíveis na natureza. Atualmente, trabalha com pó de serragem, macramê e flor de bucha. Natália tem três filhas, Ane da Silva Azevedo (11), Alice da Silva Azevedo (10) e Aylada Silva Azevedo (7). Para ela, o trabalho da Setur-DF é a primeira oportunidade que a comunidade
“A oficina está ensinado a ver com outros olhos a natureza, o Cerrado. Antes, a gente tinha que comprar todos os materiais, agora o material principal está disponível perto da gente. As aulas estão sendo boas para eu me aperfeiçoar e trabalhar melhor. A gente fazia mas sem prestar muita atenção no acabamento e a mestre Roze ensina a gente a melhorar. Estou me sentindo uma pessoa importante como artesã, empoderada. Está mudando a minha vida. Meu sonho é viver da terra e do artesanato. Quero criar e sustentar minhas filhas com o artesanato. Meu marido está fazendo a oficina também, só que ele faz vasos. Eu vou tirar a carteira do artesão, pois quero ter mais chances de vender meu artesanato nas feiras e exposições”, declarou Natália
Por SECRETARIA DE TURISMO GDF