Fechei os olhos, me despedi do mundo, fui me despindo até mesmo de mim, tirando os excessos e as angústia daquele dia que estavam impregnados em meu corpo. Liguei o chuveiro e senti as primeiras gotas caírem na minha pele, fui inundada pelo momento e só ouvia a melodia do chuveiro que embalava meu riso e ao mesmo tempo enxugava o meu pranto.
Estava ali por inteiro, entre gotas e devaneios. Abri os olhos, deslizei as mãos pelos cabelos, inalei profundamente e me senti tão doce como cheiro do sabonete que invadia o ambiente, me abracei com a toalha e enquanto me secava tinha miniorgasmos de felicidade. Estava de corpo e alma lavada, eternizei aquele instante em mim, cada gota um gozo.
Por MARI VENTURA