Encarceradas
Não há nenhuma dúvida de que o sistema carcerário é um inferno na terra. Algumas pessoas o ocupam por crimes terríveis, outras por impulsão, erros, chantagem, culpa, ilusões, mas no fim todas ocupam as mesmas celas enferrujadas e vestem os uniformes laranjas.
Quem vive na pele essa experiência com certeza deveria fazer o seu máximo para não voltar lá, pois cada dia parece uma eternidade e é difícil não estar envolvida em alguma briga generalizada ou entrar em algum grupo por proteção ou sobrevivência. No entanto, nada disso é de graça e favores são cobrados para manter a boa convivência dentro da cadeia.
São muitas as prisioneiras que sofrem dos piores tipos possíveis de violência: física, moral, psicológica, tanto por outras colegas de cela, quanto por carcereiros que também as obrigam a venderem coisas para eles ou trocam favores íntimos por regalias.
A solitária é temida por todas elas, se já parece muito ruim dividir uma cela apertada com desconhecidas que podem querer te matar a qualquer momento, estar em uma cela vazia, por horas, dias ou semanas com somente sua companhia pode ser uma tortura insuportável.
As punições são ilimitadas e muitas acabam se unindo às outras para se manterem vivas ou sucumbem às mazelas da prisão.
Em Orange is the new black, se vê de tudo um pouco e há uma perceptível segregação étnica. Os grupos se separam em latinas, negras, brancas e asiáticas. Elas permanecem juntas grande parte do tempo e não costumam interagir muito entre as outras. Muitas vezes ocorre brigas pelos espaços de convivência: refeitório, sala de tv, quadra e afins.
Algumas delas são duronas e fazem sua fama lá dentro. São espertas e reúnem sua turma para conseguirem o que querem. Mas as revistas dentro das celas são surpresas por vezes e fica difícil esconder as drogas ou outros pertences que vêm de fora. Algumas vão para a solitária, outras têm sua pena aumentada, troca de cela e outros horrores que se pode ver acompanhando o cotidiano dessas mulheres condenadas pelos seus erros.
Pode-se notar que elas são tratadas como animais ou um lixo qualquer, são privadas de uma cama, de banho, de alimentação e todo tipo de abuso. Grande parte têm família lá fora, são mães, tias, filhas, mas lá dentro todas são só prisioneiras.
A trama traz muito drama e um pouco de comédia, porém retrata da pior forma como são tratadas pelo sistema, o preconceito, o nojo e repulsa que os funcionários lá dentro nutrem por elas.
É bastante difícil sobreviver lá dentro e as que tem a sorte de saírem de lá, muitas vezes não têm para onde ir, como trabalhar para se manterem e acabam voltando para as conhecidas celas. É um ciclo infernal, um pesadelo sem fim.
A série Orange is the new black está disponível na Netflix; Lançamento: 2019; 7 temporadas; Classificação: 16 anos; Gênero: Drama/Comédia; Elenco: Taylor Schilling, Kate Mulgrew, Laura Prepon, Jason Biggs, Natasha Lyane, Michael Harney, Uso Aduba, Danielle Brooks, Samira Wiley, Dascha Polanco, Selenis Leyva, Nick Sandos, Yael Stone.
Por CACÁ MATOS