CONFISSÕES SOB A LUA – Delícia de viagem por Carla Garcia

CONFISSÕES SOB A LUA – Delícia de viagem por Carla Garcia

Algumas pessoas são tão atrevidas, donas de um sex appeal farejado a distância, esse próximo conto me deixou de cabelos em pé, pernas cruzadas, entranhas pulsando mais que o coração e a boca cheia d’água (não só a boca) …

 

Delícia de Viagem

 

Eu sou uma idiota cabeça de vento mesmo, estou sempre deixando algo para trás. Encontro-me em uma viagem noturno de dez horas em um ônibus onde o ar-condicionado está ligado a 17°C. Com um vestido de verão de sandálias de dedo, terei uma hipotermia, não há dúvidas. Meu cobertor quentinho, minhas meias macias, meu travesseirinho de viagem… Ficou tudo na mala de mão, em cima da mesa da cozinha.

Enquanto estou brava comigo mesma e me xingando por dentro, ouço um pigarro seguido de uma voz rouca: “Com licença senhorita”.

E sem esperar que eu respondesse algo, ele já estava sentado ao meu lado. Havíamos trocado alguns olhares na fila de embarque. Alto, moreno claro, um olhar frio e cara fechada, provavelmente um homem de poucas palavras, certamente não irá me incomodar com conversas sem noção durante a viagem.

Uma hora após pegarmos a estrada, já começando a tremer de frio, com a pele toda arrepiada e provavelmente com os lábios arroxeados, olhei para o homem ao meu lado, não tinha dito nenhuma palavra, olhando fixamente para frente, parecia que nem piscava, tinha um cheiro gostoso, fiquei intrigada, com várias poltronas vazias, por que escolheu justamente sentar-se ao meu lado se não vai interagir comigo?

 Cansei de ficar mentalmente especulando sobre o estranho “coração gelado” (o apelidei assim) ao meu lado, me virei de costas para ele, tremendo e com os olhos fechados, vou tentar dormir.

Ainda com os olhos fechados o sinto mover-se ao meu lado, ficou em pé e mexeu em algo na sua bolsa de mão no maleiro, em instantes, um cobertor fofinho e cheiroso me envolveu. Ainda de costas em posição fetal na minha poltrona leito, sorri virada pra janela, e pensei: “dentro desse coração gelado tem uma pitada de amor”.

Já aquecida virei-me para ele, nossos olhares se encontraram pela primeira vez após a fila de embarque, com meu jeito moleca digo obrigada, ele apenas fez um gesto com a cabeça, se não tivesse pedido licença mais cedo, diria que não sabe falar minha língua. Percebo que apenas eu estou nos cobertores, mas ele é grande o suficiente para nós dois, o estranho malvado gentil também merece ficar aquecido. Pego um pedaço do cobertor e o cubro, recebo um olhar de repreensão, mas nada faz para retirar o cobertor, eu continuo com cara de sapeca.

Em um movimento para melhorar minha posição na poltrona encosto em sua mão, uma descarga elétrica percorre meu corpo, acho que o mesmo lhe aconteceu, pois olhou dentro dos meus olhos, como se fosse um predador faminto e eu uma presa vulnerável.

– Gostei disso!

Instigada pelos acontecimentos e sem o que fazer, penso em ver no que pode acontecer entre mim e o coração gelado, estamos flertando em olhares a horas, mas sei que se eu “não mover uma peça”, ele também não irá mover.

Dessa vez, propositalmente, encosto minha mão em seu braço, que é peludo, quase vejo um sorriso em seu rosto, sabe o que estou fazendo. Estamos nos comunicando com olhares, e eu continuo com as pequenas carícias em seu braço, passo para as mãos, que são grandes, contorno cada dedo suavemente, ele relaxa visivelmente e permite que eu continue. Desço minha poltrona completamente para ficar deitada, não há ninguém atrás de nós e nem ao lado, os outros passageiros estão distantes e adormecidos. O pego de surpresa ao descer sua poltrona também, ele olha para mim exasperado, quase furioso, dou o meu melhor sorriso e num suspiro digo “assim é melhor”.

Agora consigo acariciar suas pernas com as minhas, ele suspira fundo, me fuzila com o olhar, mas eu digo, “quer brincar”?

Em um movimento muito rápido ele se vira pra mim, segura meu rosto tão forte que faço um biquinho e diz com a voz grave e ao mesmo tempo rouca, “eu não brinco”. Àquela demonstração de masculinidade e poder me dá um tesão tremendo, já me sinto latejar. Antes que eu pudesse fazer ou dizer algo, ele me beija ferozmente, um beijo de quem está com raiva e faminto. Estou praticamente imóvel embaixo daquele homem, que segura meu pescoço e morde meu lábio inferior. Ainda pressionando meu corpo com o seu, da uma pausa naquele beijo louco e se aproxima do meu ouvido e diz bem baixinho “você quer brincar sua safada?”.

  -Isso me deixou louca!

“Esta a noite toda mexendo comigo, com sorrisinhos na fila, virou esse seu bumbum gostoso no vestido curto para o meu lado, ficou me tocando de propósito e agora faz essa proposta ridícula, eu não sou homem de brincadeira.” Eu já estava arfando, novamente ele cobriu minha boca com a sua e antes que percebesse o que estava fazendo, colocou uma mão por baixo do meu vestido, puxou minha calcinha para o lado e sem cerimônia me penetrou com um dos dedos. Sua boca engoliu um gemido meu e finalmente sorriu, percebendo o quanto eu estou molhada. Penetrando-me ferozmente, massageava o botãozinho rosado com o polegar. A boca sempre na minha para abafar meus gemidos e a mão livre maltratava um mamilo enrijecido. Aquilo estava muito gostoso, melhor do que eu imaginava, todas as sensações provocadas, o medo de ser pega, aquele homem intrigante de poucas palavras. Minhas pernas estavam trêmulas, a boca dormente, o mamilo dolorido e muito molhada, sinto o clímax chegando, quero gritar, ele está arfando em minha boca, parece um urso.

Começo a me mover de encontro a sua mão e quase rosnando em tom de ordem ele me manda ficar quieta, isso me dá muito tesão, sinto o gozo chegando, é delicioso, ardente e tenho espasmos em suas mãos. 

Após estremecer com aquele homem em cima de mim e ter meus gemidos abafados por sua boca, me toquei que não sabia seu nome. Após o término de meus tremores, ele me solta, tira um lenço do bolso, me limpa, ajeita minha calcinha e vestido, me olha e diz: “agora durma”, e novamente não foi um pedido, mas sim uma ordem.

Por CARLA GARCIA

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