Alana iniciou seus estudos sobre contação de histórias em 2007. Realizou diversos eventos públicos e particulares e em 2021 e 2022 foi uma das premiadas para compor o quadro de contadores de histórias do 1º e 2º Guirii – Festival Amazônico de Contação de Histórias.
As minhas peripécias deram início em 06 de janeiro de 1992, na cidade de Sobral no Ceará, uma cidade para lá de quente, mas muito boa de se morar.
Aos 6 anos de idade eu estudava numa escola católica, fazia a alfabetização na época, tive um pouco de dificuldade na leitura, porém uma professora, sempre me ajudava, contava inúmeras histórias, me apresentava diversos livros, os inesquecíveis clássicos, a Bela e a Fera, Cinderela, mas o que jamais esquecerei é Chapeuzinho Vermelho, foi nele que reconheci as palavras, que consegui juntar as sílabas e ler, ler e ler, por um tempo tive medo de pegar outro livro, pensava que só conseguiria ler ¨aquele livro¨,
Com a leitura sendo aprimorada começou a criar poemas, e pedia para recitar na sala de aula, com isso vieram os convites para contar histórias para crianças dos jardins de infância, o que no início a preocupou pois tinha medo de que as crianças menores não compreendessem a história contada, mas deu certo e quase todos os dias da semana estava lá, contando aventuras e foi então que entendeu que quanto mais gostava da história, melhor a contava.
De lá para cá, seguiu sua jornada com os livros e contações, sempre contando histórias, até que chegaram os filhos, e depois os estudantes para quem lecionava nas escolas, que foram inspiração para a escrita de histórias, hoje conta com 12 títulos publicados.
Em 2020 com a Pandemia e a dificuldade de estar presencialmente nos espaços sentiu necessidade de criar o canal ¨Pra você vou contar¨ no Youtube, Instagram e Facebook, com a intenção de continuar contando e ajudando pessoas.
Atualmente conta histórias famílias, centros de educação infantil, festivais, eventos, ministra cursos de contação de história e literatura, palestras, formações de professores e contadores de histórias.
Para você, o que é ser um contador de histórias?
Essa é uma pergunta que sempre faço, em todas as vezes que vou iniciar uma história, e sempre tenho respostas diferentes, com o passar do tempo percebi que a resposta é junção de todas as que já foram dadas e as que ainda darei.
Mas, pensando agora mesmo no que é ser um contador de histórias, é ser como um sentimento, que ora é feliz, ora é triste, ora é medo, ora é surpresa. É ter várias versões de si, e entender que não existe uma melhor ou pior, entender que ser contador também é se permitir a entrega do momento, vivenciar a história junto aos seus ouvintes, saber que naquele momento eles estão ali para você e para a história, então ser contador de história é ser sentimento, é ser entrega.
Sua relação com a narração vem de sua história como leitora, mas também de sua relação com o bisavô Chico Bento que sempre contava histórias
Era certeza que em algum momento do dia eu ia lá, para ouvi-lo contar as mais engraçadas, terríveis, assustadoras e incríveis histórias, que só um bom pescador poderia contar, é que além de barbeiro, ele era pescador, já pode imaginar as peripécias que eram contadas por ele, e claro que eu ficava encantada, eram momentos únicos.
Histórias contadas influenciam em nossas vidas, transmitem valores, crenças, atitudes e nos ajudam a moldam nossas percepções sobre a realidade e também como ser atuante nela. Através de histórias despertamos tanto em adultos quanto em crianças a curiosidade, estimulam a imaginação, desenvolvem a autonomia e o pensamento, nos proporcionam vivenciar inúmeras emoções, sentimentos como medo e angústias, e isso nos ajuda a resolver conflitos internos, aliviando sobrecargas emocionais.
Para ela, a prática de ofertar livros, incentivar a leitura por meio da contação de histórias é algo que deve ser iniciado ainda no ventre materno, pois ao ouvir a voz da mãe, do pai, da família mesmo ainda na barriga influenciará positivamente para a vida da criança, criando laços cheios de afetos, de segurança.
Acredita na importancia da arte de contar para crianças na fase escolar, pois essa prática auxilia a criança em sua infância, permite que ela ouça uma história e se divirta, sinta alegria, que entenda também que o personagem passa por dificuldades, tem dúvidas, que seja um momento prazeroso que em muitos momentos da vida darão significados a elas, nas suas escolhas, nos seus afazeres, o modo como elas irão encarar o mundo, e essa percepção está diretamente ligada ao modo como o mundo é apresentado a elas.
Por isso, por todas as experiências que vivenciei até hoje acredito que a literatura, as histórias, as narrativas orais são fundamentais para o desenvolvimento humano, elas influenciam e impactam nossas vidas de modo a melhor compreender o mundo que nos cerca, abrem caminhos para sabermos como lidar com diversas situações, é possível compreendermos conflitos internos, sermos empáticos, por isso vejo a contação de história necessária a vida humana.
O CASAMENTO DE DONA BARATINHA
AS PRINCESAS ENCARACOLADAS
CONRADO O PAPAGAIO MAL HUMORADO
O SAPO E A ONÇA
Por ALANA EMILY
