Era uma vez uma garota na janela e um menino a observá-la. Ele olhava ela se pentear lentamente, fio a fio, com o rosto virado para a lua no alto. Aquilo era magnífico para o menino, que, esgueirando uma fonte, tentava se aproximar para vê-la melhor. Andou mais um pouco, e mais um pouco, até que sem ver chutou uma lata caída. A menina olhou.
– Quem está aí?
Ele se jogou ao chão tentando se esconder desesperadamente.
– Estou vendo suas pernas.
Ele se levanta envergonhado.
– Desculpe, só estava olhando.
– Me olhando?
– Bom… um pouco talvez.
– E?
– E achei bonito você beijando a lua.
Aquilo atiçou a curiosidade dela.
– Beijando a lua? Estava me penteando.
– De onde eu estava, parecia que seus lábios tocavam a lua.
Ela fez um bico na direção do astro
– Assim?
– Sim, como uma amante agraciando seu amado.
Ela riu um pouco.
– Você fala bonito.
– Se eu não falasse bonito, não teria a chance de ver seu sorriso.
Ela sorriu.
– Beto! Vamos, o jantar está na mesa – Gritou uma voz feminina.
– Minha mãe está me chamando, até outra noite.
Quando ele estava indo embora, ela chamou.
– Você virá amanhã?
– “Se tiver uma lua no céu, sim.”.
Por JOÃO PAULO