CONTOS E MINICONTOS – A Mensagem por Gibson José de Santana

CONTOS E MINICONTOS – A Mensagem por Gibson José de Santana

 Noite de sexta-feira maravilhosa ao chegarem na ilha. Tinham combinados que seria um final de semana para comemorar uma segunda lua-de-Mel. Nada iria atrapalhar o casal. Fazia três anos que programavam essa viaje. Primeira noite jantar no restaurante. Vinho. Flores e dança. De volta ao quarto, caricias de um casal apaixonado. Entrega-se mútua de corpos desejosos um pelo outro. Pela manhã logo após o desjejum, se dirigem para a paradisíaca praia. Praia deserta. Sol brilhante e a água convidativa para um mergulho. São 10:30h da manhã. Saíram do Hotel o Pablo e a Marisa. Caminham por alguns minutos até chegarem ao Pontal da ilha. Sentam-se na areia morna sob a tolha. Beijos acontecem. Renovação de juras de amor também. Mergulham nas águas quentes. Sem ninguém à vista, fazem amor ali mesmo, tendo como únicas testemunhas gaivotas que pairam sobre suas cabeças. Gemidos de prazer não se podem ouvir. Sussurros não se podem entender.

 Sábado. Final de tarde e ambos caminham de volta ao hotel. À noite jantar, dessa vez regado à espumante francês, mais flores, danças e surpresa. Enquanto se arrumam, o telefone da Marisa toca. O Pablo pega-o. Uma mensagem na tela de número desconhecido: “nos veremos na segunda-feira à noite, depois que você voltar de viagem, te amo! Antônio”. Ao ler, invade em seu coração uma mistura de sentimentos. Ódio. Decepção. Desconfiança. Ao sair do closet, sorridente e com um papel na mão, a Marisa se depara com o Pablo com lágrimas nos olhos e apontando uma arma para ela. Sem entender o que está acontecendo, ela nervosa, pede explicação. Ele joga o celular para que ela se explique quanto ao conteúdo da mensagem. A Marisa responde que desconhece tanto a mensagem quanto seu remetente e pede que ele abaixe a arma e que tem uma surpresa para ele. Que aquela mensagem não passava de um engano. Irredutível o Pablo grita com ela. Chamando-a de mentirosa. Seu ciúme o fizera ficar cego.

 Agora quem chora é ela. Desnorteada andava de um lado para o outro, sem saber o que fazer e falar. Fugindo da mira do revólver. Juras de amor saiam de seus lábios. Mas o Pablo não a escutava. Só pedia explicações. Dizia que estava sendo traído e que não aceitaria perdê-la para ninguém. Sem saber o que estava acontecendo e o porquê daquela mensagem em seu celular, a Marisa implora para que ele pare com tudo isso e que ninguém, nem nada a separaria dele. Aos berros, o Pablo reafirma que não acredita mais nela e que tudo está acabado.

 Quando estava indo à direção da porta para sair da mira da arma o telefone toca novamente. Antes que ela pegue o celular ele atira nela. Duas vezes. Seu corpo cai no chão. Agora desesperado pelo que fez, Pablo correm em direção dela. Voltando a si, percebera o que tinha feito. Agonizante, Marisa declara todo o seu amor por ele e deixa cair de sua mão um papel. Resultado de um exame. Estava grávida. Aos prantos e agora em estado de choque, Pablo pega o celular novamente. Uma nova mensagem. De um número desconhecido que diz: “desculpe-me, enviei a mensagem para o número errado, favor desconsidera-la”.

Por GIBSON JOSÉ DE SANTANA

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