Todos sabiam que ele tinha um segredo.
Um segredo importante, pelo menos no imaginário popular.
Porém ninguém tinha a menor ideia do que se tratava, e assim,
próprio da natureza humana, se especulava muito sobre o
que poderia ser.
As especulações iam de perigosas ligações criminosas até a
amantes habilmente escondidas das famílias da região, passando
por todas as imaginações possíveis da mente.
Ele, era por natureza, um homem reservado.
Poucas palavras. Atencioso, porém muito cauteloso com o
que falava e com quem falava.
Pouco se sabia sobre ele, o que aumentava a curiosidade dos
mais próximos, que por sua vez, passavam adiante em tons de
segredos, a outros, que por sua vez passavam a outros e assim por
diante.
A cidade era pequena. Quase todos se conheciam.
A situação começa a lhe incomodar.
Se ia ao restaurante percebia as pessoas que lhe observavam
e comentavam alguma coisa inaudível.
O mesmo acontecia no barbeiro, nas lojas, no supermercado,
no trabalho e em todos os lugares que frequentava.
Na verdade, ele começa a sentir que a posse daquela informação
poderia no fundo lhe prejudicar.
O segredo, em si, não era tão importante. Na verdade era
banal.
Começava a se sentir mal ao sair à rua, talvez a famosa “síndrome
de pânico”.
Suava e tremia ao andar pela rua ensimesmado andando,
pensando, sofrendo e distraído. Foi atropelado e morreu. E com
ele, o segredo.
Por EDUARDO CHIARINI