Depois de mais uma vez gozarmos na cama e no chuveiro, Santiago secou meus cabelos e
deitou esticado cruzando os braços no alto da cabeça usando apenas uma boxer, enquanto
observava eu arrumar-me para trabalhar.
Meu estômago embrulhava, mas não era fome. Entramos no elevador, ainda estava frio
como ontem a noite, mas agora eram dois reflexos no espelho, sorrindo extasiados.
Ao passarmos pelo caminho que fiz ontem, outro recepcionista sorriu para nós desejando-
nos bom dia. Sentamos no lounge para aguardar e menos de cinco minutos depois o carro do
aplicativo chegou.
Despedimo-nos com vontade de ficarmos presos um no outro. Logo ele voltará ao trabalho
a milhares de quilômetros longe de mim, pensar nisso fez meus olhos marejarem. Santiago
sabia o que passava em minha mente e sem dizer uma palavra, abraçou-me apertado e beijou
minha testa demoradamente.
Sei que seis meses passam rápido, ainda que pareçam uma eternidade, foi o que aquele
beijo disse, enquanto aquecia meu coração e minha alma.
Ele abriu a porta e entrei. Mais uma vez nossos lábios tocaram-se. Num impulso, saí do
carro e beijei aquela boca como se fôssemos morrer se não o fizesse. Ainda aos beijos, Santiago
colocou-me no carro e disse “vai”.
Sorrimos… E o carro arrancou. Não tive coragem de olhar para trás.
Enquanto seguia para o trabalho, conversava comigo mesma sobre como irei lembrar
dessa noite ao tocar o anel dele que ficou em meu dedo, (isso é uma outra história), e ele lembrará
de mim cada vez que fechar os olhos ainda que esteja acordado.
Por agora, sigo sentindo cada parte do meu corpo dolorido e contraindo tudo que é possível,
na esperança de aplacar esse desejo do caralho que ficou impregnado em minha alma e que
só diminuirá quando ele voltar em seis meses, talvez para ficar.
Por SOPHIE F.