Conheci uma senhora por nome. Sui. Vinda do interior da Bahia (do recôncavo), ainda jovem, para tentar a vida na capital.
Ficou viúva muito cedo… com 4 filhos para criar.
Hoje, ela é uma senhora de meia-idade, de cor branca, no rosto, as marcas do tempo, olhos puxados de índio e sinceridade no olhar. Um ser totalmente do bem, em briga com este mundo louco em busca da sua parcela de felicidade. Uma mulher sofrida, criou os 4 filhos, sozinha, contando sempre com a ajuda de uma irmã.
Apesar de todo sofrimento, a Sui é uma mulher cheia de vida, de esperança e fé. O que me chamou atenção em Sui, foi o amor obstinado pela sua família, e pela família humana! Apesar de ser uma pessoa de pulso firme e fé inabalável, ela sofria com o abandono dos filhos.
— Sinto-me rejeitada pela minha família. Não tão nem aí para mim… Um telefonema se quer… Até nas redes sociais eles me ignoram… Mandam mensagens restritas sem pé nem cabeça. Nem um bom dia, como vai, está tudo bem aí? Talvez por que sou pobre, velha e feia. Não sou famosa, meu sobrenome é comum… Acho que tudo isso conta, ou por eu ser uma pessoa com muitos problemas de saúde decorrente das perdas de entes queridos e desta falta de amor desde a infância!
— Há de haver uma explicação para tanta indiferença, tanto desamor!
Sempre fui uma mãe dedicada, comidinha pronta na hora certa, casa arrumada, roupa lavada, esta era a maneira que eu tinha de demonstrar o meu amor! Talvez, errada, mas já pedi desculpas pelo carinho que não demostrei. Sou humana, tenho falhas, entende?
Depois, ser pai e mãe em simultâneo, num país onde o ser humano não é valorizado, não é tarefa fácil! Travei uma luta ferrenha para criá-los e educá-los.
— Hoje estou bem fortalecida e posso falar destes problemas sem tristezas, sem mágoas no meu coração!
— Eu a parabenizei pela sua evolução e disse:
— Gostaria de citar alguns pensamentos de Ralph Waldo Emerson, um grande filósofo do século XIX. Ele acreditava que um esforço de introspecção metódica para se chegar além do “eu” superficial ao “eu” profundo, o espírito universal comum a toda a espécie humana. Ele diz: “Homens fracos acreditam na sorte. Homens fortes acreditam em causa e efeito.”
É minha amiga! Não é fácil viver quando se quer ser um grande ser humano! Livre das amarras, das algemas sangrentas salpicadas de gente forte… Sem querer se ferir ou ferir alguém e sem magoar ninguém. Ralph diz mais: “É fácil viver no mundo conforme a opinião das pessoas. É fácil, na solidão viver do jeito que se quer. Mas o grande homem é aquele que, no meio da multidão mantém com perfeita doçura a independência da solidão.”
— Sabe Sui, a vida é cheia de altos e baixos… O importante é ser rico em sabedoria e em beleza interior. É fazermos o nosso melhor com sinceridade para a nossa felicidade e a felicidade das pessoas e o bem-estar social. Feio ou bonito, isso depende de ponto de vista. São pessoas medíocres que não sabem amar as pessoas como elas são. Não se compare aos outro, apenas seja você mesma e dê o melhor de si em cada tarefa que você propor realizar.
Mais uma frase de Ralph: “Ser você mesmo em um mundo que está constantemente tentando fazer de você outra coisa, é a maior realização.”
Como dizia o nosso saudoso poeta: “É preciso amar, amar as pessoas como se não houvesse amanhã.” Senão, será tarde demais!
Por NICE VELOSO