Agora o meu amor e a minha esperança circulam dentro de uma máquina…Tudo ficou tão estranho!
Efeitos colaterais de um remédio quase encerrou uma história de mais de sete décadas. Como somos frágeis! E quanto mais o homem tem conhecimento mais ele se destrói ou se reconstrói. Bendita seja a ciência que ajuda a manter viva a minha mãe, o amor da minha vida! Dignos do meu desprezo todos aqueles que não usam sua inteligência para o bem!
No dia trinta de julho, aniversário da minha rainha, não sopramos as velinhas…Que absurdo seria morrer no dia que nasceu! Vi a morte e a vida lado a lado, mas em um breve sopro nem morte, nem nascimento, chegou o renascimento!
Nunca pensei em olhar pra um objeto e agradecer ao invisível no final de cada sessão. Sim, hemodiálise é vida! Não é o fim! É recomeço!
Em 1943 foi testada a primeira máquina de hemodiálise. Willem Johan Kolff, seu criador não imaginaria que aqui estaria eu várias vezes por semana testando minhas forças e emoções, em um mar infinito de gratidão.
A máquina nos prendeu, mas nos libertou da prisão de encarar o mundo com o vazio da pior ausência.
Nas imagens, a dona do meu coração (Minha mãe Francisca Martins de Lima), o técnico William e a enfermeira Francisca que se sobressaem pela competência e experiência.
Sempre nos registos das minhas memórias o olhar de cada um dos pacientes, que durante algumas horas também purificam seus sonhos das impurezas dos medos, porque não existem forças pra lutar sem o direito de sonhar!
Em homenagem ao dia mundial do rim quatorze de março.
Por REJANE DE LIMA CEDRO