Estava há alguns meses naquela prisão, e eu realmente não tinha mais esperanças de sair de lá. Ao meu lado estava aquele pobre rapaz que não se sabe por que foi preso junto comigo. Às vezes eu me deparava pensando: “O que aquela pobre criatura teria feito para estar pagando uma pena naquela prisão comigo?”
Eu chorava pensando nos meus filhos, que iriam ficar sem a mãe deles, tentava me convencer de que eles iriam sofrer por um tempo, mas depois conseguiriam superar, e quem sabe até serem muito felizes. Tudo estava contra mim, eu iria em poucos dias ser enforcada, e parecia não ter mesmo mais o que fazer, eu não estava mais sendo castigada fisicamente, porém agora era pior, minha cabeça estava confusa, meu tempo estava acabando e o silêncio que estava por fora não refletia o barulho que eu sentia por dentro. As vozes na minha cabeça diziam que eu ia morrer, eu via uma figura de caveira segurando uma foice, cheguei até a ouvir dois velhos amigos que já tinham partido dessa para outra vida me dizendo em tom de deboche: “Vem para caixa, você também, vem!”. A caixa a que eles se referiam era o caixão. E quando eu estava tonta com tudo aquilo, sentindo que, se eu não sobrevivesse, era certeza de que eu enlouqueceria, foi quando ela surgiu: a ESPERANÇA, e ela tinha olhos verdes, como diziam por aí. Ela me olhou de cima do poço onde eu me encontrava, e me lançou uma corda, agarrei-me com todas as minhas forças e subi, subi e subi.
Ao lado do meu companheiro de cela, conseguimos nos livrar do fundo do poço e pedimos à morte que fosse embora, que outra hora nos encontraríamos, mas não naquela hora.
Às vezes, Deus, ou o Universo, seja como você queira chamar, gosta de agir quando as situações parecem impossíveis. E Deus é especialista nas causas impossíveis.
Por LAIS MENDES