CRÔNICAS – Nise da Silveira, Uma Mulher Além do Seu Tempo por Bianka Soiano

CRÔNICAS – Nise da Silveira, Uma Mulher Além do Seu Tempo por Bianka Soiano

   É sabido que antigamente as pessoas com transtornos mentais eram tratadas de forma violenta e desumana. Eram excluídas, temidas, hostilizadas e consideradas “possuídas” por uma sociedade ignorante e preconceituosa.

   Só a partir do Séc. XVII, quando houve a primeira revolução psiquiátrica, os pacientes diagnosticados com essa enfermidade, passaram a ter cuidados médicos. Até o Séc. XX a Europa sofreu forte influência da escola francesa na área da psiquiatria. Já na Alemanha teve influência de Emil Kroepolin (1856-1926).

   No Brasil, o cenário psiquiátrico revolucionou através de uma grande mulher alagoana, Nise Magalhães da Silveira (1905-1999), pioneira na utilização de tratamento humanizado para pacientes com transtornos mentais. Foi aluna de Carl Jung e estudou na Faculdade de Medicina da Bahia, onde foi a única mulher em uma turma de 158 alunos.

   Reconhecida mundialmente, ela criticava os tratamentos violentos como eletrochoque. Ela colocava seus pacientes em contato com a arte inserindo pintura e modelagem com argila como técnica de atendimento, revolucionando o tratamento mental no Brasil. Ela colocava seus pacientes em contato com expressões artísticas, com a natureza e com animais domésticos (gatos e cachorros).

   Recebeu inúmeros prêmios pelos trabalhos realizados ao longo da sua vida. A produção artística dos seus pacientes resultou na criação do Museu de Imagem do Inconsciente, em 1952, no Rio de Janeiro. Foi uma mulher corajosa, além do seu tempo, desafiando a ciência inserindo um novo olhar na psiquiatria, enxergando a alma de cada paciente. Mesmo sendo perseguida, presa na década de 1930, não desistiu de correr atrás dos seus objetivos.

   Assim, Nise provou para o mundo como o amor, o afeto e um novo olhar lançado com ternura para aqueles que eram excluídos da sociedade e tratados como animais, eram seres iluminados mostrando através da arte a sua luz que se esconde embaixo da manta da crueldade de como eram tratados, provando assim, que o amor constrói e transforma o ser humano fazendo acender a estrela que se esconde no âmago de cada ser.

Por BIANKA SORIANO

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