Estamos com pressa. Muita pressa! Pressa para bater o ponto no trabalho. Pressa para amar, para abraçar, para ouvir, para o lazer, para conversar sobre as coisas simples do nosso dia a dia. Até deixar de pegar aquele ônibus lotado não é uma opção. Afinal, o ponto te espera no trabalho — e ele é implacável e preciso. Vivemos em um mundo frenético. A própria terra, parece estar girando mais rápido, e temos a impressão de que somos obrigados a correr para manter o seu ritmo ou cairemos no vazio.
A rotina começa pela manhã, quando nos vestimos rapidamente. Depois, literalmente, engolimos o café da manhã e corremos para a parada de ônibus mais próxima. O stress começa cedo quando nos deparamos com um engarrafamento quilométrico na hora do pico — o que é comum nas grandes cidades. Até aquela fila no supermercado — que não anda — é motivo de ansiedade. Quantas vezes adiamos aquele passeio na praça, com a família, por falta de tempo? Em quantas situações, deixamos de trocar um carinho, um abraço porque temos pressa? Às vezes, sentimos culpa por não sermos mais aplicados, mais eficientes, mais ágeis. Contudo, haveria uma maneira mais equilibrada de lidar com o stress, a culpa, a ansiedade, a angústia que nos cercam?
Talvez, sim. A princípio seria difícil, mas não impossível, rebelar-se contra o que parece ser a ordem do dia. Será que não podemos simplificar nossa agenda diária? Com isso, iríamos desacelerar o passo. Quem sabe sobre um espaço para dar uma atenção maior a um familiar ou amigo que precise de nossa atenção?
Sobre aquele sentimento de culpa por não sermos mais eficientes, aplicados, ágeis, em nosso cotidiano, devemos nos lembrar de que não somos máquinas. Necessitamos, sim, ir em busca de um ritmo de vida conforme os nossos passos, sem cobranças, sem metas inalcançáveis. Se tivermos que pegar aquele ônibus lotado para não nos atrasarmos — não há problemas — isso faz parte da rotina das grandes cidades que não tem um sistema de transporte público bem dimensionado. No momento em que ficarmos presos em um engarrafamento, podemos avisar o nosso chefe explicando a situação. Após isso, é só ligar a playlist, por nossas músicas preferidas, e curtiremos a viagem. Em fins de semana, podemos levar nossas famílias para passear, brincar com nossos filhos. Vivamos o presente, sem atropelos, sem corridas desnecessárias, sem queimar etapas da vida pensando em um futuro que chegará, um dia. Logo, tudo tem seu tempo!
Embora se desvincular da pressão frenética do dia a dia, nem sempre seja uma opção, podemos encontrar formas mais equilibradas de lidar com o stress, a angústia, a ansiedade que a correria do mundo moderno nos gera. O nosso planeta não está girando mais rápido, e nós não despencaremos se resolvermos dar uma pausa para repensarmos nossas rotinas. Ainda que sejamos impelidos a acompanhar uma roda que gira freneticamente, impulsionada por agendas e horários, necessitamos de paradas para respirar, para amar, para ouvir, para abraçar, para viver e… sobreviver.
Por NERI LUIZ CAPPELLARI