Sou poeta
que escreve versos
para os excluídos,
os invisíveis.
Nada pior que a invisibilidade.
É quando você existe,
mas ninguém te vê.
Ninguém vê o sofrimento
do outro, a angústia incessante,
presente no semelhante.
Meus versos choram
quando lágrimas
não consigo segurar.
Meus versos gritam
quando percebo
que não posso ajudar.
Meus versos se conflitam
quando me deparo
com a impotência
do meu ser.
Meus versos perdem
a inocência
quando vejo perversidade
diante de meus olhos.
Meus versos envelhecem
quando ninguém os lê.
Versos têm alma.
Alma inquieta, dor da partida,
medo da solidão.
Alma cansada, esmorecida,
vivida pela desilusão.
Meus versos me despertam
e recomeçam quando acredito
em mim mesma.
E, no recomeço,
a esperança da mudança
do outro e do meu ser.
Por RITA DE CÁSSIA
Brasília – Distrito Federal, Brasil
