Saudações, amantes da literatura erótica! É com imenso prazer que me junto ao seleto grupo de escritores desse gênero fascinante. Minha gratidão se estende ao ilustre CEO, JB Wolf, por nos proporcionar este magnífico espaço de expressão. Em tempos onde raramente encontramos portas abertas para nossos sentimentos mais profundos, a coluna “Desnuda em Palavras” surge como um refúgio. Aqui, podemos compartilhar as mais intensas e arrebatadoras poesias eróticas, desnudando nossas almas e celebrando a sensualidade em sua forma mais sublime.
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Puxe uma cadeira e acomode-se. Sirva-se de um vinho das terras onde os invernos são gelados e as paixões fervilham. Prepare-se, pois vamos adentrar no mundo épico e sensual de “Abelard e Heloisa” e a sua natureza dramática, romântica e trágica. E, em seguida, e não menos importante, você irá conhecer o talento intrigante do meu convidado, o escritor brasiliense JP Haegob.
Abelardo e Heloisa os Amantes Imortais
A história de Pierre Abelard e Heloísa é um relato eterno de amor e tragédia, que ecoa através dos séculos. Abelard, renomado filósofo, teólogo e lógico francês do século XII, deixou uma marca indelével na história da filosofia escolástica. Sua jovem e brilhante aluna, Heloísa, cativou seu coração e mente, tornando-se não apenas sua aprendiz, mas também sua amante.
Conhecidos como os amantes imortais, Abelard e Heloísa desafiaram as convenções sociais e religiosas de sua época, enfrentando o tabu de um relacionamento entre professor e aluna. Seus encontros secretos aconteciam em locais sagrados, onde a jovem Heloísa podia frequentar sem levantar suspeitas. Apesar da culpa que os assolava por amarem-se em solo consagrado, sua paixão só se intensificava.
O amor entre eles floresceu durante suas aulas particulares, transcendo as barreiras de idade e posição social. No entanto, a descoberta de seus encontros secretos e trocas de cartas ardentes por um servo desleal trouxe à tona a oposição feroz de Fulbert, tio de Heloísa. Apesar das tentativas de separá-los, o amor entre Abelard e Heloísa permaneceu inabalável, desafiando todas as adversidades.
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Apesar dos obstáculos, o casal continuou a se corresponder e a se encontrar em segredo. No entanto, o destino trágico os alcançou quando Fulbert, em um ato de vingança, organizou uma emboscada contra Abelard, que foi brutalmente castrado por seus capangas.
Após o incidente, Abelard se tornou monge e Heloísa uma freira, e os dois foram separados para sempre. Abelard foi enterrado no Cemitério do Père-Lachaise, em Paris, enquanto Heloísa foi sepultada no Convento de Paraclet, também na França.
Embora suas vidas tenham sido marcadas por tragédias e separações, o amor entre eles permaneceu imortalizado através de suas cartas apaixonadas, que revelam a profundidade de seus sentimentos e a intensidade de sua ligação.
“Abelardo e Heloísa nas Páginas: O Romance Imortalizado pela Literatura”
A trágica e apaixonada história de Abelardo e Heloísa não se limitou às suas vidas e correspondências. Ao longo dos séculos, essa saga tocou profundamente diversos autores, resultando em inúmeras obras literárias que recontam e reinterpretam o relacionamento deles.
Uma das obras mais notáveis é o romance “Stealing Heaven” (Roubando o Paraíso), escrito por Marion Meade. Este livro oferece uma versão ficcional detalhada do romance entre Abelardo e Heloísa, explorando as nuances de seus sentimentos e as dramáticas circunstâncias que os cercaram. Meade combina pesquisa histórica com uma narrativa envolvente, proporcionando aos leitores uma visão rica e emocional da vida desses amantes medievais.
Além disso, as próprias cartas de Abelardo e Heloísa foram compiladas e publicadas ao longo dos anos, oferecendo uma janela direta para seus pensamentos e emoções. Estas cartas são consideradas algumas das mais belas e sinceras correspondências amorosas da literatura mundial. Elas revelam não apenas a profundidade de sua paixão, mas também suas reflexões sobre filosofia, religião e as dificuldades impostas pela sociedade.
Essas obras literárias continuam a cativar leitores modernos, mantendo viva a memória de Abelardo e Heloísa e demonstrando como seu amor transcendeu as barreiras do tempo e da tragédia.
“Eternos Amantes: Abelardo e Heloisa no Cinema”
Existem várias adaptações cinematográficas e televisivas dessa emocionante história. Uma das mais conhecidas é o filme “Stealing Heaven” (Roubando o Paraíso), lançado em 1988 e dirigido por Clive Donner. Derek de Lint interpreta Abelard e Kim Thomson interpreta Heloísa. “Stealing Heaven” é baseado no romance homônimo de Marion Meade, inspirado na história real dos amantes medievais.
Outra adaptação notável é o filme “Éloïse” (também conhecido como “Heloísa”), lançado em 2009 e dirigido por Rupert Everett. Nesta versão, Rupert Everett assume o papel de Abelard, enquanto Julie Delpy interpreta Heloísa.
Esses filmes oferecem interpretações cinematográficas da intensa história de amor, conflito e tragédia entre Abelard e Heloísa, cativando audiências com a profundidade de seu relacionamento e as adversidades que enfrentaram.
Cartas de Heloisa para Abelardo
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1)” Deus fingiu não ver”
Eu, infeliz e aflita entre todas as mulheres. Tu levaste-me ainda mais alto, só para aumentar a minha dor na queda. Enquanto entregávamo-nos aos prazeres da luxúria, Deus fingiu não estar vendo, mas depois castigou-nos, e nem mesmo o nosso casamento abrandou a sua cólera. O maligno sabe até bem demais como usar uma mulher para arruinar um homem. Éramos dois a pecar, mas só tu tiveste que pagar. Agora eu também sofro.
Por tempo demais entreguei-me aos prazeres a carne e este é o justo castigo. Persegue-me a lembrança. Até durante a missa, quando a oração deveria fazer-me sentir mais pura, as lembranças atormentam a minha mente, e em lugar de arrepender-me tenho saudade daquilo que perdi.
As pessoas louvam a minha castidade só porque não sabem que no fundo não passo de uma hipócrita. A minha habilidade em fingir consegue engana-las, mas eu não me curei: penso em ti, te amo, te quero, te desejo, como antes, mais do que antes.
2) É certo que quanto maior é a causa da dor, maior se faz a necessidade de para ela encontrar consolo, e este ninguém pode me dar, além de ti. Tu és a causa de minha pena, e só tu podes me proporcionar conforto. Só tu tens o poder de me entristecer, de me fazer feliz ou trazer consolo
1 Cartas de Abelardo para Heloisa
Tu sabes a que baixeza arrastou a minha desenfreada concupiscência a nossos corpos. Nem o simples pudor, nem a reverência devida a Deus foram capazes de apartar-me do seio da lascívia, nem mesmo nos dias da paixão do senhor ou qualquer outra festa solene.
Mereço a morte e alcanço a vida. Se me chamam dou as costas. Persisto no crime e sou perdoado contra minha vontade. Tu me disseste: “Mas eu sofri por ti”, e isso, sem dúvida. Mas eu sofri mais por ti, e isso, mesmo contra a tua vontade. Não por um amor que sairá de ti, mas por coação minha. Não resultou em tua salvação, mas apenas em tua dor.
Ele, ao contrário, padeceu porque quis e nos trouxe a salvação.
Ele, que com tua paixão cura todas as enfermidades e dissipa toda dor. É nele – te suplico – e não em mim que irás centrar toda a tua devoção, toda a tua compaixão. Chora a grande injustiça cometida contra um ser tão inocente e não chora a justa vingança da equidade sobre mim – e, se quiseres, como já te digo -, a suprema graça que caiu sobre nós dois.
2) Carta de Abelardo para Heloisa:
“É certo que quanto maior é a causa da dor, maior se faz a necessidade de para ela encontrar consolo, e este ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar conforto.
Só tu tens o poder de me entristecer, de me fazer feliz ou trazer consolo.”
Carta de Abelardo para Heloisa:
3) “Fujo-me para longe de ti, evitando-te como um inimigo, mas incessantemente te procuro em meu pensamento.
Trago tua imagem em minha memória, e assim me traio e contradigo, eu te odeio, eu te amo.”
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Carta de Abelardo a um amigo
4) Sob o pretexto de estudar, entregávamos inteiramente ao amor. As lições nos propiciavam esses Tetê á Tetê secretos que o amor anseia. Os livros permaneciam abertos, mas o amor mais do que a nossa leitura em o objeto dos nossos diálogos. Trocávamos mais beijos do que proposições sabias.
Minhas mãos voltavam com mais frequência a seus seios, do que a nossos livros. O amor mais frequentemente se buscava nos olhos de um e outro, do que a atenção os dirigia sobre o texto.
“Flores do Amor Medieval: Trechos Apaixonados e trágicos de Abelardo e Heloisa
*Em alguns meses, eles se conheciam bem e a ânsia de ficarem juntos só aumentava. Um dia, Abelardo tirou a túnica que prendia a túnica de Heloísa, e os dois se amaram apaixonadamente. A partir desse momento, negligenciaram os estudos, passando a viver em função do amor que um sentia pelo outro.
*Heloísa preparou porções para seu tio dormir, e com a ajuda da criada Sibyle, Abelardo foi conduzido a outro local, que passou a ser o ponto de encontro dos dois. Uma noite, porém, alertado por outra criada, Fulber acabou por descobri-los.
*Segundo algumas versões, Heloísa teria dito ao amado que seria freira, mas não por amor a Deus, e sim para poder vê-lo de vez em quando. De qualquer forma, o fato mais marcante é a força moral de Heloísa, determinada a não pertencer a qualquer outro homem que não Abelardo.
*Heloísa foi espancada, e a casa passou a ser cuidadosamente vigiada. Mesmo assim, o amor dos dois não diminuiu, e eles continuaram a se encontrar nas cercanias de igrejas, onde Fulbert erroneamente julgou que a sobrinha ainda podia frequentar sem vigilância.
*Conta-se que, ao abrirem a sepultura de Abelardo, para ali depositarem Heloísa, encontraram seu corpo ainda intacto de braços abertos, como se estivesse a esperá-la.
Nota de Tônia Lavínia
“Envolvida pelo aroma do papel antigo das cartas de amantes e pela atmosfera vívida das cenas do filme, sinto-me magicamente transportada para um tempo distante, onde as palavras dançavam delicadamente no lugar dos toques e os suspiros se entrelaçavam em segredo, como notas musicais no ar. Sou uma devota dos romances de época, fascinada pela elegância das eras passadas e pelos amores proibidos que desafiam as convenções sociais.”
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Por TÔNIA LAVÍNIA