Olá apreciadores da literatura erótica, estou muito feliz com o trabalho que venho junto com os escritores da literatura erótica, e sempre agradecendo ao CEO JB.Wolf por nos abrir esse espaço, pois dificilmente encontramos portas abertas para nos expressar. Através da coluna “Desnuda em Palavras”, temos a liberdade para entregar ao mundo a expressão das mais quentes poesias eróticas.
Nesta edição, vamos falar de um escritor que particularmente aprecio muito, “Nelson Rodrigues”. Um escritor completo, porém polêmico em seus enredos, e muito provocador.
Na página a seguir, teremos a participação de um escritor que conheci a pouco tempo, Luiz Konz, que escreve deliciosos contos, histórias bem quentes, escreveu alguns textos ainda não divulgados, deixando as primeiras leituras ao público especial da “Desnuda em Palavras”. Os homens que tenho a honra de suas participações desde o início, sabem como excitar o leitor sem a vulgaridade, pois a leitura deve seduzir os olhos de quem lê, mexer com os sentidos, e é ai que está o segredo de uma deliciosa leitura, fazer o leitor se sentir na cena, e esse é o nosso objetivo, de que você se sinta na cena, deixe-se levar. Aprecie!
Oi… Eu sou a Tônia. Vem se deliciar comigo, vem!
Nelson Rodrigues
Nelson Rodrigues, quem foi? Vida, trajetória profissional e curiosidades:
Nelson Falcão Rodrigues foi um escritor, jornalista, ator, teatrólogo, contista e cronista de costumes, e de futebol brasileiro. É considerado o maior dramaturgo do Brasil. Nascido no Recife, Pernambuco, mudou-se em 1916 para a cidade do Rio de Janeiro ainda criança, onde viveria toda a sua vida.
Seu pai, o ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues, perseguido politicamente, resolveu estabelecer-se na então capital federal em julho de 1916 empregando-se no jornal “Correio da Manhã, de propriedade de Edmundo Bittencour. Na década 1920 Mário Rodrigues fundou o jornal “A Manhã”, após romper com Edmundo Bittencourt.
Apesar da bonança, Mário Rodrigues perderia o controle acionário do jornal “A manhã” para o sócio. Mas, em 1928, com o providencial auxílio financeiro do vice-presidente Fernando de Melo Viana, Mario fundou o diário “Critica”.
Seria o jornal do pai que Nélson começaria sua carreira jornalística, na seção de polícia, com apenas 13 anos de idade. Os relatos de crimes passionais e pactos de morte entre casais apaixonados incendiavam a imaginação do adolescente romântico, que utilizaria muitas das histórias reais que cobria em suas crônicas futuras. Neste período, a família Rodrigues conseguiria atingir uma situação financeira confortável, mudando-se para o bairro de Copacabana, então um arrabalde luxuoso da orla carioca.
Com 14 anos escreveu o seu primeiro artigo “A Tragédia de Pedra”, recebido com entusiasmo e uma espécie de prelúdio da sua escrita criativa.
Segundo o próprio Nelson em suas “Memorias”, seu grande laboratório e inspiração foi a infância vivida na Zona Norte da cidade. Dos anos passados numa casa simples na rua Alegre, 135 (atual rua Almirante Joao Cândido Brasil), no bairro de Alameda Campista, saíram para suas crônicas e peças teatrais as situações provocadas pela moral vigente na classe média dos primeiros anos do século XX e suas tensões morais e materiais.
Sua infância foi marcada por este clima e pela personalidade do garoto Nelson. Retraído era um leitor compulsivo de livros românticos do século XIX. Nesta época ocorreu também para Nelson a descoberta do futebol, uma paixão que conservaria por toda a vida e que lhe marcaria o estilo literário.
Nelson Rodrigues: O Gênio
Dramaturgo e jornalista, um dos mais populares e polêmicos escritores, Nelson revolucionou o teatro brasileiro com sua escrita irreverente e personalidade polêmica. O escritor tinha obsessão por questionar a perfeição do ser humano. Nelson divide opiniões. Para alguns ele abusava dos conflitos psicológicos para chocar. Para outros foi um gênio que revelou os defeitos e perversões para acabar com a falsa imagem de perfeição da sociedade.
Questionado uma vez pelo amigo Manuel Bandeira porque não retratava pessoas normais, Nelson respondeu: “Mas eu só escrevo sobre gente normal, como eu e você. Toda unanimidade é burra”.
Era conhecido por seu humor ácido e politicamente incorreto, suas obras foram marcadas pelo brilhantismo controverso, de quem, embora tenha apoiado o Golpe de 64, sofreu com a censura no período militar. Entre temas polêmicos, Nelson Rodrigues transitou por assuntos como morte, crime e traição, transpostos na vida cotidiana do subúrbio carioca, carregados de tragédia e humor.
No teatro, teve uma carreira fúlgida, marcada pelas críticas, com as peças: “Vestido de Noiva”, “Boca de Ouro”, “A Falecida”, “Toda Nudez Será Castigada”, entre outras. Além disso, fez carreira na televisão e no jornalismo e, durante todo este período, sua vida foi marcada por polemicas, frases repletas de humor ácido e entrevistas que revelavam sua personalidade notória.
Tragédia Familiar
Além disso, com temas policiais, relatos sensacionalistas e ilustrações vividas e sem pudor, A Crítica se tornou popular, mas, foi justamente nesse palco que abalaria o dramaturgo profundamente: O assassinato do seu irmão, ilustrador e pintor Roberto Rodrigues, em 1929.
Após a divulgação de uma matéria ilustrada por Roberto, sobre uma separação do casal Sylvia Serafim João Thibau Junior, Sylvia invadiu a redação do jornal com uma arma e disparou em Roberto.
Sofrendo a perda do filho, Mário Rodrigues enfrentou a depressão e o vício em álcool. Assim, em 1930, faleceu decorrente de uma trombose cerebral. Após tudo isso “A Crítica” sucumbiu fechando as suas portas em 1930. Nelson ingressou no jornal “O Globo”, criou uma relação amistosa com Roberto Marinho, que, inclusive, pagou seu tratamento contra tuberculose, na década de 30.
Ascenção no Teatro
Em 1940, Nelson começou aflorar seu contato com ficção. Neste período dividiu seu tempo como diretor no jornal e escritor de peças teatrais, função, inclusive, que o levaria ao prestigio de um dos principais dramaturgos do país. Lado a lado com o teatro, o jornalismo foi para ele um ambiente privilegiado de expressão. Dedicou a escrever sobre futebol, em que empregou toda a sua veia dramática transformando partidas em batalhas épicas e jogadores em heróis. Trabalhou nos diversos jornais e revistas, assinando artigos crônicas, como o popular e discutida: “A Vida Como Ela É”.
Nelson Rodrigues: O anjo Pornográfico
Nelson Rodrigues trazia para os palcos a palavra suada das ruas. Além do estilo coloquial, suas peças tratavam de denunciar toda a hipocrisia que pairava sobre uma sociedade vítima da repressão sexual, revelando toda a perversão e deturpação dessa sexualidade latente. Suas obras foram muitas vezes mal compreendidas, censuradas e suas peças tachadas como pornográficas, corrompedoras da família tradicional e dos bons costumes.
Os críticos, chocados, não conseguiam enxergá-las em seus aspectos simbólicos, como arte. Nelson sempre se utilizou de elementos obscenos em seu teatro catártico onde os personagens acabavam possuídos por seu lado mais primitivo. Obras como a própria personalidade do autor afim de compreender o sentido do teatro que propunha enquanto purificados de desejos inconfessos.
Nelson Rodrigues tinha a capacidade de mergulhar nas profundezas sombrias e trazê-las à tona de forma brutal num estilo quase que sarcástico como apenas uma pessoa com um forte poder de julgamento e crítica poderia. O retrato cru dessa natureza instintiva do homem que toca o absurdo, ganha um tom irônico, crítico, característico de sua arte quando trazido para o quotidiano mais banal.
Enigma até para as pessoas mais chegadas, e nesses dramas novelescos vemos novamente a questão da hipocrisia social que impulsionar o autor no seu trabalho de despir seus personagens até de suas personas, nas raízes sombrias, e revelando a muita gente que se esconde por trás de máscaras e véus.
Rui Castro escreveu uma biografia sobre o autor, relatando algumas manifestações do inconsciente em Nelson. “Seus apelos à sensibilidade ficaram tão agudos que começou a enxergar miragens. Em “O elogio do silêncio” de 23 de fevereiro, Nelson viu flores que se transformavam em lindos seios que acabam como botões de rosa. “A Felicidade”, de 8 de março, comparou a lua a “Uma prostituta velha que ainda se julga apetecível para rapazes que zombam dela”. E em “Palavras ao mar”, de 22 de março, descreve ondas que “depois de altanarem num arremesso formidável, caem ruidosamente no torvelinho de espumas, parecendo um bando de mulheres se contorcendo em convulsões de amor”.
A estreita relação com o inconsciente conduziu o autor para além da dimensão pessoal e por tocar em questões coletivas seu teatro chocava, incomodava, gerava polemica.
Vida Pessoal
No dia 29 de abril de 1940, Nelson se casa com Elza Bretanha, eles foram até o juiz, escondidos da mãe da noiva. O casamento religioso só aconteceu em 17 de maio do mesmo ano.
Neste mesmo ano Nelson perdeu 30% da visão de cada olho e Elza engravidou. Joffre nasceu em 1941. O casal teve outro filho, Nelsinho, em 1945. Em 1963 Nelson se separa de Elza Bretanha. Passa a se relacionar com Lucia Cruz lima, que lhe deu uma filha Daniela, que nasceu prematura e com sérios problemas de saúde. Os dois passaram 8 anos juntos. Depois de separado, passou a se relacionar com Helena Maria. Em 1977 ele volta a viver com Elza Bretanha.
Obras de Nelson Rodrigues
Falar das obras literárias desse maravilhoso escritor, ator, jornalista, dramaturgo, seria cometer um pecado deixando várias obras fora da minha coluna, contudo deixarei aqui nomes de algumas peças de teatro, novelas e livros.
Novela: A morta sem Espelho.
Peças Teatrais:
“Mulher sem pecado” 1942, “Vestido de noiva” 1943, “Álbum de família”, 1946, que trata de um incesto, obra censurada e liberada duas décadas depois. “Bonitinha mas Ordinária” 1963, visto por 2 milhões de pessoas, “Engraçadinha seus pecados e seus Amores” 1981, filme brasileiro, adaptação de “Asfalto Selvagem”.
Em 1957, Nelson Rodrigues estreia como ator no papel de “Tio Raul”, um dos personagens da peça “Perdoa-me por me Traíres”, encenada no teatro Municipal do Rio de Janeiro e dirigida por Léo Jusi.
“O Casamento”, 1966, única obra de Nelson Rodrigues escrita originalmente como romance, foi também o primeiro livro a ser censurado num Brasil sob ditadura. “A vida como Ela É, 1961, “Meu Destino é Pecar” 1944.
O acervo de Nelson Rodrigues é extenso, e vale muito a pena ler, e conhecer um dos maiores escritores completo do País.
Frases de Nelson Rodrigues, Algumas até polemicas
* Toda unanimidade é burra. Quem pensa com unanimidade não precisa pensar.
* Era preciso que alguém fosse de mulher em mulher anunciando: Ser bonita não interessa, seja interessante.
* Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam.
* O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: O da imaturidade.
* Não há admiração mais deliciosa do que a do inimigo.
* “Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora”.
* Todo amor é eterno e, se acaba não era amor.
* Toda mulher bonita é um pouco namorada lésbica de si mesma.
* Toda mulher gosta de apanhar, apenas as neuróticas reagem.
* O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza.
Nota da escritora e colunista Tônia Lavínia
Nelson Rodrigues foi um grande escritor, dramaturgo, cronista, ator, romancista, jornalista. Ele foi e é completo, e está imortalizado na literatura brasileira, merece todo o reconhecimento. Polêmico e revolucionário, passou pela terra deixando um acervo maravilhoso de suas obras, e um legado incrível nos palcos teatrais, nas telenovelas, e literário. Ao longo da sua trajetória artística é considerado o nome mais influente na arte do nosso país.
Leiam a sua história, seus livros, e apreciem mais um escritor nacional.
Por TÔNIA LAVÍNIA