Olho pela janela as gostas frias da chuva fina que cai, escorrendo pelos vidros embaçados.
É inverno, sinto calor no meu corpo, nas minhas partes silenciosas, mudas, que gritam, somente para que você ouça.
O sol estava em meus olhos todas as manhãs, olhando te, e eu ainda nua coberta apenas pelo o teu corpo quente, despido. O cheiro dos teus cabelos. Você sempre foi a minha necessidade.
A falta que sinto, nada é capaz de preencher os meus dias frios, melancólicos. Fecho os meus olhos e te sinto nas distancias do tempo. E na última manhã de novembro, a última página do meu corpo que você escreveu com o seu, inteiro.
Lembro-te…
Escrevias pelas manhãs os teus poemas, os nossos momentos eternizados na cama, entre os lençóis amarrotados que eram o nosso diário.
Choro a ausência do seu calor, pois hoje só sinto frio. Estou abandonada, sozinha, querendo-te, lembrando o amor intenso, penetrada pela loucura de nos buscarmos no desespero excitado, ansiosos no desejo de tornarmos um, sendo dois.
Me deflorava penetrando em mim as suas palavras, que me deixavam escorrer por uma noite inteira.
Olho para o lado e as cenas se materializam, em cima da cama, choro pelas histórias contadas ali, por tantas noites faladas. Toco a alça da longa camisola que me cobre o corpo embriagado de paixão, tantas vezes beijado, amado, lambido, sugado por tua boca, penetrado por ti. Deslizo-a pelo ombro, depois a outra, e deixo-a deslizar pelo o meu corpo, até chegar aos meus pés tocando o chão.
Pressiono os meus seios no vidro frio da janela, com meus segredos e desejos perdidos, e me recordo do seu corpo, apertando o meu em uma busca de o de florescer até a alma gozar, entregando ao meu corpo o alivio de me matar de prazer, até me desfazer completamente, sendo totalmente sua, por ti.
Seus dedos me penetrando, buscando o eco dos meus gritos internos, as palavras molhadas de desejo, do amor verdadeiro da sua alma buscando a minha.
Sua boca esvaziava e amparavas a minha bebida quente que molhava os teus lábios, a tua boca.
Minha boca com lábios rosados encostam no vidro frio e embaçado da janela. Fecho os meus olhos e retorno ao último momento, em que os seus dedos entram por baixo dos meus cabelos, deslizando por minha nuca, me fazendo olhar para ti, me dizendo com voz rouca o quanto me desejava.
Eu morria em ti, e você em mim.
Sobrevivíamos todas as noites unidos por um orgasmo espiritual, molhados como os dias de chuva.
Ainda estou aqui, nua, com meus seios pressionados no vidro frio da janela, me derramando, gozando por tuas palavras, revelando meus delírios, te querendo mesmo na distância, com saudades da xicara de café, a rosa deixadas nas manhãs, que me dizias sem precisar escrever os teus poemas, anunciando que as manhãs frias, não existiram mais na minha janela enquanto chove… Amor meu…
Sinto tanto frio!
“Do Outro Lado da Janela, Chuva, Frio, Eu… Nua.
Em Resposta Ao Teu Poema” – Tônia Lavínia
Por TÔNIA LAVÍNIA