DESVENDANDO A FANTASIA – Deuses, Mitologia e Livros de Ficção Fantástica

DESVENDANDO A FANTASIA – Deuses, Mitologia e Livros de Ficção Fantástica

 Falar sobre mitologia e deuses é pensar, automaticamente, na Grécia Antiga. O berço das grandes lendas envolvendo a explicação das relações do mundo, onde surgiram tantas formações políticas e sociais, até hoje empregadas entre nós.

 Também, foi o seio de boa parte da dramaturgia conhecida, que deu origem à tantas técnicas incríveis da atual escrita criativa.

 Mas, não só a nossa estimada Grécia é rica em mitos. Toda a sociedade humana possui o seu jeito de interpretar a existência e associá-la às crenças e essa variabilidade de cultura é o segredo por trás de tantos enredos literários.

 

 O que Deuses e Mitologia têm a ver com livros?

 Para começar, quando falamos de ficção, principalmente, de ficção fantásticas, estamos nos referindo a uma história não real, que, intrinsecamente, aborda temáticas e estruturas condizentes com a nossa realidade.

 Escritores de ficção carregam o poder do famoso “e se tal coisa acontecesse”. Eventos imaginários movimentam a nossa sociedade desde os primórdios dos tempos – e estou me referindo a pré-história, a idade da pedra mesmo.

 O mito é uma forma alternativa para explicar eventos da realidade os quais precisamos de compreensão. Foi a partir de muitos mitos que desenvolvemos a ciência como a conhecemos.

 Desse modo, quando entramos em mundos alternativos, saímos da racionalidade científica, para nos conectarmos com nossos mitos e/ ou com os mitos de outras culturas – o que é mais comum de encontrar.

 Acontece que essas questões mitológicas e divinas são intrínsecas aos seres humanos, fazendo parte, inclusive de sua fisiologia e saúde mental.

 Dessa maneira, é natural haver uma maior identificação em histórias que fazem alusão a esse cenário mais espiritual, no qual as explicações sobre montanhas e eventos naturais são oriundas dos Deuses. E, claro, do mito.

 

 O Ser Humano Necessita Crer

 Ao longo da evolução humana podemos ver diversos exemplos de sociedades e povoados que baseavam sua vida nas crenças e nos mitos.

 Isso não é novidade. Mas, por qual razão nos apegamos tanto a isso?

 Segundo alguns pesquisadores da psicologia, o ser humano desenvolveu a crença como uma forma de autodefesa, visto que, nem sempre sabíamos explicar certos eventos, e o “não saber” nos dava a sensação de insegurança.

 Dessa maneira, algumas linhas de pesquisa apostam na hipótese de que precisamos crer em algo ou acabamos por enlouquecer. Ou seja, precisamos desse tal Deus, ou deuses, ou deusa, ou deuses.

 Uma obra que fala justamente que as crenças são uma “criação” humana é “Deus, um delírio”, de Richard Dawkins. Ele aponta como nos tornamos capacitados à crer e que essa forma misteriosa e impensável, a qual atribuímos aos tais deuses, não passa de um mecanismo de defesa para o autocontrole mental.

 Além disso, mitologias e crenças, principalmente no âmbito da religião, foram – e ainda são – usadas pela política. Afinal, qual forma melhor de controlar um povo que não pela emoção?

 Então, quando falamos de literatura fantásticas, principalmente a alta fantasia, é muito importante levar em consideração a forma como a cultura é apresentada, e como as questões mitológicas fazem parte da sociedade na qual está trabalhando.

 Pois é, toda literatura contém posicionamento político, seja consciente ou inconscientemente.

 

 Construção de Universos com o Uso da Mitologia

 Agora vamos ao que interessa. Escuto bastante a palavra bloqueio envolvendo o chamado worldbuilding, em tradução livre, criação de mundos.

 Muitos autores de fantasia se deparam com as travas envolvendo a seguinte pergunta: e agora? Como encaixo tal coisa com tal história?

 Parir um universo é um trabalho árduo, tenha em mente isso, mas não precisa ser tão danoso para seu coração e mente.

 Construir algo do zero é lidar com uma vasta possibilidade de coisas ao mesmo tempo, e esse bombardeio de informação pode ser o real motivo do seu bloqueio.

 Uma das coisas que mais ajudam na hora de criar é o uso da mitologia, porque ela une a criatividade e a realidade em uma poética bela.

 Ela pode ser o que faltava na sua história, pois é um dos pilares mais fortes para a formação de uma sociedade, mesmo em universos extremamente tecnológicos. Lembre-se: o ser humano precisa crer em algo, inclusive em nada.

 Além disso, as crenças movem nações. Desenvolver uma religião ou uma doutrina forte, pode ser o ponto chave de conflito da sua trama, aquele dedo político que faltava ou o motivo para catástrofes acontecerem

 Explicar os eventos naturais por meio do mito está no nosso sangue há séculos, então, esse é um recurso forte para que uma determinada sociedade do seu universo tenha construído sua cidade ao redor de uma enorme árvore de folhas prateadas, porque essa árvore é, na verdade, a filha da Deusa da Lua.

 Está aí um bom começo…

 Beijos de Fogo.

Por G.M. RHAEKYRION

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