DIALÉTICA – Filosofia, direito e nutrição: contrapontos da indiferença

DIALÉTICA – Filosofia, direito e nutrição: contrapontos da indiferença

O objetivo deste artigo é discutir a relação entre a ciência nutricional e a filosofia, bem como a psicanálise. Mostrar como a alimentação saudável pode ajudar a compreender de forma subjetiva e objetiva o “ser”, mas também, pode levar a um tecnicismo mórbido, como o desconhecimento do tipo de refeição que está sendo ingerido, destacando marcas culturais que contribuem para a massificação do pensamento, além de limitar o progresso de individuação ético e empático na sociedade civil atual.

A Filosofia como cunho de formação mental, atravessa peculiaridades intelectuais, quanto a uma saúde mental, que faça do indivíduo, um cunho de subjetividade, que tome consciência de si, mas que também possua ditames, como ao favorecimento de uma elevação de seu amadurecimento tanto individual como em vivência na sociedade.

A maiêutica é um seguimento no arcabouço do questionar infinitamente, com argumentos argumentativos-racionais, que fogem do achismo e da incerteza, germinando nutrientes para colocar, num mesmo aspecto cartesiano, tanto o corpo quanto a mente nas conjunções de uma organicidade de travessia do “belo”, que demonstre uma abrupta prisão psicológica em relação à atividade de questionar.

Vejamos que “o próprio Messias, em suas passagens, alerta para o perigo das vaidades, e da gula, criticando de maneira explícito o comércio, em seu templo, que em uma visão otimista, já apresenta fortes críticas ao acúmulo de capital sendo movido, e de bens que levem a escravização do homem pelo homem”. (1998)

Essa pretensão de unir todas as culturas e populações em torno da “boa nova” abre um caminho para uma antropologia de poder, na qual a “gnose” está comprometida a considerar que “o questionar” em vez de “acreditar” não está sendo classificado como uma taxação de padronização da opinião, mas sim, como um jugo para que a faculdade de questionar seja capaz de transgressão psicológica, não no caminho de descumprir regras, mas sim, nos confrontos e no caos das ideias, fazendo atividades no hipocampo.  

 “Agressividade intelectual”, uma expansão do armazenamento e confecções mentais, que vagam pelo hiperespaço, deliberando a produção de oxigênio ao qual se ateste um combate, quanto a homogeneidade, na forma de ideologia a contaminar a lapidação da criticidade.

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Uma “paedagogus”, da inversão humana, em fazer da arte de conversar, uma estrutura de poder, que reúna a dialética na troca de informação, mas sem perder a dignidade, de aproveitar os aspectos de uma política de integração social, educacional, (e nutricional), entre despertar o que é pessoal de cada um, mas que não haja os perigos da massificação ética e cultural.

Para os “paradigmas de culturas hibridas” (2013), segundo as palavras de Nestor Garcia Canclini, se caminha para um enunciamento que a mente pode produzir com uma sonoridade de maléficos nichos de assimilação do real, que se projetem como uma rede de formação mental que possa ser considerada sadia.

Não é “ser do contra”, mas uma senciência do caminhar historiográfico que postule suas tendências de maneira diacrônica, “ao comum”, não podendo ser classificado como a posição conceitual de opinião da maioria.

O vírus, COVID-19, alerta para os problemas de um entrelaçamento social, e sua carência, podendo fazer com que as sensibilidades, sejam direcionadas para um caminho débil de linguística, onde “a desconfiança profícua, seja curada”, nascendo uma condição de tecnicismo, quanto à conquista de novos cunho teleológicos.

O confinamento, e a fuga da realidade, com micro poderes, organizados para se ter o balanceamento do prazer corporal que não contenha artimanhas de valorizar o regrado das vontades, levando uma mente doente, auxiliar a um aspecto materialista, a insurgir uma revolta sem causa própria.

Não é relativizar a complexidade dos problemas filosóficos, mas arquitetar um favorecimento para uma saúde mental, onde o “dialogar”, não esteja cunhado a obrigatoriedade do “convencimento a todo custo”, de alguém ter a razão universal ou não.

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No sentido universal, o universo é adversário dos homens, que em seus átomos, se aglutinam em tecidos epiteliais, emblemando o “pecado original”, como uma sede de poder, escondida por palavras de bem-estar, que deificam mentalidades, e ousam desconfiar integralidades burocráticas, apenas como meros formalismos.

O esmero em colocar, que a reciclagem intelectual, é um traçado educacional, na luta contra o existencialismo, faz o afastamento do humanismo de se compreender a posição do “ser” no mundo.

Mais do que nunca, para a solidificação e “práxis real” da consciência lúdica, transcorre o medo da solidão, do julgamento alheio, a aceitar tudo sendo normalmente, os perigos de um amor fabricado nas chicanas, em manter a sanidade, diante de relutantes seguimentos de normatizações arbitrárias de regras sociais e políticas.

Em seu romance, “O Estrangeiro” (2005), Albert Camus, nos apresenta Mersault, homem vinculado ao vazio existencial, vivendo em uma Argélia ainda sobre o jugo do domínio colonial francês, tem sua nostalgia tirada, em seu percebimento “antropológico de conduta”, após cometer um crime passional por ciúmes.

Para uma contemplação a provocação filosófica, a saúde mental está em franco deslize.

Quantos indivíduos são notados, somente depois do seu (des.) falecimento?

Ou são julgados por um tribunal de grilhões ambulantes, que defronte a conservação de suas etiquetas faraônicas, para o endurecimento de estruturas de falsificacionismos de amizades que venham promover, um ornamento de que para “o bem viver”, é necessário estar petrificado diante um cotidiano de misérias, quanto ao favorecimento e crescimento do fluxo de questionamentos.

O senso-comum, em se viver, como um “Estrangeiro” na condução do respeito a integridade da vida, sendo assolado por crimes que não são prescritos, no favorecimento de alavancar, uma provocação com o ato, de “conhece-a ti mesmo”, testando seus limites.

“Os epiteliais funestos, e estrangeiros da ignorância”, estão habitando uma contingência de comportamento aos quais,  o “aprender”,  lançando uma pá de cal  ao senso-comum que não esteja procrastinado, a fazer das vontades pessoais, que reinvente o sentimentalismo para arquétipos que transponham o livramento da dor, como um andor para o enraivecimento do princípio de livre-arbítrio, que se choque com outros atritos de uma sociologia da exclusão, e sim saia da compensação hipócrita, que “ficar em cima do muro”, seja um sinal de um respeito ignorante, para fingir que se  importa com a opinião do próximo.

O respeito, que pode ser construído tanto com princípios perpassados nos esteios familiares, mas que submetem, em sua grande maioria a uma lógica, do que for “estranho”, ao cotidiano do “ser vivente”, gera um “objeto-vazio” a relacionamentos entre detentores da projeção intelectual, que possua uma evidente eliminação de ideários da paz entre adidos culturais, que não faça efervescências de uma filosofia que produza a criticidade de maneira endógena somente, para haver um  personalismo favorecendo a estar, “na pandemia do conformismo escaldante”.

Segundo a “Nutrição Comportamental” (2018) quando o Sistema Imunológico, não está de certa maneira endossado a um endoesqueleto contendo todas as vitaminas necessárias, para um compêndio de integrar todas as funções vitais,  equilibradas no transcorrer, de uma alucinação, integrada em “um eu”, que dilacera o papel da formação de argumentação que esteja no colóquio tanto para o entendimento e se fazer entender.

Diante a um papel de voltar para um favorecimento que o cartesianismo com base a um cardápio e indecente e inconsequente,  saturando fantasmas do senso-comum, que promovam uma alimentação que não provoque problemas clínicos, e enseje um preceito de paradoxo cultural estando submetido ao princípio da depressão, sido apresentada uma idiotice ideológica disseminada, sendo escancaradas em etapas psicológicas, repletas de lacunas sentimentais, que possam nutrirem uma neurobiologia, que se reinvente no fluxo de plasmas sanguíneos, para o favorecimento de uma saúde mental eloquente, diante os desastres, de carência de moral e ética, para se compreender, “como se pensar pelo corpo”.

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Somos Estrangeiros, em tempos históricos, onde o agrupamento se tornou uma arma de estamento à propaganda política, que tendência as pessoas a serem culpadas pelos seus mais simples hábitos de militância individualista, levando para uma hermenêutica, pelos quais os aspectos psicológicos nítidos de aceitação do outro, estão repletos de controles para um totalitarismo, do jugo de provir um amor verdadeiro.

Amar é algo burocrático, vendido por uma indústria de massa, que não salienta o valor do romantismo, como unidade, de comedimento, para levar ao favorecimento de uma reprodução biológica, que não esteja, na vitimização de uma psiquiatria que somente enxergue o problema da complexidade de cada indivíduo, e não comece o suicídio voluntário de clinicar o “questionar’, como uma dádiva universalista — egocêntrica do Homo sapiens.

Em ambientes educacionais com simetrias propedêuticas conformistas e deterministas, a concepção da arte política de “pão e circo”, ganha mais contornos de um controle social, pelo qual o espiritual, fique alicerçado, para a nutrição sem a cognição.

O psicomotricista português Vitor da Fonseca, defende a “concepção de uma escola ao qual o movimento corporal chegue ao seu estabelecimento epistemológico de prática de um respeito integração intelectual entre os discentes”(1995), que assim possa colocar sua visão do “estar no mundo”, em uma educação peristáltica que não fique guardando os sentidos de uma lógica  psicobiologia, que venha reproduzir estabelecimentos de uma educação burocrática, destinada somente aos seus soslaios de cumprimento de metas.

Isso, passa, por uma desprogramação mental, ao qual o estudante possa conter uma orientação alimentar, e também conheça o que é o “comer”.

No “freudismo”(1987), transcorrer um  elemento psicanalítico  de entendimento, em como se portar perante a ascensão de uma ditadura de estruturas corporais, de individuação ao qual o “ser” seja obrigado a se inserir em prosaicos caminhos, para uma falsa liberdade, engenhada   na ideia de uma mente que seja cíclica, e se coloque como produtora do seu próprio destino estando tão comprometida por signos de uma desvalorização do pensamento filosófico, como na obrigação a acompanhar alijados modelos de um tecnicismo de relações intersubjetivas, pelo quais o “efêmero, toma conta de condução, para uma narrativa de uma história de vida, sem o otimismo de respeito pelas vontades e opiniões alheias”.(LIPOVETSKY, 2009).

O homo Faber, conseguiu mudar seu ambiente, é necessário agora desconstruir sua consciência, de intransigentes conceitos preconceituosos, que o fazem adentrarem em um círculo viçoso, a conter a biologia discriminatória, quanto às ações de sua mente que possam conter uma validade, contra os abusos agregados, pelas instituições, cem um “Aparelho Ideológico de Estado” (1992), usando aqui de Louis Althusser, quanto à distribuição de alimentos, que possam realizar uma inteligência, que esteja equilibrada quanto aos perigos das “paixões da alma”.

O alargamento de adolescentes laudados, como também a fome e a miséria quanto à disseminação de um compêndio nutricional, que possa suprir suas limitações de vitaminas, no tangente a um bom equilíbrio da lapidação intelectual com criatividade, deixa exposto como crianças são vitimadas, por uns intrépidos bombardeios de um consumismo nefasto, ao qual não há um controle, e limites quanto satisfação das suas vontades, sendo seduzidos por sutis argumentos em evitar a solidão e o isolamento, emergindo a uma alimentação, que busque sintonias claras de bem-estar em sua projeção biopsicossocial.

A filosofia passa pacto nutricional,  estando à mercê uma aprendizagem vazia, ao qual a crítica não é um adjunto de inserção ao mercado de trabalho, ou de prosseguimento dos estudos, ou a uma possível carreira acadêmica, sendo os vícios mais algum complemento de dados estatísticos, do que propriamente uma ferramenta que venha a “nutrir”, uma acepção política, que não valorize um “malthusianismo mental” (1991) sadio, destruindo  o idealismo nato, com atitudes chegando a contaminar o mais simples ato, como a alimentação diária, banhada em uma explosão de produtos industrializados, que diretamente vai contaminado imunologias, para glias, que não retroalimentem sinapses, que estejam envolvidas na disseminação do respeito e da integridade moral, diante dos preconceitos e desvalorizações humanas de uma integridade casuística entre vida e sociedade.

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Num plantel estético, o pluralismo, o comércio de produtos alimentícios sintéticos, provocam questionamentos, comparando-os com os “alimentos que permitem o entendimento”, que inteligências sejam concebidas por uma necessidade incomensurável, em elevação toda a metafísica, como sendo provenientes de elementos materiais, gerando uma massificação de destruir a ludicidade, pressionando a zumbização do consciente, para um inconsciente claro e objetivo e facultativo ao crescimento e lucro, de um comércio indiscriminado de admissão, que o diferente se torna anormal.

Há uma falsa ideia de que os alimentos transgênicos, podem aprimorar a qualidade de vida das pessoas, resultando em refeições oferecidas para escolas, que completem as atenuações de favorecimento a uma fenomenologia que incentive o desenvolvimento neurológico do “questionamento”, sem se preocupar com o medo do julgamento discriminatório. Se não houver uma confabulação heurística, é possível fazer uma neurobiologia para que o “eu” saiba o que está consumindo e, assim, promover uma saúde mental e corporal clara e informativa.

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A ética do bem comer passa por caminhos descomparticipados, de uma concentração social, para um novo “modus vivendi”, a uma inclinação de pedagogias escolares, que não produzam a alienação intelectual, quanto, à nutrição e a reflexão, de uma forma que o preenchimento das aulas quanto ao conhecimento e conscientização das vitaminas e os seus benefícios, uma boa alimentação, estão garantidos pelas métricas do “Direito Educacional Brasileiro, bem como pela Carta da Constitucional de 1988.” (2008).

As mazelas e o desinteresse estatal, para a arregimentação, e destruição de discursos vazios, quanto à promoção e prática de atenuantes administrativo,  que valorizem uma alimentação de qualidade, bem como sua atribuição nutricional, para crianças e adolescentes, é um dos grandes entraves para mudanças de paradigmas de práticas escolares, que contenham responsabilidade civil e a impressão de comoção alheia, pelo que anda sendo servido nas merendas, em creches, escolas e colégios, tanto em âmbitos públicos como particulares, que assim façam um protagonismo de cidadania eloquente, quanto à elaboração de subjetividades banhadas de empatia e simpatia, por semiologias humanísticas, multiculturais e multiétnicos.

 

REFERÊNCIAS:

ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos de Estado. São Paulo. Graal, 1992.        ALVARENGA, M. Nutrição Comportamental. Barueri, Manole, 2018

A BÍBLIA SAGRADA. São Paulo.  Paulos, 1998.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal, 2008.

CAMUS. A. O Estrangeiro. Rio de Janeiro, Record, 2005.

CANCLINI, N, G. Cultura Híbridas. São Paulo, Edusp, 2013.

FONSECA, V. Dificuldades na Aprendizagem. São Paulo, Artmed, 1995.

FREUD, S. O Mal Estar da Civilização. São Paulo, Novo Cultural, 1987.

LIPOVETSKY, G. O Império do Efêmero. São Paulo, Companhia das Letras, 2009.  

MALTHUS, T.  Princípios de Economia Política. São Paulo, Nova Cultural, 1991.

Por CLAYTON ZOCARATO

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