Finou-se

Finou-se

 Partiu prematuramente a mulher que gestou grandes quimeras. Doou-se tanto às causas alheias que percebeu tarde demais o padecimento de si mesma. Não soube determinar o porquê do desamor. No entanto, ao fecundar a memória e relembrar de outrora, concluiu sem demora que não merecia demasiado descaso. Logo ela, a que se fazia útil por gosto, por renegar ser desgosto na vida de outrem! Não esperava muito da vida, apenas ansiava por ser respeitada e, consequentemente, valorizada. O autoamor não lhe faltava, entretanto, havia sido ensinada pelos dissabores em sua estrada, que boas pessoas eram, por vezes, menosprezadas. Por ser deveras humana, definhou. A sua sensibilidade aflorada, a tragou; esquecendo, assim, de ser sensata ao inferir que o seu destino era caminhar desarraigada. Finou-se, pois, a mórbida liquidez do presente tornou enferma a sua mente.

Por JEANE TERTULIANO

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