FLORESCENDO EM PENSAMENTOS – Toda voz quer ser ouvida

FLORESCENDO EM PENSAMENTOS – Toda voz quer ser ouvida

Há pessoas que constroem um caminho ímpar na trajetória da sua existência. Deixam rastros, passos; marcam com estilo único suas pegadas angariando colaboradores de uma causa. Elas têm o poder de falar por muitos.

Tornam-se vozes que ecoam aos quatro cantos de cada esquina sombria; mostram verdades nuas demais para serem largadas sob o tapete da hipocrisia e eternizam lutas sociais que não são perenes.

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No grito ou no volume máximo, essas vozes reverberam na fluidez da falsa moral desbancando preconceituosos.  São vozes masculinas, femininas, trans, que se transformaram em vozes de uma multidão que luta para ser ouvida e respeitada. Não uma minoria como alguns querem fazer parecer, mas um macro universo de indivíduos que só desejam ter direitos; que só querem um lugar ao céu dos incluídos, ao sol da dignidade.

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Essas vozes buscam lugar dentro dos lugares onde se abrigam os valores, os amores, os sonhos e se recusam a abaixar a cabeça, a aceitar rótulos estereotipados, manchados com a cor do preconceito. Elas exigem espaço lutando por cada pessoa deixada no caminho; dão as mãos formando uma conexão de força e coragem. Resilientes seguem caminhando com a força da juventude, mesmo que seus corpos já sintam o abandono da eternidade, mesmo que o grito seja abafado pela rouquidão dos abusos; sim, insistem porque sabem a importância do papel a ser cumprido. É uma missão abraçada desde muito tempo quando escolheram destruir os armários que prendiam sua liberdade e decidiram alçar voo na escolha de ser quem quisessem ser.

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E por acreditarem em si mesmos, ambicionam a igualdade de direitos tremulando num estandarte com as cores do arco-íris da vida. No fundo são crianças crescidas; são meninos e meninas que brincavam sem o medo dos rótulos, cujas vozes expressavam sorrisos e brincadeiras inocentes nos parques, ruas e bairros distantes dos vilarejos ou na cidade grande. Eram noites de vaga-lumes, dias de goiabeiras, pais austeros e mães submissas. Era tempo estreito, duro e severo demais onde a única realidade era o castigo físico aplicado sem moderação. Duas gerações e uma voz apenas. A voz do patriarca que ditava todas as leis do lar e jamais permitia qualquer outra voz a afrontar-lhe o direito incondicional.

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Felizmente, o tempo dos ditadores foi destruído pelos ratos. Os bustos de bronze foram derrubados. Os muros dinamitados e as correntes arrancadas dos pés. Cronos caminha a passos largos e até os soberanos caem, assim como cai também a ordem mundial e os rebeldes tomam o microfone para falar, gritar e mudar os rumos da História. Eles querem dar outra cara ao novo tempo, querem eternizar protestos dando tons diferentes às vozes que surgem. São palavras empoderadas, buriladas na força do desejo, na liberdade de expressão e na esperança de dias mais justos. Muitas delas chocam os padrões impostos pela sociedade, por isso sofrem as repressões advindas de raízes profundas. É preciso muita resistência para driblar as regras e chegar às traves do gol… fazê-lo então, é outra questão –   ainda mais complicada dentro do tempo regulamentar. Há juízes demais orquestrando a partida. Eles resistem e resistirão ainda por muito tempo. Não aceitam ouvir voz alguma além das suas próprias, ficam apitando com cartões vermelhos a fim de expulsar todos que não “dançam no mesmo ritmo”, não cumprem suas regras, aqueles que não se encaixam nas formas quadradinhas criadas e sustentadas por eles.

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Quisera eu poder engarrafar essas vozes para ir soltando pouco a pouco cada uma delas.

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Talvez assim fosse possível eternizar o belo da raça humana que é o direito de SER.

Talvez a humanidade pudesse compreender que a vida é governante de si e o direito à felicidade é mandamento para todos, não exceção.

Talvez um dia todas essas vozes possam ser ouvidas sem rótulos ou restrições.

Talvez um dia toda voz possa ter seu lugar na eternidade. Nesse tempo, toda forma de arte possa ser mostrada e aplaudida de pé por aqueles que apreciam o belo simplesmente pela nobreza artística.

Certamente falo de um tempo distante, de um futuro incerto onde somente uma reviravolta de crenças possa emergir das profundezas da terra, dos recantos mais abstratos da moral e dos bons costumes.  Um tempo onde humanos até convivam com outras raças, talvez de outros mundos… afinal não é privilégio exclusivo habitar este sistema inteiro.

Parece sem nexo para alguns, mas a raça humana precisa mudar de patamar e passar a se preocupar com questões muitos mais graves como a erradicação da fome ou a preservação do planeta. O ser humano ainda não compreendeu que há espaço para toda manifestação de vida, que há generosidade quando estendemos a mão para acolher, sem a pretensão de julgar. É mais que um gesto, é grandeza de alma. Sabem por quê? No final, todos querem ser aceitos, querem ser reconhecidos pelo que são e pelo que podem ser.

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Abominaram-se as senzalas do século passado, os maus tratos e a liberdade cerceada,  mas os cativos da era da IA perambulam pelas encruzilhadas sem saber qual rumo tomar porque temem a exposição vexatória, a agressão física e até a própria vida, porque a tal liberdade é limitada aos padrões impostos pela sociedade que lança às margens os que estão fora do modelo, os que mostram voz tímida, medrosa até, para gritar pelos seus direitos.

Pouco mudou além das páginas dos calendários. Elas foram arrancadas com tanto barulho que deixaram a humanidade sem ouvidos para ouvir…

Bem, encerro desejando que a minha voz seja flecha certeira a voar nos ares da ignorância rompendo tabus e preconceitos retrógrados; que aonde ela venha a cair, seja luz para iluminar incautos/ prepotentes e derrubar paradigmas obsoletos.

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Espero que a sua voz seja reflexo das suas verdades e valores, mas que, principalmente, ela respeite todas as outras para que possamos construir um mundo mais justo.

Fica bem.

Por CRIS GOMES

 

 

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