Acusam-me de excessos, de luxúria,
de usar sorriso ardil e olhar de assédio.
Afundam-me num mar de tanta injúria,
que o lodo da desonra ofusca o nédio!
Por certo, que jamais me entrego à fúria
e, enquanto vendo o corpo, espanto o tédio
dos homens que no lar impõem a espúria
e têm na minha carne o seu remédio.
Difícil é a minha vida fácil,
que além de uma aparência doce e grácil,
no corpo farto, o afeto faz jejum…
Se os homens sempre aquecem minha cama,
meu coração gelado só desama…
Os homens tenho todos e nenhum!
Por ELVIRA DRUMMOND
Vila Velha/ES