O dia fez-se noite, de repente…
Quedou-se um véu enegrecido e atroz.
Contemplo o mar revolto — meu algoz —
que causa dor dilacerante e ardente.
Se pasmo, frente ao caos, serei silente,
pois cabe a mim reinventar a voz
capaz de por um freio em tão veloz
e astuto mal a macular-me a mente.
Mergulho no oceano da esperança
que aviva a paz recuperada agora.
(No espelho d’água, vejo-me criança).
A lua, altiva, o prateado aflora…
e, embora seja noite, o olhar descansa
a pincelar, no coração, a aurora.
Por ELVIRA DRUMMOND
Vila Velha/ES