Se o tempo suga a vida e nos maltrata,
vestindo a fantasia de um vilão,
por certo, tal papel de escravocrata
pertence ao lado sombra, escuridão…
No seu teatro, o tempo — bom didata —
a todos traz surpresa em tom bordão:
se tinge meu cabelo todo prata,
amplia, em muitas cores, a visão…
Com nossa ingenuidade, se barganha,
propõe experiência em seu lugar.
(A indiferença fica para o incauto).
O tempo, qual subida na montanha,
aos poucos, faz o fôlego assolar,
mas nos permite olhar o solo do alto!
Por ELVIRA DRUMMOND
Vila Velha/ES