As lágrimas do inverno embaçam a janela
de um quarto em que a saudade infinda faz morada
e aponta para um céu de noite enluarada
enquanto o candeeiro antigo o leito vela.
Procuro na gaveta outro retrato dela
para que eu sobreviva à triste madrugada
e a taça já vazia e a carta amarelada
e a vida para mim outrora era mais bela.
O desamor transforma em nostalgia apenas
a inspiração que um dia alimentou as penas
do velho sonhador de coração menino.
Quem sabe a primavera ainda oferte flores
para o caixão de quem morreu por seus amores
dispersos pela rua insana do destino!
Por ADILSON COSTA
São Lourenço da Mata / PE