HISTÓRIA DAS ARTES – Escolas Literárias

HISTÓRIA DAS ARTES – Escolas Literárias

 A existência humana não se limita a satisfação de sua sobrevivência. O homem lança um olhar sobre o mundo que o cerca, expressando em forma de arte, sua existência e a insatisfação que a acompanha, seja social, política ou econômica. Se a arte se revela em crenças, costumes valores de um povo, em várias civilizações ela não pode se distanciar dos acontecimentos históricos — geográficos, políticos, sociais e econômicos que a perpassam. A literatura, nossa sexta arte, caracterizada pela palavra, não poderia surgir de modo diferente.

 Vem de toda forma de manifestação da escrita, registrando informações, acontecimentos, histórias desde os primeiros registros escritos até os dias atuais. Bem antes de ser escrita, ela foi narrativa. Nasce literatura narrativa e só bem mais tarde, entre as primeiras civilizações, alguns registros escritos vêm a ser considerado literatura.

 Toda história tem uma cultura, uma época, um lugar, vários conhecimentos dentro de uma mesma realidade que precisam ser desvendados. No sentido de facilitar o estudo e ensino da literatura como disciplina, e o agrupamento de escritores de acordo com características históricas, estilísticas, temáticas dentre outros, a literatura passa a ser sistematizada (no Brasil, a partir do quinhentismo). Presente em todas as civilizações, das mais antigas tribos até no cotidiano das grandes cidades contemporâneas, estudá-la e conhecê-la permite a evolução das habilidades sócio-emocionais, ampliando criatividade, imaginação e interpretação do mundo, situando-se no tempo e na história. Trazendo a leitores e escritores, sentimento de pertencimento de grupo, pois, partindo desse conhecimento há o enquadramento da obra produzida nos gêneros existentes, ou produz-se de acordo com as tendências, seguindo as características desses movimentos.

 As escolas literárias são classificadas de acordo com características afins: à língua, o tema, a estética, o papel e o contexto social, psíquica ou filosófica, o conjunto de autores (conscientes de seu fazer literário) e o público. Permitindo assim, classificar autores com mesmas características como mesmo período histórico, contexto social entre outras, numa mesma Escola literária.

 Os primeiros movimentos literários surgiram no Continente europeu, na Idade Média, período da história, marcado por uma sociedade religiosa, onde teocentrismo (Deus no centro do mundo) prevalecia, cujo homem ocupava um lugar secundário e estava à mercê dos valores cristãos, a liberdade artística e de pensamento eram restringidas pelo clero. Nesse cenário, como manifestação contra a burguesia e seus privilégios, surge o trovadorismo entre os séculos XI e XIV, considerado o primeiro movimento literário na literatura. Tendo como principal característica a aproximação da música e da poesia. As poesias eram feitas para serem cantadas ao som de instrumentos musicais. Geralmente, eram acompanhadas por flauta, viola e alaúde, e daí o nome “cantigas”. O movimento declinou no século XIV, quando surgiu o humanismo, rompendo com a forte influência da Igreja e do pensamento religioso da Idade Média, trazendo a valorização do ser humano.

 A literatura brasileira recebeu influência direta de Portugal. As escolas literárias no Brasil são divididas em dois grandes momentos: a Era Colonial e a Nacional. Esses dois períodos ficaram marcados e separados pela emancipação política do Brasil.

 Escolas da era colonial: inicia-se com a chegada dos portugueses, em 1500 (e a Carta de Caminha) nasce ali o Quinhentismo, composição textual com textos de informação e literatura de formação. Surge num período marcado pelas grandes navegações, descoberta de novos mundos. Daí a preocupação em descrever habitantes, costumes, ambiente natural. A partir dele, aconteceram todas as manifestações do século XVI.

 Em seguida temos o Barroco (1601 – 1768) caracterizado pelos detalhes, pelo exagero e pelo rebuscamento, marcado pelo dualismo: religião e ciência. Num período em que a liberdade de pensamento sofria grandes ameaças (inquisição), o Barroco manifesta-se no intuito de divulgar e manter a fé católica, considerada uma arte eclesiástica.

 Trazendo a exaltação da natureza e linguagem simples emerge o Arcadismo (1768 – 1808) marcado pelo Iluminismo, reverenciando a razão como sendo o valor humano mais elevado, afastando-se dos dogmatismos da religião.

 As escolas da era nacional caracterizam-se pela autonomia da literatura brasileira, cujo país, nesse momento, já é independente. O Romantismo (1836 – 1881) inaugurando esse momento se apresenta em três fases características distintas. Advém com a chegada da família real ao Brasil, e a elevação do país sede do reino unido de Portugal (Brasil e Algarves), e uma série de modernizações ocorrem. O movimento vem representar os ideais da burguesia em ascensão, vindo da superação dos regimes absolutistas.

 Já o Realismo, Naturalismo e Parnasianismo (1881 – 1893) trazem objetividade, temática social, linguagem objetiva e mais próxima da coloquial. Século de grande desenvolvimento cientifico e a arte procura valorizar a ciência como único ponto válido, priorizando o objetivismo. Já o Simbolismo (1893 – 1910) apresenta características subjetivas, espirituais e místicas, sentimentos e perspectivas de mundo de algumas sociedades alguns anos antes da Primeira Guerra Mundial. Marcado pela marginalidade das suas personagens despontam o Pré-Modernismo (1910 – 1922), não é considerado uma escola literária, mas sim um período de transição entre o simbolismo e o modernismo.

 Em meio à crise dos governos, café com leite, as guerras mundiais, entre outros fatos relevantes, aparece o Modernismo (1922 – 1950) com o objetivo de romper paradigmas e inaugurar formas novas de produzir arte.

 Divide-se em três fases, caracterizadas pela renovação estética, radicalismo, temáticas nacionalistas e inovações linguísticas e experimentações artísticas.

 O pós-modernismo (1950 — até hoje) vem com espontaneidade, liberdade artística, multiplicidade de estilos e combinação de tendências. Caracterizado pela aluição recente de inovações tecnológicas provindas do fenômeno da globalização e do capitalismo, pela insubmissão dos meios de comunicação e da informática, com a crescente influência do universo virtual, e pelo desmedido apelo consumista que seduz o homem pós-moderno. Representa a ruptura com antigos modelos de pensamento linear defendidos na era moderna pelos iluministas.

 As redes sociais têm um papel fundamental para a realização das mobilizações e se torna componente necessário da pós-modernidade. Auxiliando na construção não só de identidades, mas também dando vazão a elas. O universo virtual tem possibilitado aos escritores uma divulgação mais rápida e ampla de suas obras, promovendo a difusão do conhecimento em larga escala. A leitura e divulgação virtual da literatura tornam possível a interação com vários textos e leitores de várias partes no planeta. O mundo virtual tem contribuído de modo significativo para o desenvolvimento da leitura, com bastante abrangência e crescentes adeptos.

 Os livros e os hábitos de leitura não diferente e como consequência das mudanças ocorridas ao longo dos anos, sofre transformações na mesma medida como se transforma as sociedades. Nada mais sensato que se adequar as mudanças.

Por BETÂNIA PEREIRA

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