HISTÓRIA DAS ARTES – História da Fotografia

HISTÓRIA DAS ARTES – História da Fotografia

“Fotografar, é colocar na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração.”

Henri Cartier-Bresson

 

 A fotografia é uma forma de divulgar, analisar e entender o que nos rodeia. As imagens captadas por nossos olhares produzem diversas sensações, sentimentos, interpretações, permitindo que nossos olhos realizem diferentes caminhos dentro de uma mesma moldura. É arte, e como tal anuncia, denuncia, manifestam formatos, criações, decisões. Exalta e exala, fala. Fotografar é guardar momentos e sempre poder revisitá-los. É também olhar, analisar detalhes, buscar elementos interessantes, selecionar, testar o olhar em vários ângulos. Fotografia é arte buscando representar a beleza de modo intuitivo, para desse modo, despertar a sensibilidade e a emoção das pessoas. São criações de criadores, tanto artísticas quanto jornalísticas. Quem fotografa deseja transmitir algo.

 Sua história remonta períodos da antiguidade, mas foi somente em 1826 que a primeira foto foi feita. O responsável foi o francês Joseph Niépce. É uma técnica de reprodução de imagens que usa como base a luminosidade. A origem da palavra é uma junção dos termos gregos, foto que significa “luz”, e graphein, que exprime a noção de escrita. Portanto, a denominação de fotografia é “a escrita com a luz”. Mais do que registrar momentos, as fotos transmitem mensagens, contam histórias e levam a importantes reflexões: alegria, tristeza, guerra e até a luta pela sobrevivência podem ser vistas através de fotografias.

 Existem vários gêneros de fotografia, dentre eles podemos citar: fotojornalismo, publicitária, esportiva, artística, etc. Aqui percorremos o caminho da história da fotografia e conversaremos também sobre a sua expressão artística. A fotografia artística tem como objetivo expressar a emoção ou a ideia de um fotógrafo. Ela não tem a obrigação de retratar a realidade e logo conta com um forte caráter subjetivo.

 Nesse contexto, é essencial destacar que o aspecto mais importante de uma fotografia desse estilo é o de expressar a arte. Isso porque, para muitos, a fotografia documental e jornalística, por exemplo, são técnicas. Já a artística, por explorar a percepção e apresentar um processo artístico pautado em emoções, ideias e criatividade, é realmente arte.

 Para os amantes da fotografia, ter uma imagem gravada no papel, digitalizada traz grandes emoções (os hormônios da felicidade atingem o pico máximo). Com o advento das tecnologias, os autorretratos, hoje denominados selfies se tornaram comuns, permitindo que as mesmas se tornem elemento básico nas redes sociais. Para fotografar, basta um clique. As câmeras automáticas, digitais ou analógicas, smartphones e os laboratórios fotográficos fazem o resto, com rapidez e facilidade.

 Mas como faziam os pioneiros dessa arte? Os pioneiros da fotografia eram grandes especialistas, não só na arte de fotografar, mas na Química e na Física. Percorreram um longo caminho desde a descoberta de como projetar uma imagem dentro de uma caixa escura, até descobrir como fazer para que ela ficasse lá gravada. Descoberta feita mais tarde, por experimentos com produtos químicos, inventando uma placa fotossensível que gravava as imagens. E foi iniciada na Grécia Antiga, há mais de dois mil anos antes da descoberta de Niépce (autor da primeira fotografia).

 As primeiras experiências fotográficas de químicos e alquimistas datam de cerca 350 a.C. Já os primeiros experimentos feitos pelos gregos trouxeram a descoberta que dentro de um quarto escuro com um pequeno furo na parede, a imagem que estava lá fora era projetada de forma invertida na parede do fundo desse quarto. Depois disso, a ideia da câmara escura, como é conhecida, passou a ser desenvolvida por várias pessoas de lugares e épocas diferentes, porém, até Niépce descobrir os produtos químicos para fazer a fotografia, ninguém conseguia guardar essas imagens, eram apenas projetadas dentro da caixa.

 

EVOLUÇÃO DA FOTOGRAFIA

 Muitos foram os pioneiros que pesquisaram como fixar uma imagem no papel. “Tirar fotografia”, “fazer um retrato” tornou-se moda entre todas as classes sociais na segunda metade do século XIX. Estudando as propriedades do cloreto de prata sobre papel desde 1817, o francês Joseph Niépce (1763-1828) conseguiu registrar a primeira fotografia propriamente dita no verão de 1826. Nessa mesma linha vieram outras figuras importantes na evolução da arte fotográfica. O francês, Louis Jaques Mandé Daguerre (1789-1851), desenvolveu o daguerreótipo, aparelho que leva seu nome, que era capaz de gravar imagens permanentes. Por ser pesado, dificultou sua popularização. Em 1840, o químico inglês John F. Goddard (1795-1866), criou lentes com maior abertura. No ano seguinte, o escritor e cientista inglês William Henry Fox Talbot (1800-1877) criou o “calótipo”, aperfeiçoando o processo de fixação de imagens.

 A primeira fotografia colorida criada alguns anos depois, em 1861, pelo físico escocês James Clerk Maxwell (1831-1879) com o auxilio de Gabriel Lippman (1845-1921), os irmãos Auguste (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948) só foi possível com o aperfeiçoamento das técnicas. Mais tarde, os irmãos conseguiriam colocar as imagens em movimento, fato que daria origem ao cinema. Por fim, o francês Ducos du Hauron (1837-1920) desenvolveu uma forma de imprimir três negativos com filtros coloridos em vermelho e azul. Em 1871, o método de emulsão seca de brometo de prata em colódio foi aperfeiçoado pelo médico inglês Richard Leach Maddox (1816-1902), que substituiu o colódio por placas secas de gelatina.

 

A POPULARIZAÇÃO DA FOTOGRAFIA

 Durante o século XIX, a fotografia começa a fazer parte do dia a dia, mas a compra de aparelhos fotográficos ainda era regalia de fotógrafos profissionais, que trabalhavam em estúdios.

 Em pleno século XXI muita coisa foi acrescida e mudada: aperfeiçoamentos tecnológicos, processos eficientes e baratos, câmeras programáveis e a fotografia digital, grandes revoluções nas artes fotográficas. Ficamos gratos por tanta evolução, numa arte que nos causa tanto fascínio. Hoje, a qualquer hora, em qualquer lugar disponibilizamos das mais variadas tecnologias dos smartphones, das câmeras compactas e podemos captar as mais belas imagens que nossos olhos alcançam.

 Historicamente, no início os fotógrafos registravam momentos específicos: casamentos, aniversários e solenidades públicas. Para que tudo ficasse perfeito, os fotografados deveriam permanecer imóveis de modo que a imagem fosse captada e impressa no papel.

 “A fotografia é a poesia da imobilidade: é através da fotografia que os instantes deixam-se ver tal como são” (Peter Urmenyi)

 O ano de 1901 é tido como um marco histórico, a empresa americana Kodak lançou a Brownie-Kodak, uma câmera comercial e popular. Em 1935, introduziria o Kodachrome, o pioneiro na linha de filmes coloridos. Nesta linha, a também americana Polaroid cria a fotografia colorida instantânea em 1963. Quando você pensa na fotografia instantânea, pensa em rupturas, tanto espaço quanto tempo. Ter uma fotografia revelada em pouco espaço de tempo é prático e rompe fronteiras dentro do campo das experiências visuais. É um olhar histórico sobre o que se vê, e como ele se apresenta sobre a visão do fotógrafo.

 Seguindo a rota das inovações, a Kodak seria cria a câmera digital DCS 100 em 1990, uma máquina de fácil manipulação e barata. Iniciando assim a fase de gravações digitais de imagens a partir de uma câmera digital ou de telefones celulares. Sem o suporte do papel, as imagens podem ser armazenadas em computadores ou na web, para serem “infinitamente” editadas, impressas e difundidas.

 “A câmera não faz diferença nenhuma. Todas elas gravam o que você está vendo. Mas você precisa Ver”. (Ernst Haas)

 Como surgiu a fotografia no Brasil? Enquanto Louis Daguerre realiza seus experimentos, outro francês, radicado em Campinas (SP), busca fixar as imagens numa superfície. Trata-se de Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879), um viajante que participou da expedição científica de Langsdorff e que decidiu fazer do Brasil seu novo lar.

 Graças às pesquisas do historiador Boris Kossoy, sabemos que Florence utilizou, inclusive, a palavra “fotografia” em 1832, bem antes que muitos dos seus colegas europeus. Desta maneira, vemos que a fotografia não foi uma invenção isolada, mas fruto de vários pesquisadores, que perseguiam o mesmo objetivo ao mesmo tempo.

 Oficialmente, porém, a fotografia chega ao Brasil em 1840, apenas um ano após a invenção do daguerreótipo na França. O abade francês Louis Compte fez demonstrações ao então jovem imperador Dom Pedro II, que fica maravilhado com o invento. O soberano passou a colecionar daguerreótipos, posava constantemente para retratos e inclusive teve diversos fotógrafos oficiais que deixaram inúmeros registros da família imperial e do Brasil.

 A partir da urbanização e do crescimento das grandes cidades, a fotografia ganha seu espaço na sociedade brasileira. Podemos citar o fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923) que realizou inúmeros registros e ainda hoje é uma referência de profissional do século XIX. De lá para cá, surgiram grande nomes, como Sebastião Salgado, Araquém de Alcântara e German Lorca e, hoje, a história da fotografia no Brasil não é mais a mesma, pois apresenta grandes profissionais que, com muito talento, enaltecem a fotografia como uma das formas mais expressivas de arte.

 A fotografia no Brasil serviu para deixar registrados momentos dramáticos como a Guerra do Paraguai (1865-1870) e a Guerra de Canudos (1895). Ambos os conflitos passaram pelas lentes de Flávio de Barros. Outra inovação da Kodak seria a criação da câmera digital DCS 100 em 1990, uma máquina de fácil manipulação e barata. Aqui se inicia uma era de gravações digitais de imagens a partir de uma câmera digital ou de telefones celulares. Sem o suporte do papel, as imagens podem ser armazenadas em computadores ou na web, para serem “infinitamente” editadas, impressas e difundidas.

 Até o fim do século XIX, a fotografia tinha como principal função documentar. Já no começo do século XX a sua função como arte começou a ser discutida e ganhou intensidade na década de 1940. Seu principal objetivo não é retratar a realidade de forma convencional, mas sim de uma maneira que reflita a emoção do fotógrafo. É preciso de técnica para obter bons resultados na fotografia artística, e é necessário o treino do olhar e percepção para o click na hora mais oportuna. É preciso comunicar, transmitir sentimentos, emoções. Possui características que a define como uma produção fotográfica artística.

 Podemos citar entre elas: a foto é criada unicamente pela percepção de um fotógrafo, não faz parte de uma encomenda ou projeto de terceiros; apresenta diferentes ângulos de um mesmo elemento; pode utilizar recursos digitais, com efeitos e filtros para transmitir uma ideia ou olhar; não possui fins comerciais. No entanto, isso não a impede de ser vendida; promove e dá margem para diferentes tipos de interpretações; possui forte senso estético que tendem a criar uma identidade para as produções do fotógrafo. Os fotógrafos que seguem esse estilo, podem ser considerados artistas.

 As primeiras fotografias desse gênero foram criadas na era vitoriana, no início do século XIX. Todavia, foi só do meio para o fim desse século que a fotografia artística começou a ser abraçada. Afinal, até então, a fotografia era considerada apenas como uma mera captura mecânica da realidade e não tinha nenhum resquício criativo.

Dessa forma, Charles Baudelaire, poeta e crítico de arte francês, é considerado um dos precursores desse conceito. “Porém, o fotógrafo americano Alfred Stieglitz é considerado o pioneiro nesse estilo, pois, levou essa arte para os museus de Nova York e a divulgou. Ele ficou famoso também por fotografar sua esposa, Georgia O’Keeffe, também artista.

 

A FOTOGRAFIA ARTÍSTICA NA CONTEMPORANEIDADE

 A fotografia começou a de fato, ser reconhecida como um gênero artístico a partir da década de 1980. De fato, a partir dos anos 80, a fotografia foi reconhecida como uma arte em si pela Beaux-Arts (Escolas de artes na França). Nesse contexto, é essencial entender que a partir de então começou uma ruptura entre o fotógrafo e o artista que utiliza imagens como meio de expressão. Na contemporaneidade, fotógrafos combinam o conceitual com o lúdico e, em muitos momentos, apresenta características surreais. As imagens que não estão mais ligadas às técnicas convencionais, refletem os valores, o comportamento, a tecnologia, e a realidade sociopolítica desses últimos anos do século XX até os tempos atuais. Contando com um aspecto autoral intenso, deixando sua intenção e talento conduzirem o seu trabalho.

 Não é apenas uma questão de fazer uma foto para a imprensa ou para ilustrar os livros; estamos tirando fotos para que “pareça belo”. Uma verdadeira ruptura de paradigmas. Com a evolução dos smartphones, qualquer usuário pode produzir uma imagem de alta resolução em poucos cliques. Mas isso não o torna fotografo. Existem artistas e fotógrafos. Precisamos compreender que a fotografia comercial tem fins apenas lucrativos. Já a artística traz sentimentos, visões de mundo de um olhar além da câmera. A foto artística não traz só a interpretação de mundo do autor, ela suscita questionamentos do receptor. É o ato de comunicar. A arte sempre vai comunicar algo subjetivo, interpretada de acordo com a cultura e visões de mundo daquele que recebe.

 Concluindo, fotografar é eternizar: momentos, sorrisos, lágrimas, maneira de expressar o que se vê ou sente. É arte que nos envolve de forma surpreendente, eternizando olhares daquilo que desejando que viva para sempre.

Por BETÂNIA PEREIRA

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