A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, a maior premiação do cinema mundial, sempre foi alvo de críticas por sua falta de representatividade. As acusações de racismo e xenofobia permeiam a história da instituição, com a edição de 2023 não sendo exceção.
Em 2015, a hashtag #OscarSoWhite viralizou nas redes sociais, expondo a falta de diversidade racial entre os indicados ao prêmio. Desde então, a Academia tomou medidas para aumentar a representatividade, como expandir a base de votantes e diversificar os comitês de seleção.
No entanto, os resultados ainda são lentos e inconsistentes. Na edição de 2023, apenas um diretor negro, Ryan Coogler (“Pantera Negra: Wakanda Forever”), foi indicado na categoria de Melhor Diretor, e nenhuma mulher foi indicada. A premiação também foi criticada por premiar filmes que ignoram ou perpetuam estereótipos de minorias.
Imagem do Filme Pantera Negra: Wakanda Forever por AdoroCinema
Um exemplo emblemático é a premiação de “CODA: No Ritmo do Coração” como Melhor Filme. Apesar de ter sido elogiado por sua abordagem da comunidade surda, o filme foi criticado por centrar a história em um personagem ouvinte e por não dar espaço para atores surdos em papéis principais.
Outro ponto de discórdia é a falta de reconhecimento para filmes de fora dos Estados Unidos. Em 2023, apenas um filme internacional, “Drive My Car” do Japão, foi indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, enquanto produções aclamadas de outros países, como “Petite Maman” da França e “The Worst Person in the World” da Noruega, ficaram de fora.
Imagem do Filme Drive My Carp or AdoroCinema
A mais recente edição deixou muitos fãs da sétima arte frustrados com as maiores premiações indo para Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan. A pauta é polemica em todo o mundo, e apesar da brilhante interpretação de Cillian Murphy, não cabe um bom tom falar sobre tema tão sensível da visão absolutamente norte americana sobre os fatos, e deixa a amarga sensação na boca de uma tentativa fraca de justificação e um pedido de desculpas escrito em um cartão amarelado de posto de gasolina.
Enquanto a academia premiou inúmeras vezes Oppenheimer, longas com narrativas inclusivas, roteiros ricos, fotografias impecáveis e atuações sinceras foram boicotadas como Assassino da Lua das Flores, Zona de interesse e Ficção Americana que mereciam muito mais atenção do que a mídia ou a academia se prestaram a dar.
A Academia tenta se desconstruir, mas a cada ano que passa, fica claro que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a premiação reflita a diversidade do cinema mundial. A falta de representatividade racial, de gênero e de diferentes origens geográficas na Academia e entre os indicados ao Oscar é um problema estrutural que precisa ser urgentemente revisto.
É importante lembrar que o Oscar não é apenas uma premiação, mas também um símbolo de influência cultural. A falta de representatividade na premiação contribui para perpetuar estereótipos e invisibilizar o talento de artistas de diferentes origens.
Imagem de Mundoeducação
Para que o Oscar se torne um verdadeiro reflexo da diversidade global do cinema, é necessário que a Academia tome medidas mais contundentes e abrangentes. Aumentar a representatividade entre os votantes, diversificar os comitês de seleção e criar categorias que reconheçam diferentes formas de cinema são algumas das medidas que podem ser tomadas para construir uma premiação mais justa e inclusiva.
A luta por um Oscar mais representativo é uma luta por um cinema mais diverso e plural, que reflita a realidade do mundo em que vivemos. É uma luta pela valorização de diferentes culturas, perspectivas e histórias, e por um futuro onde todos os artistas tenham a oportunidade de serem reconhecidos por seus talentos.
Por TAMY SIMÕES