Da janela do ônibus
Eu via, de soslaio, meu passado.
Do qual acabei de me despedir, a contragosto.
Embarcava para novos rumos
Que não sabia ainda onde iriam terminar
Fui sem bagagem
Levando comigo apenas um choro represado
Eu, mais uma vez, um ser malogrado.
O passado me observava
Não acreditava na minha coragem
De não ceder
Eu vi que era observado
Porém, de maneira passiva e imutável
Como que testando minha robustez
Envolto na tristeza, mas sob um manto de
atitude.
Desci.
Parei.
Observei o nada.
Dos meus olhos, a bagagem desaguou
E nela me banhei.
Com novas vestes, brilhei naquele escuro
E fui ao encontro do início do meu futuro.
Por NATHAN ARAÚJO
Rio de Janeiro – RJ, BRASIL