LITERATURA DE CORDEL – Ressignificações poético-populares da literatura de cordel

LITERATURA DE CORDEL – Ressignificações poético-populares da literatura de cordel

Revisitando algumas anotações sobre pesquisas em Literatura de Cordel, me deparei com uma percepção multifacetada deste gênero literário, ligada a ressignificação do texto poético com outras manifestações da cultura, que se configuram para além de lugares e das formas de organização e intervenção convencionalmente associadas à poesia popular.

Apresento novas experiências poéticas que resultam em outros sentidos, cujos significados poético-populares desafiam a escrita do Cordel, mas inspirados nele, que inquestionavelmente passa pela tradição, pressupondo em um processo crítico e ao mesmo tempo criativo.

Antes de adentrar nestas manifestações artístico-culturais, não posso deixar de considerar que o processo inverso também ocorre. Os Poetas também se inspiram em fatos históricos, e recontam em folhetos de cordel, como é o caso do texto português: “A história do Imperador Carlos Magno e dos doze Pares de França”, inspirou o Poeta Leandro Gomes de Barros em dois folhetos de cordel: “A batalha de Oliveiros com Ferrabrás” e “ A prisão de Oliveiros e seus companheiros” e o Poeta João Melchíades Ferreira no cordel “Roldão no Leão de Ouro”.

  

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O folheto de cordel proporciona profundas ressignificações artísticas, capazes de colocá-lo como referência na cultura brasileira. Convido-os a revisitar estas artes!

 

  • O AUTO DA COMPADECIDA

Peça teatral do autor paraibano Ariano Suassuna, de 1955, cuja adaptação cinematográfica da peça ocorreu em 2000. Em 2024, foi lançado o Auto da Compadecida 2.

Esta comédia dramática representa elementos harmônicos entre a tradição da literatura de cordel, a comédia, o barroco católico brasileiro, a cultura popular e tradições religiosas.

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Depoimento de Ariano Suassuna sobre a peça teatral:

 

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  • O HOMEM QUE DESAFIOU O DIABO

É um filme brasileiro, do gênero comédia, lançado em 2007, baseado na obra “As Pelejas de Ojuara”, do escritor Nei Leandro de Castro, inspirado nas narrativas do cordel, permeado de motes e rimas característicos da literatura de cordel, trazendo personagens, mitos e conflitos advindos do imaginário popular.

   

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  • CORDEL ENCANTADO

 

Teledramaturgia brasileira, produzida pela TV Globo e exibida em 2011. Foi inspirada na literatura popular de cordel, no clima da cadência da viola e do recitar de belos versos.

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Abertura da novela: Cordel Encantado 

 

 

  • PAVÃO MYSTERYOSO

 

É uma canção composta pelo cantor e compositor Ednardo, inspirada no folheto de cordel intitulado “O Romance do Pavão Misterioso” de José Camelo de Melo Rezende.

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Música: Pavão Mysteryoso 

 

 

  • MINHA PRINCESA CORDEL

 

A música ‘Minha Princesa Cordel’, interpretada por Gilberto Gil e Roberta Sá, é uma poesia ao amor entrelaçado com as raízes culturais do sertão brasileiro. A letra da música descreve uma profunda conexão amorosa, utilizando metáforas que remetem à terra e à natureza, elementos essenciais da vida sertaneja. Tema de abertura da teledramaturgia “Cordel Encantado”.

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  • SAMBA ENREDO DA ESCOLA DE SAMBA “ACADÊMICOS DO SALGUEIRO”

 

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Música: Cordel Branco e Encarnado

 

 

Se pudesse, hoje eu iria
A Salgueiro – belo manto –
Ao seu primeiro ensaio
Vislumbrar o seu encanto,
“Pois velho ditado diz
Salgueiro é uma raiz:
Nasce e cresce em todo canto”.

Mas daqui, longe um tanto,
Confesso, estou feliz,
Porque esta escola fez
Do cordel, sonho motriz
Para arrebatar o povo
E mais um súdito novo,
Digo, Francisco Diniz.

Já que o destino quis
Que no próximo carnaval
Do ano 2012
Seja cantado afinal
Cordel em ritmo de samba
Por quem de fato é bamba,
Desejo especial…

O sucesso nacional
Ao desfile planejado,
Que a nota seja 10
De todo e qualquer jurado,
Para o povo a alegria
E ao mundo à poesia:
Cordel Branco e Encarnado.

Francisco Diniz
João Pessoa-PB, 02 de julho de 2011.

 

  • ÓPERA CORDELISTA LUA ALEGRIA

 

Ópera Cordelista “Lua Alegria” tem roteiro dramatúrgico baseado no livro-cordel “Luiz Lua Alegria”, de Paulo Matricó, lançado em 2012 por ocasião do centenário de nascimento do rei do baião e conta, de forma poética e dramática, a trajetória de vida de Luiz Gonzaga e sua saga do Sertão nordestino até a conquista do Sudeste brasileiro. A linguagem de cordel tem no espetáculo uma função narrativa, dramática, musical, sendo pontuada por referências às músicas nascidas da tradição e recriadas por Gonzaga e seus parceiros.

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Música: Cordel Operístico Lua Alegria

 

 

  • CLÁSSICOS DA LITERATURA EM CORDEL

 

Adaptação de clássicos da literatura mundial, apresentadas pelo gênero de cordel.

     

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Na última década a Ciência da Informação tem se voltado para os estudos que relacionam ao patrimônio material e imaterial e suas relações memorialísticas e identitárias. Nesse contexto destaquei nesta coluna as manifestações culturais incluindo-se as de cunho popular, a exemplo do Cordel, enquanto registro de informação e memória. O grande desafio é reconhecer a pluralidade cultural que o cordel possibilita com sua riqueza informacional.

Por BETH BALTAR

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