MATÉRIA DE CAPA – Poeta, Poema e Poesia

MATÉRIA DE CAPA – Poeta, Poema e Poesia

 Entre viver e morrer, prefiro entender. Para entender necessito perceber. Perceber o que existe além do ser. Difícil será compreender o movimento da mente. Só mente ela consegue notar e decidir. Decidir por flutuar e nunca mais voltar para o mesmo lugar. Assim é o poeta de lá para cá.

 Ele se compõe. Afirmando não haver nenhum ser humano sem cultura que diante do amor, não consiga expor sua ternura e virar poeta de aventura, transformando e despertando com sua escritura os corações de quem o atura.

 Assim parece ser o poema, para além dos sentidos e do seu tempo. Convertendo os maus presságios em belíssimos momentos. Obras de artes que perpassam o tempo e a compreensão humana. Poeta, poema e poesia parecem um único ponto. Uma única voz. Em um só tempo. Em uma só batida, caminhando para um futuro incerto de grandes possibilidades e realização, em que a dúvida e a reflexão se fazem presentes e o único sentido real é o simples prazer de ser ou deixar de ser para além do viver. Poesia é a questão.

 Para o universo onírico de quem tem a sua sensibilidade aguçada, em algum momento da vida, a forca das experiências vividas e também compreendidas se faz então a composição do poema e da poesia nas mãos do poeta. Poeta de carteirinha ou poeta de escrivaninha, não importa. Ele sempre se denominará poeta, pois a sua essência assim decide que seja.

 Te convido a tentar ou adentrar neste universo tão mágico e surpreendente. Quem nele se deleita não vai conseguir mais se desviar. Pois a realização e a plenitude em falar de sentimentos que perpassam os sentidos humanos se concretizam como um desprender-se, quase exageradamente excitante que é bem viciante e não se deseja assim se evitar de viver.

 É o fluir das palavras e a imprevisibilidade que se desenvolve no íntimo de todos aqueles que se aventuram no contexto da poesia, e como magia não se esquecem jamais da aventura dos arsenais mentais e contextuais que ficam impressos e gravados em seus arraiais.

 É preciso antes esclarecer que não há diferença entre o louco, o apaixonado e o poeta, pois eles se flertam, e caminham paralelamente para espalhar sentimentos ocultos e reclusos do coração para toda a multidão. A imaginação é o instrumento diante mão, que deve ser percebida ou não, pela a intensidade de sua canção que vai muito além da percepção.

 Intensão essa que parece obscura e quase sem ternura, mas que no fundo revela toda a emoção da dor de um perdão, recebido e por vezes incompreendido, ao longo da sua decepção. Para aqueles que nada entendem, confia na magia do divino que emana da luz do ser em construção, que desaguará no escondido em erupção. Perseverando logo surgirá o sorriso do bobo introvertido a desabrochar o improviso do aperto de mão.

 O poeta escreve em prosa ou em verso. Com sentido ou sem sentido. Escreve o que aconteceu ou sobre o que poderia ter acontecido, apesar de parecer confuso a confusão se nota proposital e necessária. E assim faz parte e sendo instrumento da sua composição literária poderá enfrentar a batalha e seguir sem sua navalha rumo a conciliação com seu irmão.

 A beleza se encontra no improvável, na dúvida ou incerteza. Quase sempre a angústia gera a obra solitária e do sofrimento é possível abstrair os mais belos poemas emanados no campo de batalha. Assim foi no passado e assim é nos dias atuais cheios de pecado e descompassado.

 Carlos Drummond de Andrade, muito se incomodava e sofria com as discrepâncias que percebia nas relações pessoas de sua terra natal. Em seu poema “Confidencia do Itabirano“ expressa suas aflições em forma de poema e desencanto.

 Já a poetisa mineira, de origem humilde, Conceição Evaristo foi marcada na sua transcendentalidade pela escravidão e o clamor pela libertação escrevendo sobre o que vinha no coração, remetendo a saudade, traduzido em seu poema em forma de solidariedade: “Vozes-Mulheres“.

 Adélia Prado, retrata a mulher e os vários preconceitos por ela sofrido e vivido em seu poema deprimido: “Com licença poética“.

 E por fim Manuel Bandeira em seu poema dito “Desencanto“ retrata sobre temas cotidianos e a melancolia de todos os seus prantos.

 Entre outros tantos que falam e escrevem sobre o que vai no coração, de bom ou de ruim. De um aperto de mão ou um adeus de desilusão esse é o poeta meu irmão. De lá para cá vem logo se mostrar na intenção de ser entendido ou ao menos percebido por aqueles sensitivos que decidam lhe dar atenção.

 De oprimido ao brilho embutido deve ele se conectar. Seguindo a voz do coração, sentido maior de grande parte dos poetas, poemas e poesias que refletem o imperceptível, além de se realizar e explorar o ser humano escondido e dentro de cada um de nós vivido.

 Se vem de uma paixão, está tudo certo meu irmão. Aproveite e se deleite no azeite que traz a essência do ser em construção. E que merece seu perdão, se não seguiu a correção do que determina a redação. Simplesmente por que sentiu de fazer e fez sem permissão, infringindo a concepção de todos aqueles que padronizam a impressão, por não conseguir seguir o que dita o coração.

Por RAIANA COSTA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo