MITOLOGIAS E CRÔNICAS – Mitologia Celta – A verdadeira história das Bruxas

MITOLOGIAS E CRÔNICAS – Mitologia Celta – A verdadeira história das Bruxas

 

Olá, querido leitor, mais uma vez juntos! Nesta edição quero dividir com você uma das mitologias que eu mais amo em toda a história As Bruxas! Seres mal interpretados e perseguidos por apenas ter ideologias e critérios diferentes da maioria das pessoas. E por cauda de seus conhecimentos, pois no auge de seus poderes ter conhecimento sobre botânica, astronomia e ciências, ou era coisa apenas para os homens ou para aqueles que tinham posses.

Sempre me senti uma bruxa, sempre soube que era uma! Como diz a cantora Pitty, sou descendentes das bruxas que não foram para a fogueira. Então a bruxa que habita em mim, saúda a bruxa que habita em você!!!

Então a partir de agora te convido a embarcar nessa jornada comigo e mergulhar no mundo das bruxas e descobrir que ela, nunca foram tão más assim…

Então pegue a sua bebida favorita, se aprochegue e boa história…  

 

Bruxas, A história Nunca Contada

Por muitos séculos as mulheres que tinham conhecimento em medicina, botânica e conhecimentos ligados a natureza, eram consideradas bruxas. Entretanto, as bruxas nada mais eram mulheres que tinham e ainda tem o poder do sagrado, da cura através da natureza e tudo que a deusa Gaia nos ofertou de tão bom grado. Então por termos esse poder milenar somos taxadas de bruxas, de seres que apenas sabem fazer o mal.

Nesse contexto, as bruxas foram desenhadas como seres cruéis, mesquinhos, velhas horrendas, belas mulheres sedutoras, que usavam de sua beleza para enganar os homens, principalmente os casados e de famílias nobres. As fabulas também se encarregaram de torná-las madrastas malvadas e gananciosas, seres que de toda forma queriam poder e a juventude eterna.

 

A lenda por trás do dia das Bruxas

Imagem de Noel Meehan por Discoverboynevalley, Morro de Ward

 

Reza a lenda que no Morro de Ward, conhecido em irlandês por Tlachtga, é hoje um sítio arqueológico significativo localizado no Condado de Meath, na Irlanda. Mas em outras eras o lugar era associado ao Samhain, que hoje conhecemos como Halloween. O local era usado para rituais e celebrações pelos druidas, os sacerdotes da religião celta. O morro de Tlachtga, era famoso por ser o local onde se acendia a fogueira principal durante o festival de Samhain, no dia 31 de outubro a fogueira era acessa e a festividades duravam 3 dias. A luz da fogueira simbolizada a luz que guiaria os mortos, já que para essa cultura nesta data o véu que separa o mundo dos vivos e dos mortos era tênue, deixando que os mortos visitassem o nosso mundo, por isso a fogueira e o sacrifícios de animais. Também era uma forma de agradecer a boas colheitas durante o ano e que o inverno seria de fartura para todos.

Nesses 3 dias de festividades, as pessoas se fantasiam, alguns usavam a pele e a cabeça dos animais recém abatidos e outros usavam máscaras, essa tradição tem dois significados; o primeiro era que dessa forma os espíritos maus, não reconheceriam as pessoas e não iriam possui-las; o segundo era uma forma de homenagear os mortos.

Essa tradição continuou intacta até a chegada do cristianismo nas comunidades celtas, a fim de convencer as pessoas a “aceitarem” o cristianismo em suas vidas, o Papa Gregório III, no século VIII mudou a data do conhecido Dia de todos os Santos, do dia 13 de maio, pra 1º de novembro, assim os celtas poderiam continuar com a sua tradição no dia 31 de outubro e rezar por seus mortos no dia primeiro se estendendo até o dia 2 de novembro considerado o dia de finados, encerrado os 3 dias de festividades celtas.

Depois dessa mudança o festival de Samhain começou a se espalhar por toda Europa, que com o tempo passou a se chamar halloween, originada da expressão “all Hallows eve, que em português quer dizer “véspera do dia de todos os santos”. Com o passar dos anos a festividades foi ganhando outros atributos e novos elementos, mas ela se tornou popular mesmo quando emigrantes irlandeses se mudaram para os EUA, foi lá que as aboboras foram incorporadas, as brincadeiras de sair pedindo doces e outros trotes, e a partir dai ganhou força mundial e é uma das datas mais comemoradas em todo mundo.

Mesmo atualmente o Morro de Ward, recebe visitantes do mundo inteiro para celebrar o Samhain de forma simbólica como os antigos celtas. O espaço hoje é um sítio arqueológico, onde já foi encontrado vários indícios que o lugar era usado para celebrações e festividades.

Conheça um pouco mais sobre o condado de Meath e o Morro Tlachtga. Tlachtga (Colina de Ward), Athboy | Descubra Boyne Valley Meath, Irlanda (discoverboynevalley.ie) 

 

As Bruxas Celtas

A base da Bruxaria celta começa com respeito profundo e amor pela Terra. As Bruxas celtas reverenciavam as divindades. As bruxas canalizam esse poder para realizarem seus rituais e feitiços.

As bruxas celtas enxergavam a magia em todas as coisas, como pedras, as conhecidas rúnicas, desenhos, pinturas arvores e dentre outros.

Além do poder dos deuses as bruxas celtas também utilizavam do poder dos elementos. Os 3 elementos na verdade Ar, terra e água, formando uma trindade. Que é um dos principais símbolos celtas.

Ar (céu) – Está acima de todos, que representa a luz, a inspiração, sagrado e os deuses;

Água (mar) – Representa o horizonte, os seres feéricos e os ancestrais.

Terra – O que está em nossos pés, representa as raízes, os espíritos da natureza.

Esses elementos possuem uma energia única, que unidas a cristais, plantas e a fogo, que é um grande catalizador de poder, junto aos outros elementos, a bruxa pode aumentar o seu poder e realizar com maestria seus feitiços e rituais.

Com isso em mente temos algumas deusas que foram consideradas bruxas e que desempenhavam um papel importante na mitologia celta.

 

Morrigan, a Bruxa da Guerra

Morrigan é uma das figuras mais enigmáticas e poderosas da mitologia celta, especialmente na tradição irlandesa. Ela é uma deusa associada à guerra, à morte, à transformação e ao destino. Morrigan é descrita como uma tríade, podendo se manifestar como Badb, associada ao corvo e a guerra; Macha, associada a sabedoria e à terra e Nemain, Associada ao caos e ao frenesi da batalha.

Os mitos em volta dessa divindade são várias, mas a que mais se destaca é a Batalha de Mang Tuired. Durante a batalha épica, onde os Tuatha Dé Danann, a raça divina dos celtas, lutam contra os Fomorianos, uma raça de gigantes e seres sobrenaturais.  Morrigan usa seus poderes para ajudar os Tutha Dé Danann, proferindo feitiços e profecias que garantiram a sua vitória da raça divina.

Imagem de Segredosdomundo por Google

Sua imagem poderosa como uma deusa da guerra e da morte, bem como sua ligação com o destino, continuam a captura a imaginação daqueles que estudam ou praticam as tradições celtas.  

 

Ceridwen, a Bruxa da Sabedoria

Ceridwen é uma figura central na mitologia galesa, sendo reverenciada como uma deusa da sabedoria, da inspiração, da magia e da transformação. Ela é associada a feitiçaria e a alquimia, além de ser considerada uma figura maternal e protetora das artes e do conhecimento oculto.

A bruxa celta possuía um caldeirão magico, conhecido como Caldeirão de Awen. Esse caldeirão era capaz de conceder sabedoria, inspiração poética e conhecimento ilimitado. Em algumas culturas celtas Ceridwen é associada ao caldeirão que simboliza a abundância, a fertilidade e o renascimento. Em sua forma mitológica, o caldeirão representa o ventre da transformação, onde as coisas são quebradas e recriadas, simbolizando o ciclo da vida.

Imagem de Endora por Google

Essa poderosa feiticeira é considerada a patrona dos bardos e poetas, aqueles que buscam o “Awen” da eterna inspiração. Como uma deusa da magia e da alquimia, Ceridwen é uma figura que domina o conhecimento e a transformação. Ela é criadora e destruidora, uma mãe que cuida e uma feiticeira que persegue aqueles que tentam enganá-la.

Embora ela seja uma figura mitológica, sua influência persiste nas tradições neopagãs e Wiccanas modernas, onde ela é frequentemente invocada. Ela é vista como uma deusa maternal que guia seus seguidores através das mudanças e desafios da vida, oferecendo sabedoria e inspiração aqueles que a invocam.  

 

Tlachtga, A bruxa e Druidesa

Tlachtga, era uma poderosa druidesa e feiticeira na mitologia celta, segundo a tradição ela era filha de Mog Ruith, um dos druidas mais poderoso da Irlanda. Ela própria era uma figura de grande poder mágico e sabedoria, associada a terra e aos rituais sagrados.

Segundo a lenda, Tlachtga deu à luz a três filhos no topo do morro, após ter sido violentada, por três assistentes de seu pai, enquanto ela buscava uma joia magica, o Olho de Cristal, ela morreu após o parto. Por causa disso em sua homenagem o local foi batizado com o seu nome.  E desde então o morro é considerado um local sagrado de grande poder feminino, impregnado de energia mágica e espiritualidade.

Na tradição Celta, as Bruxas e druidesas como Tlachtga eram vistas como figuras de sabedoria e poder, muitas vezes com uma conexão profunda com o mundo natural e o ciclo da vida e da morte. O Morro Tlachtga, sendo um local de ritual e celebração associada a essas figuras, é um símbolo do poder feminino e bruxaria na cultura celta.  

A história de Tlachtga e o uso do Morro de Ward como um centro de rituais é um lembrete da importância das bruxas e das figuras femininas poderosas na mitologia e religião celtas. O morro simboliza o poder da transformação, o ciclo da vida e da morte, e a força da sabedoria feminina, temas que continuam a ressoar na cultura popular e nas práticas espirituais modernas.

 

A filosofia de Vida das Bruxas e sua Conexão com a Natureza

As bruxas celtas estavam intimamente ligadas ao mundo natural. Elas eram vistas como guardiãs do conhecimento das plantas, animais e ciclos naturais. Esse conhecimento permitia que elas utilizassem ervas e outros elementos naturais para criar poções, curas e realizar rituais. Acreditava-se que tinha a capacidade de se comunicar com os espíritos da natureza, como fadas e elementais, e que podia influenciar o clima ou as colheitas através de seus rituais.

A magia celta, praticada pelas bruxas, era frequentemente baseada em simbolismos e rituais que refletem a harmonia com os cosmos e a natureza. Elas eram vistas como detentoras de um conhecimento arcano, que incluía a leitura dos astros, a adivinhação e a prática de encantamentos. Esse conhecimento foi passado oralmente, muitas vezes de geração a geração, e era considerado sagrado.

A ligação com a energia feminina da Mãe Natureza era muito forte, tanto que era considerado que a bruxaria era um tipo de religião de autopercepção, elas buscavam, assim como ainda buscamos, um melhor conhecimento dos nossos corpos e estudando a relação existente entre o ciclo menstrual, com as fases da lua, com o período do ano e como isso pode interferir no relacionamento com o mundo em nossa volta.

A verdade que, para muitas culturas as bruxas eram vistas como curandeiras. Elas ajudavam a comunidade a resolverem problemas de saúde e realizavam partos. Nos primeiros séculos da humanidade, as bruxas eram reverenciadas, sendo uma das figuras mais importantes da comunidade. Também eram vistas ou ligadas ao divino, elas, as bruxas, eram responsáveis por realizar os mais importantes rituais sagrados. Elas eram vistas como sabias.

Com tanta sabedoria acumulada, algumas delas, me atrevo dizer a maioria, escreviam suas receitas, suas misturas com ervas e tudo mais sobre suas vivencias em cadernos como se fossem diárias, como o couro na época era o tecido mais resistente e barato, eles eram utilizados para fazer a capa desses diários e assim nascendo o que conhecemos hoje como Grimorio, o Livro de Encantamentos das Bruxas, um dos escritos mais poderosos do mundo, que passava de geração e geração e cada mulher com o conhecimento do livro anterior escrevia sua própria historia e conhecimentos.

 

Curiosidades…

As Bruxas e a Cerveja

A cerveja é uma das bebidas alcoólicas mais antigas do mundo, com registros que remontam a cerca de 7.000 a.C. nas antigas civilizações da Mesopotâmia (atual Irã e Iraque). Inicialmente, a produção de cerveja era uma atividade doméstica, principalmente conduzida por mulheres.

Durante a Idade Média, a produção de cerveja continuou a ser dominada por mulheres, especialmente na Europa. Naquela época, muitas mulheres faziam cerveja em casa como parte de suas tarefas diárias e para vender em mercados locais. Essas mulheres eram conhecidas como “alewives” (cervejeiras).

Elas eram facilmente identificadas nos mercados por usarem chapéus altos e pontudos para se destacarem na multidão, e muitas vezes penduravam uma vassoura ou ramos de alecrim acima de suas portas para indicar que tinham cerveja à venda. Elas também usavam caldeirões grandes para ferver os grãos e fazer a cerveja, e mantinham gatos por perto para proteger seus grãos de roedores.

Com o tempo, essas imagens das “alewives” – mulheres com chapéus pontudos, vassouras, caldeirões e gatos – começaram a se associar às bruxas, especialmente quando a produção de cerveja se tornou mais comercializada e dominada por homens. Conforme a Igreja e as autoridades civis começaram a reprimir as práticas populares e domésticas que não estavam sob seu controle, as mulheres cervejeiras passaram a ser vistas com desconfiança.

No contexto dos séculos 15 e 16, quando a caça às bruxas se intensificou na Europa, muitas das imagens e símbolos associados às “alewives” foram reinterpretados como características das bruxas:

  • Chapéu Pontudo: Antes um sinal de cervejeira, tornou-se um ícone das bruxas.
  • Caldeirão: Usado na produção de cerveja, foi associado à feitiçaria e à poção mágica.
  • Vassoura: Simbolizava o lar e a produção doméstica, mas foi reinterpretada como o instrumento de voo das bruxas.
  • Gato Preto: Originalmente um companheiro para proteger os grãos, foi associado ao familiar demoníaco das bruxas.

 

À medida que a produção de cerveja passou de um empreendimento caseiro para uma indústria dominada por homens, especialmente em cervejarias maiores e mais regulamentadas, as mulheres foram excluídas do comércio. Essa mudança também contribuiu para a demonização das mulheres que continuavam a produzir cerveja em pequenas quantidades ou de forma independente, ligando-as às acusações de bruxaria.

À medida que a produção de cerveja passou de um empreendimento caseiro para uma indústria dominada por homens, especialmente em cervejarias maiores e mais regulamentadas, as mulheres foram excluídas do comércio. Essa mudança também contribuiu para a demonização das mulheres que continuavam a produzir cerveja em pequenas quantidades ou de forma independente, ligando-as às acusações de bruxaria.

Imagem de Iconografiadahistoria por Google

Por LADYLENE APARECIDA

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