MOMENTO RESENHA – As Cinzas de Altivez

MOMENTO RESENHA – As Cinzas de Altivez

RESENHA LIVRO CONTEMPORÂNEO

 

As Cinzas de Altivez

Livro genial, extasiante com pitadas de delírios doces. Narrativa instigante, fluida e muito prazerosa, temperada com sortilégios. Não é à toa que, em 2019, As Cinzas de Altivez, de Juliana Feliz, foi indicado ao prêmio Odisseia de Literatura Fantástica e ganhou o Wattys 2018. Uma obra que, apesar dos cenários fictícios, aborda assuntos e temáticas atemporais como a visibilidade feminina, alienação, direitos de escolhas e a importância da sororidade.

A protagonista Ariadne, com suas longas tranças e uma olho de cada cor, desafia o leitor a investigar um mundo peculiar onde tudo é limitado e predeterminado pela Ordem de Verus, grupo de homens autoritários que rege a sociedade campestre pela ideia do medo e da obediência plena às leis. Nas normas do vilarejo, as condições das mulheres são desfavoráveis e os garotos, apesar de terem mais opções de carreira, também têm seus destinos estabelecidos, não cabendo o poder de decisão. Nessa história impactante, nossa personagem central é inquisidora, questiona todos os ensinamentos passados pela cidade militarizada, onde pessoas desaparecem sem deixarem rastros. Usufruindo de sua liberdade provocativa e dons peculiares e sobrenaturais, investiga o desaparecimento de sua amiga, o que acaba a gerando uma série de consequências.

E o mais incrível de tudo é que há críticas implícitas sobre inquisição, autoritarismo, censura, machismo, Estado e fanatismo religioso. Leitura leve e afiada ao mesmo tempo, rica em magias e reflexões. Nas despercebidas entrelinhas, contêm verdades doloridas. Uma densa camada de mistério permeia cada capítulo, aguçando o leitor e fazendo-o mergulhar em cada página. Trabalho perfeito, Juliana Feliz cumpriu o papel de estruturar a fantasia de maneira encantadora, capa maravilhosa, diagramação e revisão muito bem feitas e capítulos curtos.

Do ponto de vista técnico, todos os detalhes foram favoráveis para ocasionar o prazer da leitura. Final inesperado, lacunas bem preenchidas! Simplesmente me apaixonei! Essa história ficará na minha cabeça por um longo tempo.

Por Sarah Schmorantz

 

 

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