- CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No período natalino, o mundo veste-se de cor!… Luzes piscando, imagens de papai Noel (cuja denominação varia conforme o lugar), renas, pinheiros, bolas, velas, flores, guirlandas, anjinhos… Tudo faz lembrar que estamos em tempo festivo, celebrando a alegria do nascimento de Cristo.
Por trás de cada enfeite natalino, temos uma história repleta de significados. Muitos desses símbolos, antecedem a era cristã, e foram convenientemente adaptados, migrando de rituais pagãos para a celebração religiosa; com isso, ganharam novos significados ou, ainda, tiveram seu sentido redimensionado.
Vários símbolos inclusos pela liturgia cristã, como a vela, a coroa do advento, o pinheiro, a pinha, dentre outros, eram utilizados pelos povos pagãos como meio de homenagear as divindades protetoras do cultivo e da colheita, quase sempre, ligados ao solstício de inverno, por ocasião do afastamento máximo do sol, funcionando como apelo à volta da luz. Esses rituais eram celebrados numa cerimônia conhecida como “Natalis Invicti Solis”, ou seja, “Nascimento Vitorioso do Sol”.
Uma vez inclusos na liturgia cristã, os símbolos permanecem, mas o significado de cada um deles é alterado ou, por vezes, ampliado. Assim, temos na luz do sol uma alusão à luz de Cristo — o Sol da humanidade — conforme consta no Evangelho de João: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue, não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (JOÃO, 8:12).
Alguns enfeites adornam o ambiente, exclusivamente, no período natalino, porque provém de lendas e histórias pontuais. É o caso do Papai Noel, que passou de pessoa real (bispo da Turquia, no sec. IV), à personagem lendária que habita no Pólo Norte e usa um trenó puxado por renas, como meio de transporte.
Esse misto de símbolos e lendas dão um encanto especial ao natal. Boa parte dessa simbologia foi transformada em repertório natalino que abraça poesia e melodia, em perfeita comunhão. Cada canção traz uma história reveladora de sua origem e carrega consigo matrizes culturais que adquirem nuances, conforme sua localidade. É sobre isso que trataremos aqui.
- NOITE FELIZ (QUASE UM HINO NATALINO)…
Provavelmente, a mais popular canção de todo o repertório natalino, “Stille Nachat” (traduzida para o português como “Noite Feliz”) nasceu de um poema escrito por Joseph Moor que, na época, era vigário da Igreja de São Nicolau, em Oberndorf, Baviera. O compositor Franz Gruber — organista da mesma Igreja — vestiu os versos de melodia com o intuito de alegrar a celebração natalina dos fiéis, por ocasião da famosa “Missa do Galo”. O ano era 1818.
Ocorreu que, prestes ao horário da Santa Missa, o padre Moor descobriu, com imensa tristeza, que ratos haviam roído os foles do órgão da Igreja, impossibilitando a execução da tão esperada melodia. Às pressas, a canção foi reescrita para flauta e violão, de modo a acompanhar as vozes que iriam entoar o poema.
Um jovem tirolês chamado para consertar o órgão da Igreja, ao ouvir a execução da bela melodia durante o ensaio, encantado, levou-a para outras igrejas, e a canção escrita para a modesta Igreja de Oberndorf foi se espalhando… migrando de sua localidade para outras cidades e, em seguida, atravessando fronteiras, chegando nas Américas…
A melodia de Noite Feliz é escrita em 6/8, ou seja, no compasso binário composto, que sugere um claro movimento de balanceio, nos remetendo, de imediato, às canções de ninar, um gênero repleto de ternura e paz e que muito se adequa à situação do nascimento do Menino Jesus. A comunhão entre letra e melodia reforça a aliança que traduz o propósito sublime de celebrar a chegada do Salvador.
Noite feliz foi traduzida para, aproximadamente, 300 idiomas. A versão em português, cantada em países lusófonos, foi escrita pelo frei alemão naturalizado brasileiro Pedro Sinzig.
Em 2011, “Noite Feliz” foi considerada pela UNESCO Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Segue a letra do poema no original (em alemão) e a tradução que circula entre nós:
Stille Nacht
(Letra em alemão – tradução: Noite Silenciosa)
Stille Nacht, heilige Nacht,
alles schläft, einsam wacht
nur das traute, hochheilige Paar.
Holder Knabe im lockigen Haar,
schlaf’ in Himmlischer Ruh’,
schlaf’ in himmlischer Ruh’!
Stille Nacht, heilige Nacht,
Hirten erst gutgemacht!
Durch der Engel Halleluja
tönt es laut von fern und nah:
Christ, der Retter, ist da!
Christ, der Retter, ist da!
Stille Nacht, heilige Nacht!
Gottes Sohn, o wie lacht
Lieb’ aus deinem göttlichen Mund,
da uns schlägt die rettende Stund’,
Christ, in deiner Geburt!
Christ, in deiner Geburt!
Noite Feliz
(versão em Português de Pedro Sinzig, 1912).
Noite feliz! Noite feliz!
Ó Senhor, Deus de amor,
pobrezinho nasceu em Belém.
Eis, na lapa, Jesus, nosso bem!
Dorme em paz, ó Jesus!
Dorme em paz, ó Jesus!
Noite feliz! Noite feliz!
Oh! Jesus, Deus da luz,
quão afável é teu coração
que quiseste nascer nosso irmão
e a nós todos salvar!
e a nós todos salvar!
Noite feliz! Noite feliz!
Eis que, no ar, vêm cantar
aos pastores os anjos dos céus,
anunciando a chegada de Deus,
de Jesus Salvador!
de Jesus Salvador!
- O PINHEIRINHO
Outra canção que traduz especial lirismo, também das mais populares, explora um dos mais significativos símbolos do Natal: o pinheiro. Nos países de inverno intenso, a entrada do outono é marcada pela queda da folhagem das árvores; é o prenúncio de que, em breve, o verde das folhas cede lugar ao branco da neve…
Em tempos remotos, era comum a crença de que as árvores possuíam alma. Ao ver as frondosas espécies despidas de suas folhas, acreditava-se que o espírito que habita cada uma delas as havia abandonado; com receio de que tais espíritos não retornassem, causando fome e miséria (deve-se considerar a dependência quase exclusiva da agricultura para a sobrevivência), era costume enfeitar as árvores com pedrinhas pintadas e tecidos coloridos, na tentativa de encorajar o retorno dos espíritos.
Era com alegria que celebravam a primavera com rituais pagãos, como forma de agradecimento à volta do verde e do colorido das flores e frutos — indícios de que suas preces e esforços haviam sido atendidos.
No entanto, a ideia de vestir as árvores com adornos e luzes foi vinculada ao nascimento de Cristo por iniciativa de Martinho Lutero (em língua alemã: Martin Luther — 1483-1546) — o monge agostiniano alemão, que protestou contra alguns dogmas do catolicismo romano, sendo responsável pela reforma na Igreja — movimento conhecido como “protestantismo”, atraindo seguidores chamados de Luteranos.
Conta-se que Lutero, ao caminhar pela floresta repleta de pinheiros, contemplou o lindo céu de estrelinhas luzentes; agradeceu a Deus a grandeza de tão belo espetáculo e, tomado pelo sentimento de gratidão e tocado com a poesia da paisagem, levou para casa um pinheiro e o ornamentou com inúmeras velas. As velas foram usadas como representação das estrelas que iluminam o caminho, da mesma forma que o Menino Deus veio ao mundo para iluminar a trajetória da humanidade.
Com essa iniciativa, surgia a tradição do pinheiro como símbolo natalino. Com o tempo, além das velas, foram surgindo outros elementos decorativos, como bolas coloridas, numa clara alusão aos frutos; cordões brancos em volta do pinheiro, simbolizando a presença da neve e outras formas de prestigiar e exaltar o nascimento do Deus Menino.
Convém salientar que a escolha do pinheiro, como árvore representativa do natal, deve-se ao fato do pinheiro ser planta resistente ao inverno rigoroso, sendo das poucas espécies que exibem a folhagem verde diante da imensidão do tapete branco de neve. É, portanto, árvore resiliente, cuja resistência e firmeza são alusivas a fé e a conduta cristã.
A forma triangular do pinheiro nos remete à força divina da Santíssima Trindade, além de delinear uma seta que nos aponta para o alto dos céus, numa doce alusão ao Reino de Deus, sugerindo que nosso olhar se volte para o Altíssimo!…
Também sobre a tradição do pinheiro, cabe, aqui, o registro de uma lenda que irradia ternura e simplicidade: conta-se que, por ocasião do nascimento de Jesus, havia três árvores bem próximas ao presépio. Exultantes por serem testemunhas de tão grandioso acontecimento, também quiseram prestigiar o Deus-Menino. A oliveira ofereceu, orgulhosa, suas azeitonas; a tamareira debruçou sobre o presépio seus galhos repleto de tâmaras; o pinheirinho, no entanto, nada tinha a oferecer…
Eis que as estrelas, lá do alto do céu, perceberam o constrangimento do pequeno pinheiro e, compadecidas de sua aflição, pousaram em seus galhos, como oferenda ao Menino Jesus. E foi o brilho das estrelas, pousadas no gentil pinheirinho, que fez a alegria do Pequeno Infante…
A poesia que circula em torno do pinheiro o fez um dos mais significativos símbolos natalinos, sendo tema da tradicional canção “O Pinheirinho”, de origem alemã, que também atravessou fronteiras, popularizando-se no mundo inteiro. No Brasil, é uma das canções mais tocadas durante os festejos natalinos.
“O Pinheirinho” foi, também, escrito em 6/8; seria uma alusão ao balanço natural dos galhos das árvores? Ou, quem sabe, o fato de que o molejo e a candura que esse compasso sugere delineia, de forma espontânea, o cenário divino, próprio do ciclo natalino?
É digno de nota uma curiosidade, quanto ao desenho melódico de “O Pinheirinho”: a canção, embora breve, segue num crescendo, quanto à sua arquitetura melódica, e tem seu apogeu no início da segunda frase, retomando à frase inicial, para sua conclusão. O resultado desse desenho melódico é um triângulo apontado para o céu, triângulo esse que é esboçado no próprio desenho do pinheiro. Seria essa uma coincidência?
Seguem, ambas as letras; a escrita original, em alemão, e a adaptação mais difundida no território brasileiro:
O Tannenbaum
Tannenbaum, o Tannenbaum
Wie treu sind deine Blätter
Du grünst nicht nur zur Sommerzeit
Nein, auch im Winter, wenn es schneit
O Tannenbaum, o Tannenbaum
Wie treu sind deine Blätter!
O Tannenbaum, o Tannenbaum
Du kannst mir sehr gefallen!
Wie oft hat nicht zur Weihnachtszeit
Ein Baum von dir mich hoch erfreut!
O Tannenbaum, o Tannenbaum
Du kannst mir sehr gefallen!
O Tannenbaum, o Tannenbaum
Dein Kleid will mich was lehren
Die Hoffnung und Beständigkeit
Gibt Trost und Kraft zu jeder Zeit
O Tannenbaum, o Tannenbaum
Das soll dein Kleid mich lehren!
O Pinheirinho de Natal
(Versão brasileira)
Ó, pinheirinho de Natal
Que lindos são seus ramos.
Suas flores nascem no verão
E no inverno elas se vão.
Ó, pinheirinho de Natal
Que lindos são seus ramos.
Ó, pinheirinho de Natal
Que lindos são seus ramos.
A neve, ao sol, a resistir,
Assim a fé, a persistir.
Ó, pinheirinho de Natal
Que lindos são seus ramos.
Ó, pinheirinho de Natal
Que lindos são seus ramos.
Teus ramos vêm me ensinar
A ser constante e confiar.
Ó, pinheirinho de Natal
Que lindos são seus ramos.
- Ó VINDE, FIÉIS
Uma das mais antigas canções natalinas traz o texto original em latim, com o título de “Adeste Fideles. A tradução para o português recebe o título de “Ó vinde, fiéis”.
Não se sabe com precisão a data (e muito menos o autor) de sua criação, circulando, portanto, entre nós, como melodia da tradição popular. Ao que tudo indica, sua origem remonta o século XIII, época em que viveu São Francisco de Assis, e sua difusão maior ocorre via Portugal, de onde migrou para a Inglaterra, recebendo a denominação de “Hino português”. Esse título é atribuído porque costumava ser entoada na Capela da Embaixada Portuguesa, em território britânico, mesmo antes da legalização do culto católico na Inglaterra. O inglês John Wade a registrou, em manuscrito datado de 1751, numa coletânea intitulada de “Cantus Diversi.
O texto latino foi traduzido para mais de uma centena de idiomas, e continua até os dias atuais como um dos cânticos mais entoados, no mundo inteiro.
A linha melódica de “Adeste Fideles” apresenta compasso binário simples, sendo por isso propensa às marchas e procissões. Temos notícias de Adeste Fideles sendo entoada, em vários países da Europa, acompanhando o cortejo para a famosa “Missa do Galo” (a missa de meia-noite que celebra o início do dia em que nasceu de Jesus).
Talvez, por seu caráter solene e marcial, tenha se propagado com tamanha força, justificando sua difusão em, praticamente, todos os continentes. A tradução para o idioma português é de autoria do Rev. James Theodore Hounston (1847-1929), um missionário presbiteriano da Junta de Missões de Nova Iorque, que veio para o Brasil em 1874.
Seguem ambas as letras (versão em latim e em português):
Adeste Fideles (Versão latina)
Adeste fideles læti triumphantes
Venite, venite in Bethlehem
Natum videte Regem angelorum
Venite adoremus, venite adoremus
Venite adoremus Dominum.
En, grege relicto, humiles ad cunas
Vocati pastores adproperant
Et nos ovanti gradu festinemus
Venite adoremus, venite adoremus
Venite adoremus Dominum.
Æterni Parentis splendorem æternum
Velatum sub carne videbimus
Deum infantem pannis involutum
Venite adoremus, venite adoremus
Venite adoremus Dominum.
Pro nobis egenum et fœno cubantem
Piis foveamus amplexibus
Sic nos amantem quis non redamaret?
Venite adoremus, venite adoremus
Venite adoremus Dominum.
Ó Vinde, Fiéis (Versão em português)
Oh! Vinde, fiéis, triunfantes, alegres
Sim, vinde a Belém, já movidos de amor
Nasceu vosso Rei, o messias prometido
Alegres adoremos, alegres adoremos
Alegres adoremos a nosso Senhor!
Olhai, admirados, tão grande humildade!
Os anjos o louvam com todo fervor
Pois veio conosco habitar humanado
Alegres adoremos, alegres adoremos
Alegres adoremos a nosso Senhor!
Por nós, das alturas celestes baixando
A forma de servo assumiu por amor
E vida gloriosa nos dá para sempre
Alegres adoremos, alegres adoremos
Alegres adoremos a nosso Senhor!
Nos céus adorai-o, vós, anjos, em coro
E todos na terra lhe cantem louvor
A Deus honra e glória contentes rendamos
Alegres adoremos, alegres adoremos
Alegres adoremos a nosso Senhor
- BOAS FESTAS
O Brasil, que via Portugal muito incorporou da tradição europeia, além do repertório universal de canções natalinas, conta com algumas belas páginas de textos focados no natal. Os autores brasileiros, naturalmente, dispensam elementos como a neve (raríssima no nosso país tropical), mas a espera do bom velhinho que trará a felicidade embalada para ser usufruída o ano inteiro é imprescindível… essa expectativa que veste o verde-esperança do pinheiro natalino faz parte da magia do natal.
Desse repertório genuinamente brasileiro, merece destaque especial a canção “Boas Festas”, de Assis Valente. Considerado o Hino do Natal brasileiro, a canção foi composta quando o autor tinha apenas 24 anos, em dezembro de 1932. Na ocasião, sentia-se solitário em um quarto de pensão, longe dos seus, e motivado pela folhinha de calendário que estampava a imagem de uma criança colocando o sapatinho à espera do Papai Noel, a saudade fez o texto fluir com espantosa naturalidade, quase que de imediato…
A canção foi gravada um ano depois (1933) por Carlos Galhardo, em um compacto simples, sendo regravada pelo mesmo cantor em 1941, no formato 78 rotações, e dez anos depois (1951), regravada em “alta fidelidade” ou “hi-fi”, também por Carlos Galhardo. Daí em diante, são incontáveis as gravações, incluindo as de caráter puramente instrumental, tais como as de: Altamiro Carrilho e sua banda, Polly e seu conjunto, Luiz Bordon, Dionísio Bernal, Pedro Gamarra e seu conjunto, dentre outras… Teve destaque especial a gravação de 1970, do grupo “Novos Baianos”, reafirmando o sucesso. É, sem dúvida, a música natalina brasileira de maior projeção.
Boas Festas trata-se de uma marchinha, cuja melodia suave e graciosa veste o texto verbal de leveza… Embora discorra sobre a desventura de não ter o seu brinquedo, o uso metafórico do sentimento (tratado pelo poeta como um brinquedo) suscita uma forte carga emotiva, envolvente e repleta de nuances, tamanho o lirismo da obra. Segue a letra e a partitura dessa primorosa canção:
Boas Festas
Anoiteceu
O sino gemeu
E a gente ficou
Feliz a rezar.
Papai Noel
Vê se você tem
A felicidade
Pra você me dar.
Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel.
Bem assim felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel.
Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem.
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem.
- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O período natalino, desde sempre, evocou no ser humano uma espécie de “frisson” na alma… O natal suscita candura e olhar fraterno, de modo que o número de doações em orfanatos, abrigos e lares modestos aumenta em proporção incomum, se comparado ao restante do ano. O colorido das vitrines, praças, shoppings e ambientes ornamentados com as cores vibrantes do Natal parece ter o poder de enternecer o espírito humano.
Nessa época do ano, as agendas dos teatros e das salas de espetáculos são lotadas, assim como a bilheteria das inúmeras apresentações artísticas.
No terreno da música erudita, temos o famoso Oratório “O Messias”, de Handel, um tríptico em que se apresenta, na primeira parte, a anunciação profética e nascimento de Jesus; na segunda parte, vemos em destaque trechos da vida e morte de Cristo; e, na terceira parte, a Sua ascensão aos céus.
Ainda no campo da música erudita, o mundo inteiro escuta “Jesus bleibet meine freude” traduzido em português como “Jesus, alegria dos homens” (cuja tradução literal é “Jesus continua sendo minha alegria”) e constitui o trecho final da Cantata de Bach “Herz und Mund und Tat und Leben”. (numa tradução livre: Coração e Boca e Ações e Vida). Bach escreveu centenas de cantatas, mas, lamentavelmente, parte desse acervo foi perdido, chegando até nós o número exato de 209. Sua obra é um testemunho supremo de arte e de fé cristã, e retrata o percurso da história do cristianismo no mundo Ocidental.
Ocupa o palco dos teatros, nessa época do ano, um dos mais celebrados ballets, escrito no formato de Suíte, com base no conto de E. T. A. Hoffman: “O Quebra-Nozes é o Rei dos Ratos”. O compositor russo Tchaikovsky escreveu a suíte (intitulada Suíte Quebra-Nozes) a pedido do Diretor dos Teatros Imperiais da Rússia, cuja estreia aconteceu em dezembro de 1892, em São Petersburgo, a capital da Rússia Imperial.
Também o conto celebre de Charles Dickens — “Um conto de Natal” — com música do compositor norte-americano Carl Davis (1936-2023) vem ganhando projeção no mundo do ballet, apresentado em vários países (inclusive no Brasil), em comemoração às festividades natalinas.
Essa verdadeira explosão da arte no período de natal é plenamente justificada, uma vez que a arte sempre será movida pela emoção, e é, também, através dela que impactamos os seres humanos a serviço do bem maior: o amor fraterno, a exemplo do que Cristo nos ensinou.
- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
- ARRUDA, Biba; GRZICH, Mirna. Natal: tudo que você queria saber. São Paulo: Ed. Três, 1996.
- BARRETO, Ceição de Barros. Presente de Natal. Rio de Janeiro: Ed. Agir, 1950.
- BECKHÄUSER, Alberto. Símbolos de natal. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.
- CLARET, Martin. A essência do natal — a arte de viver. São Paulo: Ed. Martin Claret, 1998.
- CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4° ed. Rio de Janeiro – RJ: Lexikon, 2010.
- DCL. (Equipe). Dicionário Bíblico: um guia de estudos e entendimento do Livro dos livros. São Paulo – SP: DCL 2012.
- MACCARI, Natália. Símbolos do Natal. São Paulo: Paulinas, 2012.
Por ELVIRA DRUMMOND